MATÉRIA 01 -
TEOLOGIA SISTEMÁTICA
INTRODUÇÃO
O termo
teologia, segundo seus aspectos etimológicos, é composto de duas palavras
gregas: Theos (Deus) e logos (palavra, fala, expressão).
Tanto Cristo, a
Palavra Viva, como a Bíblia, a Palavra Escrita, são o Logos de Deus. Eles são
para Deus o que a expressão é para o pensamento e o que a fala é para a razão.
A teologia é,
portanto, uma Theo-logia, isto é, uma palavra, uma fala ou expressão sobre
Deus; uma doutrina sobre Deus. É o estudo sobre a revelação de Deus que é a
expressão dos Seus pensamentos e, logo, é, também, o estudo sobre Sua própria
Pessoa. Portanto teologia é o estudo sobre Deus, sua obra e sua revelação.
Embora não
encontremos nas Escrituras a palavra teologia, ela é bíblica em seu caráter. Em
Rm.3:2 encontramos ta logia tou Theou (os oráculos de Deus); em 1ªPe.4:11
encontramos logia Theou (oráculos de Deus), e em Lc.8:21 temos ton Logon tou
Theou (a Palavra de Deus).
TEOLOGIA
SISTEMÁTICA
Nenhuma
exposição sobre Deus seria completa se não contemplasse Suas obras e Seus
caminhos no universo que Ele criou, além de Sua Pessoa. Toda ciência provêm e
mantêm relação com o Criador de todas as coisas e com Seu propósito na criação.
E toda verdade é verdade de Deus, onde quer que ela seja encontrada. Deus se
revelou na criação e nas Escrituras, e a verdade achada pelas ciências naturais
e sociais, por cristãos ou profanos, não é verdade profana; é verdade sagrada
de Deus (Cl.2:3). Toda verdade, onde quer que seja encontrada, tem peso e valor
iguais como verdade, como qualquer outra verdade. Uma verdade pode ser mais
útil em dada circunstância, e uma outra em outra, mas ambas têm valor como
verdade.
Portanto é
perfeitamente lícito utilizar-se de outras fontes, enquanto verdade, para o
estudo da teologia. O estudo teológico que incorpora em seu escôpo o exame das
ciências naturais e sociais, é denominado teologia sistemática.
DIVERSAS
DEFINIÇÕES DE TEOLOGIA
A) Chafer: Uma
ciência que segue um esquema ou uma ordem humana de desenvolvimento doutrinário
e que tem o propósito de incorporar no seu sistema a verdade a respeito de Deus
e o Seu universo a partir de toda e qualquer fonte (Lewis Sperry Chafer).
B) Chafer:
Teologia sistemática pode ser definida como a coleção, cientificamente
arrumada, comparada, exibida e defendida de todos os fatos de toda e qualquer
fonte referentes a Deus e às Suas obras. Ela é temática porque segue uma forma
de tese humanamente idealizada, e apresenta e verifica a verdade como verdade
(Lewis Sperry Chafer).
C) Alexander: A
ciência de Deus... Um resumo da verdade religiosa cientificamente arranjada, ou
uma coleção filosófica de todo o conhecimento religioso (W. Lindsay Alexander).
D) Hodge: A
teologia sistemática tem por objetivo sistematizar os fatos da Bíblia, e
averiguar os princípios ou verdades gerais que tais fatos envolvem (Charles
Hodge).
E) Strong: A
ciência de Deus e dos relacionamentos de Deus com o universo (A. H. Strong).
F) Thomas: A
ciência é a expressão técnica das leis da natureza; a teologia é a expressão
técnica da revelação de Deus. Faz parte da teologia examinar todos os fatos
espirituais da revelação, calcular o seu valor e arranjá-los em um corpo de
ensinamentos. A doutrina, assim, corresponde às generalizações da ciência (W.
H. Griffith Thomas)
G) Shedd: Uma
ciência que se preocupa com o infinito e o finito, com Deus e o universo. O
material, portanto, que abrange é mais vasto do que qualquer outra ciência.
Também é a mais necessária de todas as ciências (W. G. T. Shedd).
H) Definições
Inadequadas: Para definir teologia foram empregados alguns termos enganadores e
injustificados. Já se declarou que ela é "a ciência da religião"; mas
o termo religião de maneira nenhuma é um sinônimo da Pessoa de Deus e de toda a
Sua obra. Da mesma forma já se disse que ela é "o tratamento científico
daquelas verdades que se encontram na Bíblia; mas esta ciência, embora extrai a
porção maior do seu material das Escrituras, extrai também o seu material de
toda e qualquer fonte. A teologia sitemática também tem sido definida como o
arranjo ordeiro da doutrina cristã; mas como o cristianismo.
OUTRAS TEOLOGIAS
A) Teologia
Natural: Estuda fatos que se referem a Deus e Seu universo que se encontra
revelado na natureza.
B) Teologia
Exegética: Estuda o Texto Sagrado e assuntos relacionados, através do estudo
das línguas originais, da arqueologia bíblica, da hermenêutica bíblica e da
teologia bíblica.
C) Teologia
Bíblica: Investiga a verdade de Deus e o Seu universo no seu desenvolvimento
divinamente ordenado e no seu ambiente histórico conforme apresentados nos
diversos livros da Bíblia. A teologia bíblica é a exposição do conteúdo
doutrinário e ético da Bíblia, conforme originalmente revelada. A teologia
bíblica extrai o seu material exclusivamente da Bíblia.
D) Teologia
Histórica: Considera o desenvolvimento histórico da doutrina, mas também
investiga as variações sectárias e heréticas da verdade. Ela abrange história
bíblica, história da igreja, história das missões, história da doutrina e
história dos credos e confissões.
E) Teologia
Dogmática: É a sistematização e defesa das doutrinas expressas nos símbolos da
igreja. Assim temos "Dogmática Cristã", por H. Martensen, com uma
exposição e defesa da doutrina luterana; "Teologia Dogmática", por
Wm. G. T. Shedd, como uma exposição da Confissão de Westminster e de outros
símbolos presbiterianos; e "Teologia Sistemática", por Louis Berkhof,
como uma exposição da teologia reformada.
F) Teologia
Prática: Trata da aplicação da verdade aos corações dos homens. Ela busca
aplicar à vida prática os ensinamentos das outras teologias, para edificação,
educação, e aprimoramento do serviço dos homens. Ela abrange os cursos de
homilética, administração da igreja, liturgia, educação cristã e missões.
MATÉRIA 02 -
TEOLOGIA: DOUTRINA DE DEUS
I. DEFINIÇÕES DE
DEUS:
A) Definição
Filosófica de Platão: Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é
a mente ou razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno,
imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo,
sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de
toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a
causa de todo o bem.
B) Definição
Cristã do Breve Catecismo: Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em
Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.
C) Definição
Combinada: Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas tem
sua origem, sustentação e fim (Jo.4:24; Ne.9:6; Ap.l:8; Is.48:12; Ap.1:17).
D) Definições
Bíblicas: As expressões "Deus é Espírito" (Jo.4:24) e "Deus é
Luz " (IJo.1:5), são expressões da natureza essencial de Deus, enquanto
que a expressão "Deus é amor" (IJo.4:7) é expressão de Sua
personalidade. (ITm.6:16)
II. ESSÊNCIA OU
NATUREZA DE DEUS:
Quando falamos
em essência de Deus, queremos significar tudo o que é essencial ao Seu Ser como
Deus, isto é, substância e atributos.
A) Substância de Deus:
1) Há duas
substâncias: matéria e espírito.
2) Deus é uma
substância simples: A substância de Deus é puro espírito, sem mistura com a
matéria (Jo.4:24).
B) Atributos de
Deus:
Sua substância é
Espírito e Seus atributos são as qualidades ou propriedades dessa substância.
Atributos é a manifestação do Ser de Deus.
III.
CLASSIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS:
A) Naturais e
Morais: Também chamados de "intransitivos e transitivos",
"incomunicáveis e comunicáveis", "absolutos e relativos",
"negativos e positivos" ou "imanentes e emanentes".
B) Atributos
Naturais:
1) Vida: Deus
tem vida; Ele ouve, vê, sente e age, portanto é um Ser vivo (Jo.10:10;
Sl.94:9,l0; IICr.16:9; At.14:15; ITs.1:9). Quando a Bíblia fala do olho, do
ouvido, da mão de Deus, etc., fala metaforicamente. A isto se dá o nome de
antropomorfismo. Deus é vida (Jo.5:26; 14:26) e o princípio de vida
(At.17:25,28).
2)
Espiritualidade: Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância
material, sem partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as
limitações temporais (Jo.4:24; Dt.4:15-19,23; Hb.12:9; Is.40:25; Lc.24:39;
Cl.1:15; ITm.1:17; IICo.3:17)
3)
Personalidade: Existência dotada de autoconsciência e autodeterminação
(Ex.3:14; Is.46:11).
a) Volição ou
vontade = querer (Is.46:10; Ap.4:11).
b) Razão ou
intelecto = pensar (Is.14:24; Sl.92:5; Is.55:8).
c) Emoção ou
sensibilidade = sentir (Gn.6:6, IRs.11:9, Dt.6:15; Pv.6:16; Tg.4:5)
4)
Tri-Unidade:
a) Unidade de
Ser: Há no Ser divino apenas uma essência indivisível. Deus é um em sua
natureza constitucional. A palavra hebraica que significa um no sentido
absoluto é yacheed (Gn.22:2), isto é, uma unidade numérica simples. Essa
palavra não é empregada para expressar a unidade da divindade. A unidade da
divindade é ensinada nas palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um. (Jo.10:30).
Jesus está falando da unidade da essência e não de unidade de propósito.
(Jo.17:11,21-23, IJo.5:7)
b) Trindade de
Personalidade: Há três Pessoas no Ser divino: o Pai, o Filho e o Espírito
Santo. A palavra hebraica que significa um no sentido de único é echad que se
refere a uma unidade composta. Esta palavra é empregada para expressar a
unidade da divindade. Esta palavra é usada em Dt.6:4; Gn.2:24 e Zc.14:9 (Veja
também Dt.4:35;32:39; ICr.29:1; Is.43:10;44:6;45:5; IRs.8:60; Mc.10:9;12:29;
ICo.8:5,6; ITm.2:5; Tg.2:19; Jo.17:3; Gl.3:20; Ef.4:6).
c) Elohim: Este
nome está no plural e não concorda com o verbo no singular quando designativo
de Deus (Gn.1:26;3:22; 11:6,7;20:13;48:15; Is.6:8)
d) Há distinção
de Pessoas na Divindade: Algumas passagens mostram uma das Pessoas divinas se
referindo à outra (Gn.19:24; Os.1:7; Zc.3:1,2; IITm.1:18; Sl.110:1; Hb.1:9).
5)
Auto-Existência: Jerônimo disse: Deus é a origem de Si mesmo e a causa de Sua
própria substância. Jerônimo estava errado, pois Deus não tem causa de
existência, pois não criou a Si mesmo e não foi causado por outra coisa ou por
Si mesmo; Ele nunca teve início. Ele é o Eterno EU SOU (Ex.3:14), portanto Deus
é absolutamente independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e
perpetuidade de Seu Ser. Deus é a razão de sua própria existência (Jo.5:26;
At.17:24-28; ITm.6:15,16).
6) Infinidade ou
Perfeição É o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em
seu Ser e em seus atributos (Jó.11:7-10; Mt.5:48). A infinidade de Deus se
contrasta com o mundo finito em sua relação tempo-espaço.
a) Eternidade: A
infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus é Eterno
(Sl.90:2; 102:12,24-27; Sl.93:2; Ap.1:8; Dt.33:27; Hb.1:12). A eternidade de
Deus não significa apenas duração prolongada, para frente e para traz, mas sim
que Deus transcende a todas as limitações temporais (IIPe.3:8) existentes em
sucessões de tempo. Deus preenche o tempo. Nossa vida se divide em passado,
presente e futuro. mas não há essa divisão na vida de Deus. Ele é o Eterno EU
SOU. Deus é elevado acima de todos os limites temporais e de toda a sucessão de
momentos, e tem a totalidade de sua existência num único presente indivisível
(Is.57:15).
b) Imensidão: A
infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidão ou imensidade.
Deus é imenso (Grande ou Majestoso; Jó.36:5,26; Jó.37:22,23; Jr.22:18;
Sl.145:3). Imensidão é a perfeição de Deus pela qual Ele transcende
(ultrapassa) todas as limitações espaciais e, contudo está presente em todos os
pontos do espaço com todo o seu Ser PESSOAL (não é panteísmo). A imensidão de
Deus é intensiva e não extensiva, isto é, não significa extensão ilimitada no
espaço, como no panteísmo. A imensidão de Deus é transcendente no espaço
(intramundano ou imanente = dentro do mundo - Sl.139:7-12; Jr.23:23,24) e fora
do espaço (supramundano = acima do mundo; extramundano = além do mundo;
emanente = fora do mundo - IRs.8:27; Is.57:15).
c) Onipresença:
É quase sinônimo de imensidão: A imensidade denota a transcendência no espaço
enquanto que a onipresença denota a imanência no espaço. Deus é imanente em
todas as Suas criaturas e em toda a criação. A imanência não deve ser
confundida com o panteísmo (tudo é Deus) ou com o deísmo que ensina que Deus
está presente no mundo apenas com seu poder (per portentiam) e não com a
essência e natureza de ser (per essentiam et naturam) e que age sobre o mundo à
distância. Deus ocupa o espaço repletivamente porque preenche todo o espaço e
não está ausente em nenhuma parte dele, mas tampouco está mais presente numa
parte que noutra (Sl.139:11,12). Deus ocupa o espaço variavelmente porque Ele
não habita na terra do mesmo modo que habita no céu, nem nos animais como
habita nos homens, nem nos ímpios como habita nos piedosos, nem na igreja como
habita em Cristo (Is.66:1; At.17:27,28; Compare Ef.1:23 com Cl.2:9).
7) Imutabilidade
É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus, em sua
natureza, em seus atributos e em seu conselho.
a) A
"base" para a imutabilidade de Deus: É Sua simplicidade, eternidade,
auto-existência e perfeição. Simplicidade porque sendo Deus uma substância
simples, indivisível, sem mistura, não está sujeito a variação (Tg.1:17).
Eternidade porque Deus não está sujeito às variações e circunstâncias do tempo,
por isso Ele não muda (Sl.102:26,27; Hb.1:12 e 13:8). Auto-existência porque
uma vez que Deus não é causado, mas existe em Si mesmo, então Ele tem que
existir da forma como existe, portanto sempre o mesmo (Ex.3:14). E perfeição
porque toda mudança tem que ser para melhor ou pior e sendo Deus absolutamente
perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais santo, mais justo, mais
misericordioso, e nem menos. Por isso Deus é imutável como a rocha (Dt.32:4).
b) Imutabilidade
não significa imobilidade: Nosso Deus é um Deus de ação (Is.43:13).
c) Imutabilidade
implica em não arrependimento: Alguns versículos falam de Deus como se Ele se
arrependesse (Ex.32:14, IISm.24:16, Jr.18:8; Jl.2:13). Trata-se de
antropomorfismo (Nm.23:19; Rm.11:29; ISm.15:29; Sl.110:4).
d) Imutabilidade
de Deus em Sua natureza: Deus é perfeito em sua natureza por isso não muda nem
para melhor nem para pior (Ml.3:6).
e) Imutabilidade
de Deus em Seus atributos: Deus é imutável em suas promessas (IRs.8:56;
IICo.1:20); em sua misericórdia (Sl.103:17; Is.54:10); em sua justiça
(Ez.8:18); em seu amor (Gn.18:25,26).
f) Imutabilidade
de Deus em Seu conselho: Deus planejou os fatos conforme a sua vontade e
decretou que este plano seja concretizado. Nada poderá se opor à sua vontade. O
próprio Deus jamais mudará de opinião, mas fará conforme seu plano
predeterminado (Is.46:9,10; Sl.33:11; Hb.6:17).
8) Onisciência
Atributo pelo qual Deus, de maneira inteiramente única, conhece-se a Si próprio
e a todas as coisas possíveis e reais num só ato eterno e simples. O
conhecimento de Deus tem suas características:
a) É arquétipo:
Deus conhece o universo como ele existe em Sua própria idéia anterior à sua
existência como realidade finita no tempo e no espaço; e este conhecimento não
é obtido de fora, como o nosso (Rm.11:33,34).
b) É inato e
imediato: Não resulta de observação ou de processo de raciocínio
(Jó.37:16)
c) É simultâneo:
Não é sucessivo, pois Deus conhece as coisas de uma vez em sua totalidade, e não
de forma fragmentada uma após outra (Is.40:28).
d) É completo:
Deus não conhece apenas parcialmente, mas plenamente consciente
(Sl.147:5).
e) Conhecimento
necessário: Conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas
possíveis, um conhecimento que repousa na consciência de sua onipotência. É
chamado necessário porque não é determinado por uma ação da vontade divina.
(Por exemplo: O conhecimento do mal é um conhecimento necessário porque não é
da vontade de Deus que o mal lhe seja conhecido (Hc.1:13) Deus não pode nem
quer ver o mal, mas o conhece, não por experiência, que envolve uma ação de Sua
vontade, mas sim por simples inteligência, por ser ato do intelecto divino
(veja IICo.5:21 onde o termo grego ginosko é usado).
f) Conhecimento
livre: É aquele que Deus tem de todas as coisas reais, isto é, das coisas que
existiram no passado, que existem no presente e existirão no futuro. É também
chamado visionis, isto é, conhecimento de vista.
g) Presciência:
Significa conhecimento prévio; conhecimento de antemão. Como Deus pode conhecer
previamente as ações livres dos homens? Deus decretou todas as coisas, e as
decretou com suas causas e condições na exata ordem em que ocorrem, portanto
sua presciência de coisas contingentes (ISm.23:12; IIRs.13:19; Jr.38:17-20;
Ez.3:6 e Mt.11:21) apoia-se em seu decreto. Deus não originou o mal mas o
conheceu nas ações livres do homem (conhecimento necessário), o decretou e
preconheceu os homens. Portanto a ordem é: conhecimento necessário, decreto,
presciência. A presciência de Deus é muito mais do que saber o que vai
acontecer no futuro, e seu uso no N.T. é empregado como na LXX que inclui Sua
escolha efetiva (Nm.16:5; Jz.9:6; Am.3:2). Veja Rm.8:29; IPe.1:2; Gl.4:9. Como
se processou o conhecimento necessário de Deus nas livres ações dos homens
antes mesmo que Ele as decretasse? A liberdade humana não é uma coisa
inteiramente indeterminada, solta no ar, que pende numa ou noutra direção, mas
é determinada por nossas próprias considerações intelectuais e caráter (lubentia
rationalis = autodeterminação racional). Liberdade não é arbitrariedade e em
toda ação racional há um por que, uma razão que decide a ação. Portanto o homem
verdadeiramente livre não é o homem incerto e imprevisível, mas o homem seguro.
A liberdade tem suas leis - leis espirituais - e a Mente Onisciente sabe quais
são (Jo.2:24,25). Em resumo, a presciência é um conhecimento livre (scientia
libera) e, logicamente procede do decreto, "...segundo o decreto sua
vontade" (Ef.1:11).
h) Sabedoria: A
sabedoria de Deus é a Sua inteligência como manifestada na adaptação de meios e
fins. Deus sempre busca os melhores fins e os melhores meios possíveis para a
consecução dos seus propósitos. H.B. Smith define a sabedoria de Deus como o
Seu atributo através do qual Ele produz os melhores resultados possíveis com os
melhores meios possíveis. Uma definição ainda melhor há de incluir a
glorificação de Deus: Sabedoria é a perfeição de Deus pela qual Ele aplica o
seu conhecimento à consecução dos seus fins de um modo que o glorifica o máximo
(Rm.ll:33-36; Ef.1:11,12; Cl.1:16). Encontramos a sabedoria de Deus na criação
(Sl.19:1-7; Sl.104), na redenção (ICo.2:7; Ef.3:10) . A sabedoria é
personificada na Pessoa do Senhor Jesus (Pv.8 e ICo.1:30; Jó.9:4; veja também
Jó 12:13,16).
9) Onipotência É
o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer qualquer
coisa que Ele queira.
A onipotência de
Deus não significa o exercício para fazer aquilo que é incoerente com a
natureza das coisas, como, por exemplo, fazer que um fato do passado não tenha
acontecido, ou traçar entre dois pontos uma linha mais curta do que uma reta.
Deus possui todo o poder que é coerente com Sua perfeição infinita, todo o
poder para fazer tudo aquilo que é digno dEle. O poder de Deus é distinguido de
duas maneiras:
- Potentia Dei
absoluta = absoluto poder de Deus e potentia Dei ordinata = poder ordenado de
Deus.
- Hodge e Shedd
definem o poder absoluto de Deus como a eficiência divina, exercida sem a
intervenção de causas secundárias, e o poder ordenado como a eficiência de
Deus, exercida pela ordenada operação de causas secundárias.
- Chanock define
o poder absoluto como aquele pelo qual Deus é capaz de fazer o que Ele não
fará, mas que tem possibilidade de ser feito, e o poder ordenado como o poder
pelo qual Deus faz o que decretou fazer, isto é, o que Ele ordenou ou marcou
para ser posto em exercício; os quais não são poderes distintos, mas um e o
mesmo poder.
O seu poder
ordenado é parte do seu poder absoluto, pois se Ele não tivesse poder para
fazer tudo que pudesse desejar, não teria poder para fazer tudo o que Ele
deseja. Podemos, portanto, definir o poder ordenado de Deus como a perfeição
pela qual Ele, mediante o simples exercício de Sua vontade, pode realizar tudo
quanto está presente em Sua vontade ou conselho. E' óbvio, porém, que Deus pode
realizar coisas que a Sua vontade não desejou realizar (Gn.18:14; Jr.32:27;
Zc.8:6; Mt.3:9; Mt.26:53). Entretanto há muitas coisas que Deus não pode
realizar. Ele não pode mentir, pecar, mudar ou negar-se a Si mesmo (Nm.23:19;
ISm.15:29; IITm.2:13; Hb.6:18; Tg.1:13,17; Hb.1:13; Tt.1:3), isto porque não há
poder absoluto em Deus, divorciado de Sua perfeições, e em virtude do qual Ele
pudesse fazer todo tipo de coisas contraditórias entre Si (Jó.11:7). Deus faz
somente aquilo que quer fazer (Sl.115:3; Sl.135:6).
a) El-Shaddai: A
onipotência de Deus se expressa no nome hebraico El-Shaddai traduzido por
Todo-Poderoso (Gn.17:1; Ex.6:3; Jó.37:23 etc).
b) Em todas as
coisas: A onipotência de Deus abrange todas as coisas (ICr.29:12), o domínio
sobre a natureza (Sl.107:25-29; Na.1:5,6; Sl.33:6-9; Is.40:26; Mt.8:27;
Jr.32:17; Rm.1:20), o domínio sobre a experiência humana (Sl.91:1; Dn.4:19-37;
Ex.7:1-5; Tg.4:12-15; Pv.21:1; Jó.9:12; Mt.19:26; Lc.1:37), o domínio sobre as
regiões celestiais (Dn.4:35; Hb.1:13,14; Jó.1:12; Jó 2:6).
c) Na criação,
na providência e na redenção: Deus manifestou o seu poder na criação (Rm.4:17;
Is.44:24), nas obras da providência (ICr.29:11,12) e na redenção (Rm.1:16;
ICo.1:24).
10) Soberania ou
Supremacia Atributo pelo qual Deus possui completa autoridade sobre todas as
coisas criadas, determinando-lhe o fim que desejar (Gn.14:19; Ne.9:6; Ex.18:11;
Dt.10:14,17; ICr.29:11; IICr.20:6; Jr.27:5; At.17:24-26; Jd.4; Sl.22:28;
47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5; 145:11-13; Ap.19:6).
a) Vontade ou
Autodeterminação: A perfeição de Deus pela qual Ele, num ato sumamente simples,
dirige-se à Si mesmo como o Sumo Bem (deleita-se em Si mesmo como tal) e às
Suas criaturas por amor do Seu nome (Is.48:9,11,14; Ez.20:9,14,22,44;
Ez.36:21-23).
A vontade de
Deus recebe variadas classificações, pois à ela são aplicadas diferentes
palavras hebraicas (chaphets, tsebhu, ratson) e gregas (boule, thelema).
- Vontade
Preceptiva: Na qual Deus estabeleceu preceitos morais para reger a vida de Suas
criaturas racionais. Esta vontade pode ser desobedecida com freqüência
(At.13:22; IJo.2:17; Dt.8:20).
- Vontade
Decretória: Pela qual Deus projeta ou decreta tudo o que virá a acontecer, quer
pretenda realizá-lo causativamente, quer permita que venha a ocorrer por meio
da livre ação de suas criaturas (At.2:23; Is.46:9-11). A vontade decretória é
sempre obedecida. A vontade decretória e a vontade preceptiva relacionam-se ao
propósito em realizar algo.
- Vontade de
Eudokia: Na qual Deus deleita-se com prazer em realizar um fato e com desejo de
ver alguma coisa feita. Esta vontade, embora não se relacione com o propósito
de fazer algo, mas sim com o prazer de fazer algo, contudo corresponde àquilo
que será realizado com certeza, tal como acontece com a vontade decretória
(Sl.115:3; Is.44:28; Is.55:11).
- Vontade de
Eurestia: Na qual Deus deleita-se com prazer ao vê-la cumprida por Suas
criaturas. Esta vontade abrange aquilo que a Deus apraz que Suas criaturas
façam, mas que pode ser desobedecido, tal como acontece com a vontade
preceptiva (Is.65:12).
- A vontade de
eudokia não se refere somente ao bem, e nela não está sempre presente o
elemento de deleite (Mt.11:26). A vontade de eudokia e a vontade de eurestia
relacionam-se ao prazer em realizar algo.
- Vontade de Beneplacitum:
Também chamada Vontade Secreta. Abrange todo o conselho secreto e oculto de
Deus. Quando esta vontade nos é revelada, ela torna-se na Vontade do Signum ou
Vontade Revelada. A distinção entre a vontade de beneplacitum e a vontade de
signum encontra-se em Deuteronomio.29:29.
- A vontade
secreta é mencionada em Sl.115:3; Dn.4:17,25,32,35; Rm.9:18,19; Rm.11:33,34;
Ef.1:5,9,11, enquanto que a vontade revelada é mencionada em Mt.7:21; Mt.12:50;
Jo.4:34; Jo.7:17; Rm.12:2). Esta vontade está mui perto de nós (Dt.30:14;
Rm.10:8). A vontade secreta de Deus pertence a todas as coisas que Ele quer
efetuar ou permitir, tal como acontece na vontade decretória, sendo portanto,
absolutamente fixa e irrevogável.
b) Liberdade: A
perfeição de Deus no exercício de Sua vontade. Deus age necessária e
livremente. Assim como há conhecimento necessário e conhecimento livre, há
também uma voluntas necessária = vontade necessária e uma voluntas libera =
vontade livre. Na vontade necessária Deus não está sob nenhuma compulsão, mas
age de acordo com a lei do Seu Ser, pois Ele necessariamente quer a Si próprio
e quer a Sua natureza santa.
Deus
necessariamente se ama a Si próprio e Suas perfeições. As Suas criaturas são
objetos de Sua vontade livre, pois Deus determina voluntariamente o que e quem
Ele criará; e os tempos, lugares e circunstâncias de suas vidas. Ele traça as
veredas de todas as Suas criaturas, determina o seu destino e as utiliza para
Seus propósitos (Jó.ll:10; Jó.23:13,14; Jó.33:13. Pv.16:4; Pv.21:1; Is.10:15; Is.29:16; Is.45:9;
Mt.20:15; Ap.4:11;Rm.9:15-22; ICo.12:11).
C) Atributos Morais:
1) Santidade: É
a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e mantém a
Sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em suas criaturas.
Ser Santo vem do hebraico qadash que significa cortar ou separar. Neste sentido
também o Novo testamento utiliza as palavras gregas hagiazo e hagios.
A santidade de
Deus possui dois diferentes aspectos, podendo ser positiva ou negativa
(Hb.1:9;Am.5:15; Rm.12:9).
a) Santidade
Positiva: Expressa excelência moral de Deus na qual Ele é absolutamente
perfeito, puro e íntegro em Sua natureza e Seu caráter (IJo.1:5; Is.57:15;
IPe.1:15,16; Hc.1:13). A santidade positiva é amor ao bem.
b) Santidade Negativa:
Significa que Deus é inteiramente separado de tudo quanto é mal e de tudo
quanto o aborrece (Lv.11:43-45; Dt.23:14; Jó.34:10; Pv.15:9,26; Is.59:1,2;
Lc.20:26; Hc. 1:13; Pv.6:16-19; Dt.25:16; Sl.5:4-6). A santidade negativa é
ódio ao mal.
Além de possuir
dois aspectos a santidade de Deus possui também duas maneiras diferentes de
manifestar-se:
c) Retidão:
Também chamada justiça absoluta, é a retidão da natureza divina, em virtude da
qual Ele é infinitamente Reto em Si mesmo (santidade legislativa). Sl.145:17;
Jr.12:1; Jo.17:25; Sl.116:5; Ed.9:15.
d) Justiça:
Também chamada justiça relativa, é a execução da retidão ou a expressão da
justiça absoluta (santidade judicial). Strong a chama de santidade transitiva.
A retidão é a fonte da Santidade de Deus, a justiça é a demonstração de Sua
santidade.
A justiça de
Deus pode ser retributiva e remunerativa. A justiça retributiva se divide em
punitiva e corretiva. A justiça punitiva é aquela pela qual Deus pune os
pecadores pela transgressão de Suas leis. Esta justiça de Deus exige a execução
das penalidades impostas por Suas leis (Sl.3:5;11:4-7 Dt.32:4; Dn.9:12,14;
Ex.9:23-27;34:7). A justiça corretiva é aquela pela qual Deus "pune"
Seus filhos para corrigi-los (Hb.12:6,7). Aqueles que não são Seus filhos, Deus
pune como um Juiz Severo (Rm.11:22; Hb.10:31), mas aos Seus filhos, Deus
"pune" (corrige) como um Pai Amoroso (Jr.10:24;30:11;46:28;
Sl.89:30-33; ICr.21:13) A justiça remunerativa é aquela pela qual Deus
recompensa, com Suas bênçãos, aos homens pela obediência de Suas leis (Hb.6:10;
IITm.4:8; ICo.4:5;3:11-15; Rm.2:6-10; IIJo.8)
e) Ira: Esta
deve ser considerada como um aspecto negativo da santidade de Deus, pois em Sua
ira Deus aborrece o pecado e odeia tudo quanto contraria Sua santidade
(Dt.32:39-41; Rm.11:22; Sl.95:11; Dt.1:34-37; Sl.95:11). Podemos, então, dizer
que a ira é a manifestação da santidade negativa de Deus (Rm.1:18; IITs.1:5-10;
Rm.5:9 etc). A ira é também designada de severidade (Rm.11:22).
2) Bondade: É
uma concepção genérica incluindo diversas variedades que se distinguem de
acordo com os seus objetos. Bondade é perfeição absoluta e felicidade perfeita
em Si mesmo (Mc.10:18; Lc.18:18,19; Sl.33:5; Sl.119:68; Sl.107:8; Na.1:7).
A bondade
implica na disposição de transmitir felicidade.
a) Benevolência:
É a bondade de Deus para com Suas criaturas em geral. E' a perfeição de Deus
que O leva a tratar benévola e generosamente todas as Suas criaturas
(Sl.145:9,15,16; Sl.36:6;104:21; Mt.5:45;6:26; Lc.6:35; At.14:17).
Thiessen define
benevolência como a afeição que Deus sente e manifesta para com Suas criaturas
sensíveis e racionais. Ela resulta do fato de que a criatura é obra Sua; Ele
não pode odiar qualquer coisa que tenha feito (Jó.14:15) mas apenas àquilo que
foi acrescentado à Sua obra, que é o pecado (Ec.7:29).
b) Beneficência:
Enquanto que a benevolência é a bondade de Deus considerada em sua intenção ou
disposição, a beneficência é a bondade em ação, quando seus atributos são
conferidos.
c) Complacência:
É a aprovação às boas ações ou disposições. É aquilo em Deus que aprova todas
as Suas próprias perfeições como também aquilo que se conforma com Ele
(Sl.35:27; Sl.51:6; Is.42:1; Mt.3:17; Hb.13:16).
d) Longanimidade
ou Paciência: O hebraico emprega a palavra erek'aph que significa grande de
rosto e daí também lento para a ira. O grego emprega makrothymia que significa
ira longe. Portanto longanimidade é o aspecto da bondade de Deus em virtude do
qual Ele tolera os pecadores, a despeito de sua prolongada desobediência.
A longanimidade
revela-se no adiamento do merecido julgamento (Ex.34:6; Sl.86:15; Rm.2:4;
Rm.9:22; IPe.3:20; IIPe.3:15)
e) Misericórdia:
Também expressa pelos sinônimos compaixão, compassividade, piedade,
benignidade, clemência e generosidade. No hebraico usa-se as palavras chesed e
racham e no grego eleos. É a bondade de Deus demonstrada para com os que se
acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos seus méritos (Dt.5:10;
Sl.57:10; Sl.86:5; ICr.16:34; IICr.7:6; Sl.116:5; Sl.136; Ed.3:11; Sl.145:9;
Ez.18:23,32; Ex.33:11; Lc.6:35; Sl.143:12; Jó 6:14).
A paciência
difere da misericórdia apenas na consideração formal do objeto, pois a
misericórdia considera a criatura como infeliz, a paciência considera a
criatura como criminosa; a misericórdia tem pena do ser humano em sua
infelicidade, a paciência tolera o pecado que gerou a infelicidade. A
infelicidade e sofrimento deriva-se de um justo desagrado divino, portanto
exercer misericórdia é o ato divino de livrar o pecador do sofrimento pelo qual
ele justamente e merecidamente deveria passar, como conseqüência do desagrado
divino.
f) Graça: É a
bondade de Deus exercida em prol da pessoa indigna. Portanto graça é o ato
divino de conceder ao pecador toda a bondade de Deus a qual ele não merece
receber (Ex.33:19).
Na misericórdia
Deus suspende o sofrimento merecido, na graça Deus concede bênçãos não
merecidas. Todo pecador merece ir para o inferno; assim Deus exerce Sua
misericórdia livrando o pecador da condenação. Nenhum pecador merece ir para o
paraíso; assim Deus exerce a Sua graça doando ao pecador o privilégio de ir
gratuitamente para o paraíso.
Essa diferença
entre misericórdia e graça é notada em relação aos anjos que não caíram. Deus
nunca exerceu misericórdia para com eles, posto que jamais tiveram necessidade
dela, pois não pecaram, nem ficaram debaixo dos efeitos da maldição. Todavia
eles são objetos da livre e soberana graça de Deus pela qual foram eleitos
(ITm.5:21) e preservados eternamente de pecado e colocados em posição de honra
(Dn.7:10; IPe.3:22).
g) Amor: A
perfeição da natureza divina pela qual Ele é continuamente impelido a se
comunicar. É, entretanto, não apenas um impulso emocional, mas uma afeição
racional e voluntária, sendo fundamentada na verdade e santidade e no exercício
da livre escolha. Este amor encontra seus objetos primários nas diversas
Pessoas da Trindade. Assim, o universo e o homem são desnecessários para o
exercício do amor de Deus. Amor é, portanto, a perfeição de Deus pela qual Ele
é movido eternamente à Sua própria comunicação. Ele ama a Si mesmo, Suas
virtudes, Sua obra e Seus dons.
3) Verdade: É a
consonância daquilo que é asseverado com o que pensa a Pessoa que fez a
asseveração. Neste sentido a verdade é um atributo exclusivamente divino, pois
com freqüência os homens erram nos testemunhos que prestam, simplesmente por
estarem equivocados a respeito dos fatos, ou então por pura incapacidade
fracassam em promessas que fizeram com honestas intenções. Mas a onisciência de
Deus impede que Ele chegue a cometer qualquer equívoco, e a Sua onipotência e
imutabilidade asseguram o cumprimento de Suas intenções (Dt.32:4; Sl.119:142;
Jo.8:26; Rm.3:4; Tt.1:2; Nm.23:19; Hb.6:18; Ap.3:7; Jo.17:3; IJo.5:20;
Jr.10:10; Jo.3:33; ITs.1:9; Ap.6:10; Sl.31:5; Jr.5:3; Is.25:1). Ao exercê-la
para com a criatura, a verdade de Deus é conhecida como sua veracidade e
fidelidade.
a) Veracidade:
Consiste nas declarações que Deus faz a respeito das coisas, conforme elas são,
e se relaciona com o que Ele revelou sobre Si mesmo. A veracidade fundamenta-se
na onisciência de Deus.
b) Fidelidade:
Consiste no exato cumprimento de Suas promessas ou ameaças. A fidelidade
fundamenta-se na Sua onipotência e imutabilidade (Dt.7:9; Sl.36:5; ICo.1:9;
Hb.10:23; Dt.4:24; IITm.2:13; Sl.89:8; Lm.3:23; Sl.119:138; Sl.119:75;
Sl.89:32,33; ITs.5:24; IPe.4:19; Hb.10:23).
MATÉRIA 03 -
CRISTOLOGIA: DOUTRINA DE CRISTO
Lemos em Jo.1:14 que o Verbo se fez carne. Não
devemos entender com isso que o Verbo foi transformado em carne ou misturado
com carne, e sim que escolheu para Si mesmo um templo formado pelo ventre de
uma virgem, no qual habitar; e que Aquele que era o Filho de Deus ficou sendo o
Filho do Homem, não pela confusão da substância mas sim pela unidade de pessoa.
A NATUREZA
HUMANA DE CRISTO
A) NATUREZA HUMANA
1) Feito de
Mulher (Gl.4:4; Mt.1:8).
2) Feito da
Semente (esperma) de Davi:
a) Sem
(Gn.9:27).
b) Abraão
(Gn.12:1-3).
c) Isaque
(Gn.26:2-5).
d) Jacó
(Gn.28:13-15).
e) Judá
(Gn.49:10).
f) Davi
(IISm.7:12-16).
B) Crescimento e
Desenvolvimento Naturais:
1) Vigor Físico
(Lc.2:52).
2) Faculdades
Mentais (Lc.2:40).
C) Aparência
Pessoal (Jo.4:9).
D) Natureza
Humana Completa:
1) Corpo
(Mt.26:12).
2) Alma
(Mt.26:38).
3) Espirito
(Lc.23:46).
E) Limitações
Humanas:
1) Limitações
Físicas:
a) Fadiga
(Jo.4:6; Is.40:28).
b) Sono
(Mt.8:24; Sl.121:4,5).
c) Fome
(Mt.21:18).
d) Sede
(Jo.19:28).
e) Sofrimento e
Dor (Lc.22:44).
f) Sujeição à
Morte (ICo.15:3).
2) Limitações
Intelectuais:
a) Precisava
Crescer em Conhecimento (Lc.2:52).
b) Precisava
Adquirir Conhecimento pela Observação (Mc.11:13).
c) Possuía
Conhecimento Limitado (Mc.13:32).
3) Limitações
Morais (Hb.2:18;4:15).
4) Limitações
Espirituais:
a) Dependia das
Oraçes (Mc.1:35).
b) Dependia do
Espirito Santo (At.10:38; Mt.12:28).
F) Nomes
Humanos:
1) Jesus
(Mt.1:21).
2) Filho do
Homem (Lc.19:10).
3) O Nazareno
(At.2:22).
4) O Profeta
(Mt.21:11).
5) O Carpinteiro
(Mc.6:3).
6) O Homem
(Jo.19:5; ITm.2:5).
G) Relação
Humana com Deus:
1) Como Mediador
e Sacerdote; Como representante da humanidade Jesus falava com Deus (Mc.15:34).
2) Kenosis: Auto
esvaziamento de Jesus Cristo, uma auto renúncia dos atributos divinos. Jesus
pôs de lado a forma de Deus, mas ao fazê-lo não se despiu de Sua natureza
divina; não houve auto extinção. Também o Ser divino não se tornou humano; Sua
personalidade continuou a mesma, e reteve a consciência de ser Deus (Jo.3:13).
O propósito da kenosis foi a redenção. Na kenosis Jesus deixou o uso independente
do Seu poder para depender do Espirito Santo.
A NATUREZA
DIVINA DE CRISTO
A) Nomes
Divinos:
1) Deus (Jo.1:1;
Jo.1:18(ARA); Jo.20:28; Rm.9:5; Tt.2:13; Hb.1:8).
2) Filho de Deus
(Mt.8:29;16:16;27:40; Mc.14:61,62; Jo.5:25;10:36;
3) Alfa e Ômega
(Ap.1:8,17;22:13; Is.44:6).
4) O Santo
(At.3:14; Is.41:14; Os.11:9).
5) Pai da
Eternidade e Maravilhoso (Is.9:6; Jz.13:18).
6) Deus Forte
(Is.9:6; Is.10:21).
7) Senhor da
Glória (ICo.2:8; Tg.1:21; Sl.24:8-10).
8) Senhor (At.9:17;16:31; Lc.2:11;
Rm.10:9; Fp.2:11). O termo "Senhor" em grego é Kúrios, e
significa Chefe superior, Mestre, e como tal era empregado à pessoas humanas,
aos imperadores de Roma. Entretanto eles eram considerados deuses, e somente à
eles era permitido aplicar este título, no sentido de divindade (At.2:36;
IICo.4:5; Ef.4:5; IIPe.2:1; Ap.19:16).
B) Pelo culto
divino que Lhe é atribuído:
1) Somente Deus
pode ser adorado (Mt.4:10).
2) Jesus aceitou
e não impediu Sua adoração (Mt.14:33; Lc.5:8;24:52).
3) O Pai deseja
que o Filho seja adorado (Hb.1:6; Jo.5:22,23; compare Is.45:21-23 com
Fp.2:10,11).
4) A Igreja
primitiva o adorou e orava Ele (At.7:59,60; IICo.12:8-10).
C) Pelos ofícios
divinos que Lhe foram atribuídos:
1) Criador
(Jo.1:3; Hb.1:8-10; Cl.1:16).
2) Preservador
(Cl.1:17).
3) Perdoador de
pecados (Mc.2:5,7,11; Lc.7:49).
4) Jesus é Jeová
Encarnado (Compare Is.40:3,4 com Jo.1:23; Is.8:13,14 com IPe.2:7,8 e At.4:11;
IPe.2:6 com Is.28:16 e Sl.118:22; Nm.21:6,7 com ICo.10:9(ARA = Senhor; ARC =
Cristo; no grego = Criston); Sl.102:22-27 com Hb.1:10-12; Is.60:19 com Lc.2:32;
Zc.3:1,2).
D) Pela
associação de Jesus, o Filho, com o nome de Deus Pai (IICo.13:14; ICo.12:4-6;
ITs.3:11; Rm.1:7; Tg.1:1; IIPe.1:1; Ap.7:10; Cl.2:2; Jo.17:3; Mt.28:19).
E) Atributos
divinos Lhe são atribuídos:
1) Atributos
Naturais:
a) Onisciência
(Jo.1:47-51;4:16-19,29;6:64;16:30;8:55; Jo.10:15;21:6,17; Mt.11:27;12:25;17:27;
Cl.2:3).
b) Onipresença
(Jo.3:13;14:23 Mt.18:20;28:20; Ef.1:23).
c) Onipotência
(Mt.8:26,27;28:28; Hb.1:3; Ap.1:8).
d) Eternidade
(Jo.8:58;17:5,24; Cl.1:17; Hb.1:8;13:8; Ap.1:8; Is.9:6; Mq.5:2).
e) Vida
(Jo.10:17,18;11:25;14:6).
f) Imutabilidade
(Hb.1:11;13:8; Sl.102:26,27).
g)
Auto-Existência (Jo.1:1,2).
h)
Espiritualidade (IICo.3:17,18).
2) Atributos
Morais:
a) Santidade
(At.3:14;4:27Jo.8:12; Lc.1:35; Hb.7:26; IJo.1:5; Ap.3:7;15:4; Dn.9:24).
b) Bondade
(Jo.10:11,14; IPe.2:3; IICo.10:1).
c) Verdade
(Mt.22:16; Jo.1:14;14:6; Ap.19:11;3:7; IJo.5:20).
F) Títulos dados
igualmente a Deus Pai e a Jesus Cristo:
1) Deus: Deus
Pai (Dt.4:39; IISm.7:22; IRs.8:60; IIRs.19:15; ICr.17:20; Sl.86:10;
Is.45:6;46:9; Mc.12:32), Jesus Cristo (Compare Is.40:3 com Jo.1:23 e 3:28;
Sl.45:6,7 com Hb.1:8,9; Jo.1:1; Rm.9:5; Tt.2:13; IJo.5:20).
2) Único Deus
Verdadeiro: Deus Pai (Jo.17:3), Jesus Cristo (IJo.5:20).
3) Deus Forte:
Deus Pai (Ne.9:32), Jesus Cristo (Is.9:6).
4) Deus
Salvador: Deus Pai (Is.45:15,21; Lc.1:47: Tt.3:4), Jesus Cristo (IIPe.1:1;
Tt.2:13; Jd.25).
5) Jeová: Deus
Pai (Ex.3:15), Jesus Cristo (Compare Is.40:3 com Mt.3:3 e Jo.1:23).
6) Jeová dos
Exércitos: (ICr.17:24; Sl.84:3; Is.51:15; Jr.32:18;46:18), Jesus Cristo
(Compare Sl.24:10 e Is.6:1-5 com Jo.12:41; Is.54:5).
7) Senhor: Deus
Pai (Mt.11:25;21:9;22:37; Mc.11:9;12:29; Rm.10:12; Ap.11:15), Jesus Cristo
(Lc.2:11; Jo.20:28; At.10:36; ICo.2:8;8:6;12:3,5; Fp.2:11; Ef.4:5).
8) Único Senhor:
Deus Pai (Mc.12:29; Dt.6:4), Jesus Cristo (ICo.8:6; Ef.4:5).
9) Jeová e
Salvador, Senhor e Salvador: Deus Pai (Is.43:11;60:16; Os.13:4), Jesus Cristo
(IIPe.1:11;2:20;3:18).
10) Salvador:
Deus Pai (Is.43:3,11;60:16; ITm.1:1;2:3; Tt.1:3;2:10;3:4; Jd.25), Jesus Cristo
(Lc.1:69;2:11; At.5:31; Ef.5:23; Fp.3:20; IITm.1:10; Tt.1:4;3:6).
11) Único
Salvador: Deus Pai (Is.43:11; Os.13:4), Jesus Cristo (At.4:12; ITm.2:5,6).
12) Salvador de
todos os homens e do mundo: Deus Pai (ITm.4:10), Jesus Cristo (IJo.4:14).
13) O Santo de
Israel: Deus Pai (Sl.71:22;89:18; Is.1:4; Is.45:11), Jesus Cristo
(Is.41:14;43:3;47:4;54:5).
14) Rei dos
reis, Senhor dos senhores: Deus Pai (Dt.10:17; ITm.6:15,16), Jesus Cristo
(Ap.17:14;19:16).
15) Eu Sou: Deus
Pai (Ex.3:14), Jesus Cristo (Jo.8:58).
16) O Primeiro e
O Último: Deus Pai (Is.41:4;44:6;48:12) Jesus Cristo
(Ap.1:11,17;2:8;22:13).
17) O Esposo de
Israel e da Igreja: Deus Pai (Is.54:5;62:5; Jr.3:14; Os.2:16), Jesus Cristo
(Jo.3:9; IICo.11:2;; Ap.19:7;21:9).
18) O Pastor:
Deus Pai (Sl.23:1), Jesus Cristo (Jo.10:11,14; Hb.13:20).
G) Obras
atribuídas igualmente a Deus e a Jesus Cristo:
1) Criou o mundo
e todas as coisas: Deus Pai (Ne.9:6; Sl.146:6; Is.44:24; Jr.27:5;
At.14:15;17:24), Jesus Cristo (Sl.33:6; Jo.1:3,10; ICo.8:6; Ef.3:9; Cl.1:16;
Hb.1:2,10).
2) Sustenta e
preserva todas as coisas: Deus Pai (Sl.104:5-9; Jr.5:22;31:35), Jesus Cristo
(Cl.1:17; Hb.1:3; Jd.1)
3) Ressuscitou
Cristo: Deus Pai (At.2:24; Ef.1:20), Jesus Cristo (Jo.2:19;10:18).
4) Ressuscitou
mortos: Deus Pai (Rm.4:17; ICo.6:14; IICo.1:9;4:14), Jesus Cristo
(Jo.5:21,28,29;6:39,40,44,54;11:25; Fp.3:20,21).
5) É o Autor da
regeneração: Deus Pai (IJo.5:18), Jesus Cristo (IJo.2:29).
A
UNIPERSONALIDADE DE JESUS CRISTO
Ficou provado
que Jesus Cristo possui duas naturezas, a divina e a humana. No entanto, embora
tenha duas naturezas, Ele não possui duas personalidades ou Pessoas, sendo uma
Pessoa divina e outra humana, mas uma só e apenas uma. Jesus Cristo é uma só
Pessoa em duas naturezas distintas, porém unidas.
MATÉRIA 04 -
PARACLETOLOGIA: DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO
1. DEFINIÇÃO DE
PARACLETOLOGIA
Paracletologia é
uma palavra formada por duas palavras gregas: paracletos (que significa.
Ajudador, Consolador, advogado) e Logia (que significa estudo, doutrina). A
Paracletologia estuda de uma forma sistemática tudo o que se refere ao Espírito
Santo (chamado por Jesus de Consolador). A Paracletologia também é conhecida
como Pnematologia.
A Paracletologia
divide-se, na Bíblia em dois períodos: o do Antigo e do Novo Testamento. No AT,
as atividades e as manifestações do Espírito Santo eram esporádicas,
específicas e em tempos distintos. No N.T., começa no dia de Pentecostes,
quando suas atividades se concretizam de maneira direta e contínua através da
Igreja. No AT, Ele se manifestava em circunstâncias especiais. No N.T., veio
para morar nos corações dos crentes e enche-los do seu poder.
2. A DEIDADE DO
ESPÍRITO SANTO
2.1 O ESPÍRITO
SANTO É DEUS:
Esta declaração
é comprovada na Bíblia e na experiência humana. Ele não é um deus entre os
outros. As escrituras relatam um episódio nos primeiros dias da igreja, em
Jerusalém, quando Ananias e Safira tentaram enganá-lo. Ele revelou ao apóstolo
Pedro que o casal mentia, conforme registra Atos 5.3: "Por que encheu
Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo? Não mentistes aos
homens, mas a Deus".
A deidade do Espírito
Santo está implícita na do Pai e do Filho. Ela é a mesma nas três pessoas. Não
se separa, mas pertence a mesma essência divina do único Deus.
2.2 ATRIBUTOS DO
ESPÍRITO SANTO
Há três
atributos pertencentes a deidade de cada uma das pessoas da Trindade que são:
Onipotência, Onisciência e Onipresença. Estes atributos não foram conferidos a
anjos nem aos homens.
a) Onipotência
Por onipotência
se entende que todo o poder que há no Universo físico ou espiritual, tem sua
origem em Deus.
O poder do Pai é
o mesmo existente no Filho e no Espírito Santo. Então em sua onipotência, o
Espírito Santo faz o que lhe apraz, realizando milagres e prodígios (Rm 15.19
por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo; de maneira que,
desde Jerusalém e circunvizinhanças até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho
de Cristo),
b) Onisciência
Onisciência vem
de duas palavras latinas: "OMINES" que significa TUDO e
"SCIENTIA" que quer dizer CIÊNCIA. O Espírito Santo, do mesmo modo
que o Pai e o Filho, tem total conhecimento de todas as coisas. Sua sabedoria é
infinita, singular e indescritível. Ele sabe tudo acerca de si mesmo e do que
criou Sl 139.2,11, 13 (SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me
assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos.
Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos.
Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda).
Conhece os homens profundamente 1 Rs 8.39 (ouve tu nos céus, lugar da tua
habitação, perdoa, age e dá a cada um segundo todos os seus caminhos, já que
lhe conheces o coração, porque tu, só tu, és conhecedor do coração de todos os
filhos dos homens;). Ninguém pode esconder dele coisa alguma. Nem um só
pensamento nosso passa despercebido do Espírito Santo Jr 16.17 (Porque os meus
olhos estão sobre todos os seus caminhos; ninguém se esconde diante de mim, nem
se encobre a sua iniqüidade aos meus olhos).
c) Onipresença
O Espírito Santo
penetra em todas as coisas e perscruta o nosso entendimento, pois ele está
presente em toda a parte. Ele não se divide em várias manifestações, porque sua
presença é total em cada lugar onde estiver:
Sl 139.7-10 (
Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo
aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás
também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda
lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá.
3. ESPÍRITO
SANTO É UMA PESSOA
3.1 A
PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO
Um dos atributos
da deidade é a personalidade que cada uma das três pessoas divinas possui. Às
vezes atribuímos à personalidade uma forma corpórea. Entretanto, Deus é
Espírito, sem necessidade de corpo material. Identifica-se como pessoa alguém
que manifeste qualidades, como o falar, o sentir e o fazer alguma coisa
racional.
3.2 PRONOMES
CONFERIDOS AO ESPÍRITO SANTO
Em João 16.8,13,
14 encontramos algumas vezes o pronome ele, aquele (no grego ekeinos) que
indicam a pessoa do Espírito Santo. Em João 14.16, encontra-se a expressão
"outro Consolador". Ela, mais uma vez, identifica a personalidade do
Espírito Santo. A palavra "outro", usada por Jesus, no grego
"ALLOS", significa "outro do mesmo tipo". O Filho de Deus
revelou-se como pessoa, mas falou de outra que Ele enviaria após sua subida
para o céu.
Consolador no
grego é "Paracleto" que significa:
1) chamado,
convocado a estar do lado de alguém, . convocado a ajudar alguém
1a) alguém que
pleiteia a causa de outro diante de um juiz, intercessor, conselheiro de
defesa, assistente legal, advogado
1b) pessoa que
pleiteia a causa de outro com alguém, intercessor
1b1) Cristo em
sua exaltação \a mão direita de Deus, súplica a Deus, o Pai, pelo perdão de
nossos pecados
1c) no sentido
mais amplo, ajudador, amparador, assistente, alguém que presta socorro
1c1) É Nome dado
Santo Espírito, destinado a tomar o lugar de Cristo com os apóstolos (depois de
sua ascensão ao Pai), a conduzi-los a um conhecimento mais profundo da verdade
evangélica, a dar-lhes a força divina necessária para capacitá-los a sofrer
tentações e perseguições como representantes do reino divino
3.3 ATRIBUTOS
PESSOAIS DO ESPÍRITO SANTO
Através da
Bíblia, o Espírito Santo é revelado como Pessoa, com sua própria
individualidade. Ele é uma Pessoa divina como o Pai e o Filho. O Espírito Santo
não é mera influência ou poder. Ele tem atributos pessoais, a saber:
a) O Espírito
Santo Pensa (Rm 8.27) E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção
do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.
b) O Espírito
Santo tem Vontade Própria (1Co 12.11) Mas um só e o mesmo Espírito realiza
todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um,
individualmente.
c) O Espírito
Santo Sente Tristeza (Ef 4.30) E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual
fostes selados para o dia da redenção.
d) O Espírito
Santo Intercede (Rm 8.23) Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em
nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito
intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis.
e) O Espírito
Santo Ensina (Jo 14.26), mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai
enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de
tudo o que vos tenho dito.
f) Espírito
Santo Fala (Ap 2.7) Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao
vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no
paraíso de Deus.
g) Espírito
Santo Comanda (At 16.6,7) E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido
impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia,
tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.
Espirito Santo é
suscetível de trato pessoal:
a) Alguém pode
mentir para o Espírito Santo (At 5.3) Então, disse Pedro: Ananias, por que
encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando
parte do valor do campo?
b) Pode-se
Blasfemar contra o Espírito Santo (Mt 12.31) Por isso, vos declaro: todo pecado
e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não
será perdoada.
4. OS NOMES DO
ESPÍRITO SANTO
Os nomes do
Espírito Santo nos revelam muita coisa a respeito de quem ele é. Embora o nome
Espírito Santo não ocorra no Antigo Testamento, vários títulos equivalentes são
usados. Os principais nomes do Espírito Santo são:
a) Espírito de
Deus de Yahweh (hb. Ruach YHWH), ou, conforme consta nas Bíblias em português,
"o Espírito do Senhor". Yahweh significa aquele que faz existir. O
título Senhor dos Exércitos é melhor traduzido como "aquele que cria as
hostes", tanto as hostes celestiais (as estrelas, os anjos) quanto as
hostes do povo de Deus. O Espírito de Yahweh estava ativo na criação, conforme
revela Gênesis 1.2, com referência ao "Espírito de Deus" (hb. ruach
'elohîm).
b) O Espírito de
Cristo. Com esse título é acentuada a união do Espírito Santo com Cristo. Como
tal ele é a vida Rm 8.9 (Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se,
de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de
Cristo, esse tal não é dele), traz frutos de Cristo (Fl. 1.11). Revela os
mistérios de Cristo (Jo 14.16) e toma o lugar dos arrebatados na terra (Jo
14.16-18). Toda e qualquer operação do Espírito Santo enfim, é para
glorificação de Jesus Cristo.
c) Espírito da
Vida. O Espírito da vida Deus dá a cada crente ao nascer de novo, vida nova e
eterna. Ele substitui a lei reinante do pecado e da morte com a lei da vida (Rm
8.2 ( Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do
pecado e da morte). O que estava morto em ofensas e pecados (Ef 2.1; 2 Co
5.17), Ele vivifica no novo nascimento.
d) Espírito da
Adoção de Filhos Rm 8.15 (Porque não recebestes o espírito de escravidão, para
viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção,
baseados no qual clamamos: Aba, Pai.). O conceito bíblico de filiação perdeu-se
totalmente nos nossos dias, por causa da idéia de "adoção". Isto não
quer dizer que um estranho será acolhido como criança numa família e usa a
seguir o nome da família. É antes uma transferência legal de uma criança na
condição de um filho adulto ou uma filha que alcançou a maioridade. O termo
melhor hoje seria a parceria. Nós fomos acolhidos na família divina, enchidos
pelo Seu Espírito e dotados com nova e eterna vida.
e) Espírito da
Graça. Hb 10.29 (De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor
aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento,
com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?). A Bíblia
qualifica como pecadores obstinados estes, que pisam com os pés o Espírito da
Graça. Pelo Espírito da graça é oferecida livremente a todos os homens a dádiva
da graça divina. Por isso qualquer acréscimo humano, justiça por obras e
melhoramentos adâmicos são abominação para o Espírito Santo.
f) Espírito da
Glória 1 Pe 4.14 (14 Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados
sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus.). Glória nesse
caso tem a ver com adoração, honra, estima, elogio e dedicação que são
despertados no crente pelo Espírito Santo. Somente podemos adorar e chegar a
glória de Deus, conforme o Espírito Santo nos capacita para isto. Os demais é
adoração imitada, não é revelação do Espírito da Glória. Quando Ele se
manifesta numa reunião, percebe-se sem chamara a atenção.
5. OS SÍMBOLOS
DO ESPÍRITO SANTO
Os símbolos
oferecem quadros concretos de coisas abstratas. Os símbolos do Espírito Santo
também são arquétipos. Em literatura arquétipo é uma personagem, tema ou
símbolo comum a várias épocas e culturas. Em todos os lugares, o vento
representa forças poderosas, porém invisíveis; a água límpida que flui
representa o poder e o refrigério sustentador da vida a todos que têm sede,
física e espiritual; o fogo representa uma força purificadora (como a
purificação de minérios) ou destruidora (freqüentemente citada no juízo. Tais
símbolos representam qualidades intangíveis porém genuínas.
a) Vento. A
palavra hebraica ruach pode significar "sopro", "espírito"
"ou vento". É empregada paralela com nephesh. O significado básico de
nephesh é "ser vivente", ou seja, tudo que têm fôlego. A partir daí
seu alcance semântico desenvolveu-se a tal ponto de referir-se a quase todos os
aspectos emocionais e espirituais do ser humano vivente. A palavra grega pneuma
tem um alcance semântico quase idêntico ao de ruach. O vento, como símbolo,
fala da natureza invisível do Espírito Santo, conforme revela João 3.8 (O vento
sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai;
assim é todo o que é nascido do Espírito). Podemos ver e sentir os efeitos do
vento, mas ele próprio não é visto.
b) Água. A água,
assim como o fôlego, é necessária ao sustento da vida. O fôlego e a água, tão
vitais nas necessidades físicas humanas, são igualmente vitais no âmbito do
espírito. Sem o fôlego vivificante e as águas vivas do Espírito Santo, nossa
vida espiritual não demoraria murchar e ficar sufocada. O Espírito Santo flui
da palavra como águas vivas Jo 7.38, 39 (Quem crer em mim, como diz a
Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com
respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito
até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda
glorificado) que sustentam e refrigeram o crente.
c) Fogo. O
aspecto purificador do fogo é refletido claramente em Atos 2. No dia de
Pentecostes são "línguas de fogo" que marcam a vinda do Espírito (At
2.3). Esse símbolo é empregado uma só vez para retratar o batismo no Espírito
Santo. O aspecto mais amplo do fogo como elemento purificador encontra-se no
pronunciamento de João Batista: "Ele vos batizará com o Espírito Santo e
com fogo..." (Mt 3.11,12; Lc 3.16,17). As palavras de João Batista
referiam-se mais diretamente a separação entre o povo de Deus e os que têm
rejeitado o Messias. Por outro lado, o fogo ardente e purificador do Espírito
da Santidade também operam no crente (1 Ts 5.19).
d) Óleo. Zc
4.2-6 (e me perguntou: Que vês? Respondi: olho, e eis um candelabro todo de
ouro e um vaso de azeite em cima com as suas sete lâmpadas e sete tubos, um
para cada uma das lâmpadas que estão em cima do candelabro. Junto a este, duas
oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e a outra à sua esquerda. Então,
perguntei ao anjo que falava comigo: meu senhor, que é isto? Respondeu-me o
anjo que falava comigo: Não sabes tu que é isto? Respondi: não, meu senhor. Prosseguiu
ele e me disse: Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel: Não por força nem por
poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos.). Desde os primórdios
o azeite é usado primeiramente para ungir os sacerdotes de Yahweh, e depois, os
reis e os profetas. O azeite é o símbolo da consagração divina do crente para o
serviço no Reino de Deus.
e) Pomba. Mt
3.16,17 (Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e
viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos
céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo). O Espírito
Santo desceu sobre Jesus na forma de uma pomba. A pomba é o arquétipo de
mansidão e de paz. Ele é manso nas tempestades da nossa vida produzindo paz.
f) Selo. Ef 1.13
(em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da
vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da
promessa) Nos dias bíblicos usava-se um selo de cera como sinal de promessa e
acordo. Atualmente a nossa assinatura na compra e venda pode ser comparada a
isto. Na ocasião do novo nascimento o Espírito Santo põe sobre nós o seu selo
de direito de propriedade. Isto é, ao mesmo tempo, uma promessa, que o selado
tem parte na consumada obra da salvação. O Espírito Santo garante assim a
partir desse momento, o seu apoio e ajuda.
6. A OBRA DO
ESPÍRITO SANTO.
a) O Espírito
Santo é o agente da salvação.
Nisto Ele
convence-nos do pecado (Jo 16.7,8 Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu
vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu
for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da
justiça e do juízo) revela-nos a verdade a respeito de Jesus (Jo 14.26 ),
realiza o novo nascimento (Jo 3.3-6), e faz-nos membros do corpo de Cristo (1Co
12.13). Na conversão, nós, crendo em Cristo, recebemos o Espírito Santo (Jo
3.3-6; 20.22) e nos tornamos co-participantes da natureza divina (2Pe 1.4);
b) O Espírito
Santo é o agente da nossa santificação
Na conversão, o
Espírito passa a habitar no crente, que começa a viver sob sua influência
santificadora (Rm 8.9; 1Co 6.19). Note algumas das coisas que o Espírito Santo
faz, ao habitar em nós. Ele nos santifica, i.e., purifica, dirige e leva-nos a
uma vida santa, libertando-nos da escravidão ao pecado. Ele testifica que somos
filhos de Deus (Rm 8.16), ajuda-nos na adoração a Deus e na nossa vida de
oração, e intercede por nós quando clamamos a Deus (Rm 8.26,27). Ele produz em
nós as qualidades do caráter de Cristo, que O glorificam (Gl 5.22,23).
c) O Espírito
Santo é o agente divino para o serviço do Senhor,
Revestindo os
crentes de poder para realizar a obra do Senhor e dar testemunho dEle. Esta
obra do Espírito Santo relaciona-se com o batismo ou com a plenitude do
Espírito. Quando somos batizados no Espírito, recebemos poder para testemunhar
de Cristo e trabalhar de modo eficaz na igreja e diante do mundo (At 1.8).
Recebemos a mesma unção divina que desceu sobre Cristo (Jo 1.32,33) e sobre os
discípulos (At 2.4), e que nos capacita a proclamar a Palavra de Deus (At 1.8;
4.31) e a operar milagres (At 2.43; 3.2-8; 5.15; 6.8; 10.38). Para realizar o
trabalho do Senhor, o Espírito Santo outorga dons espirituais aos fiéis da
igreja para edificação e fortalecimento do corpo de Cristo (1Co 12—14). Estes
dons são uma manifestação do Espírito através dos santos, visando ao bem de
todos (1Co 12.7-11).
7. O BATISMO NO
ESPÍRITO SANTO
a) Ser Cheio do
Espírito
Todo o cristão
recebe o Espírito Santo no momento da conversão e pode ser cheio dele sem ser
batizado no Espírito Santo
O Espírito Santo
nos convence do Pecado Jo 16.8 (E, quando ele vier, convencerá o mundo do
pecado, e da justiça, e do juízo).
O Espírito Santo
habita em nós 1 Co 6.19 (Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito
Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?)
Nós fomos
selados com o Espírito Santo Ef 1.13,14 (em quem também vós, depois que
ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também
crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da
nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória); 2 Co
1.21,22 (Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus, que
também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração); Ef 4.30 (E
não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da
redenção)
Devemos buscar
ser cheios Ef 5.18 (E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas
enchei-vos do Espírito)
Exemplo de
pessoas que foram cheias do Espírito Santo e não eram batizadas:
Isabel Lc 1.41
(E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no
seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo)
Zacarias Lc 1.67
(E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo e profetizou, dizendo:)
Simeão Lc 2.25
(Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que
esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.)
João Batista Lc
1.15 (porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida
forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe.)
b) Ser batizado
no Espírito Santo
At 1.5
"Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o
Espírito Santo, não muito depois destes dias."
A respeito do
batismo no Espírito Santo, a Palavra de Deus ensina o seguinte:
Jesus ordenou
aos discípulos que não começarem a testemunhar até que fossem batizados no
Espírito Santo e revestidos do poder do alto Lc 24.49 (E eis que sobre vós
envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do
alto sejais revestidos de poder.) At 1.4,5,8 (E, estando com eles,
determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a
promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João
batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito
depois destes dias. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir
sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria e até aos confins da terra.
O batismo no
Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele
efetuada. No mesmo dia em que Jesus ressuscitou, Ele assoprou sobre seus
discípulos e disse: "Recebei o Espírito Santo" (Jo 20.22), indicando
que a regeneração e a nova vida estavam-lhes sendo concedidas. Depois, Ele lhes
disse que também deviam ser "revestidos de poder" pelo Espírito Santo
(Lc 24.49; cf. At 1.5,8).
O batismo no
Espírito Santo outorgará ao crente ousadia e poder celestial para este realizar
grandes obras em nome de Cristo e ter eficácia no seu testemunho e pregação At
1.8 (Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e
ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até
aos confins da terra. At 4.31; 33 (Tendo eles orado, tremeu o lugar onde
estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez,
anunciavam a palavra de Deus. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho
da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça).
O livro de Atos
descreve o falar noutras línguas como o sinal inicial do batismo no Espírito
Santo. No dia de Pentecostes At 2.4 (Todos ficaram cheios do Espírito Santo e
passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que
falassem. Na casa de Cornélio At 10.44-46 (E, dizendo Pedro ainda estas
palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis
que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se
de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os
ouviam falar em línguas e magnificar a Deus. Os cristãos de Éfeso At 19.6 (E,
impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam
em línguas como profetizavam).
Esse poder não
se trata de uma força impessoal, mas de uma manifestação do Espírito Santo, na
qual a presença, a glória e a operação de Jesus estão presentes com seu povo
(Jo 14.16-18; 16.14; 1Co 12.7).
8. OS DONS
ESPIRITUAIS
Uma das maneiras
do Espírito Santo manifestar-se é através de uma variedade de dons espirituais
concedidos aos crentes (12.7-11). Essas manifestações do Espírito visam à
edificação e à santificação da igreja (12.7; ver 14.26 nota). Esses dons e
ministérios não são os mesmos de Rm 12.6-8 e Ef 4.11, mediante os quais o
crente recebe poder e capacidade para servir na igreja de modo mais permanente.
A lista em 12.8-10 não é completa. Os dons aí tratados podem operar em
conjunto, de diferentes maneiras.
As manifestações
do Espírito dão-se de acordo com a vontade do Espírito (12.11), ao surgir a
necessidade, e também conforme o anelo do crente na busca dos dons (12.31;
14.1)
Certos dons
podem operar num crente de modo regular, e um crente pode receber mais de um
dom para atendimento de necessidades específicas. O crente deve desejar
"dons", e não apenas um dom (12.31; 14.1).
É antibíblico e
insensato se pensar que quem tem um dom de operação exteriorizada (mais
visível) é mais espiritual do que quem tem dons de operação mais interiorizada,
i.e., menos visível. Também, quando uma pessoa possui um dom espiritual, isso
não significa que Deus aprova tudo quanto ela faz ou ensina. Não se deve
confundir dons do Espírito, com o fruto do Espírito, o qual se relaciona mais
diretamente com o caráter e a santificação do crente (Gl 5.22,23).
Satanás pode
imitar a manifestação dos dons do Espírito, ou falsos crentes disfarçados como
servos de Cristo podem fazer o mesmo (Mt 7.21-23; 24.11, 24; 2Co 11.13-15; 2Ts 2.8-10).
O crente não deve dar crédito a qualquer manifestação espiritual, mas deve
"provar se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se
têm levantado no mundo" (1Jo 4.1; cf. 1Ts 5.20,21; ver o estudo
8.1 RELAÇÃO DOS
DONS ESPIRITUAIS
Porque a um,
pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a
palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo
Espírito, os dons de curar; e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a
profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de
línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
Em 1Co 12.8-10,
o apóstolo Paulo apresenta uma diversidade de dons que o Espírito Santo concede
aos crentes. Nesta passagem, ele não descreve as características desses dons,
mas noutros trechos das Escrituras temos ensino sobre os mesmos.
8.1.1 DONS DE
REVELAÇÃO
a) Dom da
Palavra da Sabedoria (12.8)
Trata-se de uma
mensagem vocal sábia, enunciada mediante a operação sobrenatural do Espírito
Santo. Tal mensagem aplica a revelação da Palavra de Deus ou a sabedoria do
Espírito Santo a uma situação ou problema específico
Ex.: At 6.10 Não
podiam resistir a sabedoria com que Estevão falava;
Não se trata
aqui da sabedoria comum de Deus, para o viver diário, que se obtém pelo
diligente estudo e meditação nas coisas de Deus e na sua Palavra, e pela oração
(Tg 1.5,6).
b) Dom da
Palavra do Conhecimento (12.8)
Trata-se de uma
mensagem vocal, inspirada pelo Espírito Santo, revelando conhecimento a
respeito de pessoas, de circunstâncias, ou de verdades bíblicas.
Freqüentemente, este dom tem estreito relacionamento com o de profecia.
Ex.: (At 5.1-10)
Pedro obteve o conhecimento do que Ananias e Safira haviam feito
c) Dom de
Discernimento de Espíritos (12.10)
Trata-se de uma
dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom discernir e julgar
corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo
ou não (1Jo 4.1 Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os
espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo
mundo fora.).
8.1.2 DONS DE
PODER
a) Dom da Fé
(12.9)
Não se trata da
fé para salvação, mas de uma fé sobrenatural especial, comunicada pelo Espírito
Santo, capacitando o crente a crer em Deus para a realização de coisas
extraordinárias e milagrosas. É a fé que remove montanhas (Mc 11.22-24) e que
freqüentemente opera em conjunto com outras manifestações do Espírito, tais
como as curas e os milagres.
b) Dons de Curas
(12.9)
Esses dons são
concedidos à igreja para a restauração da saúde física, por meios divinos e
sobrenaturais.
Ex.: At 3.6-8 A
cura de um coxo na porta do templo.
O plural ("dons")
indica curas de diferentes enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um
dom especial de Deus. Os dons de curas não são concedidos a todos os membros do
corpo de Cristo (cf. 12.11,30 "11 Mas um só e o mesmo Espírito opera todas
essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer"; 30"Têm
todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?"),
todavia, todos eles podem orar pelos enfermos. Havendo fé, os enfermos serão
curados.
Pode também
haver cura em obediência ao ensino bíblico de Tg 5.14-16 (ver Tg 5.15 notas).
c) Dom de
Operação de Milagres (12.10)
Trata-se de atos
sobrenaturais de poder, que intervêm nas leis da natureza. Incluem atos divinos
em que se manifesta o reino de Deus contra Satanás e os espíritos malignos
Ex.: Mt 8.26,27
E ele disse-lhes: Por que temeis, homens de pequena fé? Então, levantando-se,
repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança. E aqueles homens
se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
8.1.3 DONS DE
INSPIRAÇÃO
a) Dom de
Profecia (12.10)
É preciso
distinguir a profecia aqui mencionada, como manifestação momentânea do Espírito
da profecia como dom ministerial na igreja, mencionado em Ef 4.11. Como dom de
ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais servem na
igreja como ministros profetas. Como manifestação do Espírito, a profecia está
potencialmente disponível a todo cristão cheio dEle (At 2.16-18). Quanto à
profecia, como manifestação do Espírito, observe o seguinte:
Trata-se de um
dom que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelação diretamente de
Deus, sob o impulso do Espírito Santo (14.24,25, 29-31)
Tanto no AT,
como no N.T., profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a
vontade de Deus e exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à
paciência. A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma
pessoa (1 Co 14.25 tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim,
prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está,
de fato, no meio de vós), ou prover edificação, exortação, consolo, advertência
e julgamento (1 Co 14.3 Mas o que profetiza fala aos homens, edificando,
exortando e consolando
A igreja não
deve ter como infalível toda profecia deste tipo, porque muitos falsos profetas
estarão na igreja (1Jo 4.1). Daí, toda profecia deve ser julgada quanto à sua
autenticidade e conteúdo (1Ts 5.20,21 Não desprezeis as profecias; julgai todas
as coisas, retende o que é bom). Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus
(1Jo 4.1), contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida
por alguém que de fato vive submisso e obediente a Cristo (12.3).
O dom de
profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus e não a do homem. Não há no
N.T. um só texto mostrando que a igreja de então buscava revelação ou
orientação através dos profetas. A mensagem profética ocorria na igreja somente
quando Deus tomava o profeta para isso.
b) Dom de
Variedades de Línguas (12.10)
No tocante às
"línguas" (gr. glossa, que significa língua) como manifestação
sobrenatural do Espírito, notemos os seguintes fatos:
Essas línguas
podem ser humanas como as que os discípulos falaram no dia de Pentecostes (At
2.4-6), ou uma língua desconhecida na terra, entendida somente por Deus (1 Co
14.2 Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que
ninguém o entende, e em espírito fala mistérios).
A língua falada
através deste dom não é aprendida, e quase sempre não é entendida, tanto por quem
fala como pelos ouvintes (1 Co 14.14,16 Porque, se eu orar em outra língua, o
meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera. 16 E, se tu
bendisseres apenas em espírito, como dirá o indouto o amém depois da tua ação
de graças? Visto que não entende o que dizes;)
O falar noutras
línguas como dom abrange o espírito do homem e o Espírito de Deus, que entrando
em mútua comunhão, faculta ao crente a comunicação direta com Deus (i.e., na
oração, no louvor, no bendizer, na ação de graças e na oração),
Línguas
estranhas faladas no culto devem ser seguidas de sua interpretação, também pelo
Espírito, para que a congregação conheça o conteúdo e o significado da mensagem
(1 Co 14., 27,28. No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais
do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem
interprete. Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando
consigo mesmo e com Deus.) Deve haver ordem quanto ao falar em línguas em voz
alta durante o culto. Quem fala em línguas pelo Espírito, nunca fica em
"êxtase" ou "fora de controle".
c) Dom de
Interpretação de Línguas (12.10)
Trata-se da
capacidade concedida pelo Espírito Santo, para o portador deste dom compreender
e transmitir o significado de uma mensagem dada em línguas. Tal mensagem
interpretada para a igreja reunida, pode conter ensino sobre a adoração e a
oração, ou pode ser uma profecia. Toda a congregação pode assim desfrutar dessa
revelação vinda do Espírito Santo. A interpretação de uma mensagem em línguas
pode ser um meio de edificação da congregação inteira, pois toda ela recebe a
mensagem. A interpretação pode vir através de quem deu a mensagem em línguas,
ou de outra pessoa. Quem fala em línguas deve orar para que possa
interpretá-las (1 Co 14.13 Pelo que, o que fala em outra língua deve orar para
que a possa interpretar)
9. O FRUTO DO
ESPÍRITO
Em contraste com
as obras da carne, temos o modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama
"o fruto do Espírito". Esta maneira de viver se realiza no crente à
medida que ele permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal
maneira que ele (o crente) subjugue o poder do pecado, especialmente as obras
da carne, e ande em comunhão com Deus (ver Rm 8.5-14 nota; 8.14 nota; cf. 2Co
6.6; Ef 4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15; 2Pe 1.4-9). O fruto do Espírito inclui:
a) ÁGAPE – AMOR
“Caridade” (gr.
ágape), i.e., o interesse e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada
querer em troca (1 Co 13.4-8 O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em
ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não
procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se
alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão;
havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará)
O amor é o solo
onde são cultivadas todas as demais virtudes espirituais.
O amor é a prova
da espiritualidade e tem inicio na regeneração (1 Jo 4.7-8). Amados, amemo-nos
uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido
de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é
amor.
O amor consiste
em querer para os outros aquilo que queremos par nos mesmos. É a dedicação ao
próximo. Mateus 7:12 Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam,
fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.
b) CHARA –
ALEGRIA
Trata-se da
felicidade do Espírito, qualidade de vida que é graciosa e bondosa
caracterizada pela boa vontade, generosa nas dádivas aos outros, por causa de
uma correta relação com Deus.
Deus não aprecia
a duvida e o desânimo. Também o abomina a doutrina ousada, o pensamento
melancólico e tristonho. Deus gosta de corações animados. (2Co 6.10
“entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada
tendo, mas possuindo tudo”.)
A alegria
cristã, entretanto não é uma emoção artificial. Antes é uma ação do Espírito de
Deus no espírito humano é a sensação de alegria baseada no amor, na graça, nas
bênçãos, nas promessas e na presença de Deus, bênçãos estas que pertencem
àqueles que crêem em Cristo 1 Pe 1.8 Jesus Cristo; a quem, não havendo visto,
amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e
cheia de glória,
c) EIRENE – PAZ
A queda do homem
no pecado destruiu a paz, a paz com Deus, com os outros, com o próprio ser e
com a própria consciência.
Foi através da
instrumentalidade da cruz que Deus estabeleceu a paz. Portanto, a paz envolve
muito mais do que uma tranqüilidade intima que prevalece a respeito das
tempestades externas. Antes, trata-se de uma qualidade espiritual de origem
cósmica e pessoal produzida pela reconciliação e pelo perdão dos pecados.
A paz é o
contrario do ódio, da contenda, da inveja dos excessos de tudo o que são obras
da carne.
Paz é a quietude
de coração e mente, baseada na convicção de que tudo vai bem entre o crente e
seu Pai celestial (Fp 4.7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento,
guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.
d) MAKROTHUMIA –
LONGANIMIDADE
Quando é uma
qualidade atribuída a Deus, significa que ele tolera pacientemente todas as
iniquidades do homem, não deixando arrebatar por explosões de ira.
A longanimidade
é a paciência que nos permite subjugar a ira e o sendo de contenda, tolerando
as injúrias.
Longanimidade é
a perseverança, paciência, ser tardio para irar-se ou para o desespero (Ef
4.1,2 Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da
vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com
longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor).
e) CHRESTOTES –
BENIGNIDADE
Significa
gentileza, bondade. Esse termo grego significa também excelência de caráter,
honestidade. O crente que a possui esse é gracioso e gentil para com seu
semelhante não se mostrando ser inflexível e exigente.
Ser Benigno é
não querer magoar ninguém, nem lhe provocar dor (Ef 4.32 Antes, sede uns para
com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também
Deus, em Cristo, vos perdoou).
f) AGATHOSUNE –
BONDADE
Uma pessoa
bondosa quando se dispõe a ajudar aqueles que têm necessidade.
Podemos observar
a vida terrena inteira de Jesus de Nazaré, vivida em meio a atos de bondade
para com os outros. Ora, para que o crente se mostre supremamente bondoso,
precisa contar com auxílio do Espírito Santo.
Bondade é a
expressão máxima do amor cristão. No grego, Agathosune refere-se ao homem bom,
cuja generosidade brota do coração. Ela é a verdadeira prática do bem. É o amor
em ação (Gl 6.10 Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a
todos, mas principalmente aos da família da fé).
g) PISTIS – FÉ
Significa tanto
confiança como fidelidade. A fé de parceria com o arrependimento, forma a
conversão. A entrega da alma, as mãos de Cristo alicerçado sobre o conhecimento
espiritual.
A fé vitalizada
pelo amor, pois do contrário, não será a verdadeira fé sob hipótese alguma.
Fé é lealdade
constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa,
compromisso, fidedignidade e honestidade.
h) PRAUTES –
MANSIDÃO
Para
Aristóteles, essa característica era um vicio de deficiência, e não uma
virtude. Aristóteles encarava tal realidade, como uma auto-depreciação.
Na verdade
mansidão trata-se de uma submissão do homem para com Deus e, em seguida para
com o homem. A mansidão é o resultado da verdadeira humildade por causa do
reconhecimento alheio, com a recusa de nos considerarmos superiores.
Mansidão é
moderação, associada à força e à coragem; descreve alguém que pode irar-se com
eqüidade quando for necessário, e também humildemente submeter-se quando for
preciso (Jesus em Mt 11.23 repreende duramente Carfanaum "Tu, Cafarnaum,
elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em
Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela
permanecido até ao dia de hoje "e no v. 29 diz que devemos ser mansos como
ele Mt 11.29 2Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
i) EGKRATEIA -
TEMPERANÇA - DOMÍNIO PRÓPRIO
Temperança é o
controle ou domínio sobre nossos próprios desejos e paixões, inclusive a
fidelidade aos votos conjugais; também a pureza (1Co 7.9; Tt 1.8; 2.5).
Na passagem de 1
Co 7.9 essa palavra é usada em relação ao controle do impulso sexual ( Caso,
porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver
abrasado.
. Mas em 1 Co
9.25 refere-se a toda forma de autodisciplina ( Todo atleta em tudo se domina;
aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível.
Parece que Paulo se utiliza dessa palavra, neste contesto, dando a entender
aquele autocontrole que obtém sobre os vícios alistados em Gl 5.19-21.
Os filósofos
estóicos percebiam claramente a verdade expressa por essa virtude de domínio
próprio. Eles procuravam fazer com que a razão dominasse a vida inteira,
controlando as paixões e firmando a lama.
O ensino final
de Paulo sobre o fruto do Espírito é que não há qualquer restrição quanto ao
modo de viver aqui indicado. O crente pode — e realmente deve — praticar essas
virtudes continuamente. Nunca haverá uma lei que lhes impeça de viver segundo
os princípios aqui descritos.
MATÉRIA 05 -
SOTERIOLOGIA: DOUTRINA DA SALVAÇÃO
1. Graça: É o
poder dinâmico de Deus que provêm imerecidamente para capacitar o homem a
desejar e fazer a Sua vontade (Fp.2:13; Ico.1:4,5; IITm.1:9; Tg.1:18; IICo.3:5;
Hb.13:21; Is.26:12; Jr.10:23; Pv.16:9; 20:24; ICo.15:10).
2.
Predestinação: É o conselho ou decreto de Deus concernente aos homens decaídos,
incluindo a eleição soberana de uns e a justa reprovação dos restantes
(Rm.8:29,30; 9:11-24; Ef.1:5,11).
Os dois aspectos
da predestinação são:
(a) Eleição: É o ato eterno de Deus pelo qual
Ele, em seu soberano beneplácito, e sem levar em conta nenhum mérito previsto
nos homens, escolhe um certo número deles para receberem a graça especial e a
salvação eterna.
(b) Reprovação: É o decreto eterno de Deus pelo
qual Ele determinou deixar de aplicar a um certo número de homens as operações
de sua graça especial, e puní-los por seus pecados, para a manifestação da sua
justiça. Os dois aspectos da reprovação são preterição e condenação.
PENSAMENTO: A
soberania divina e a soberania humana certamente são contraditórias entre si,
mas a soberania divina e a responsabilidade humana, não. (F.H. Klooster)
3. Vocação:
Vocação ou chamada é o ato de graça pelo qual Deus convida os homens, através
de Sua Palavra, a aceitarem pela fé a salvação providenciada por Cristo. (ICo.1:9; ITs.2:12; IPe.5:10;
Mt.11:28; Lc.5:32; Jo.7:37; At.2:39; Rm.8:30; ICo.1:24,26;7:15; Gl.1:15;
Ef.4:1;4:4; IITs.2:14; IITm.1:9; Ipe.2:9;5:10).
4. União: É a
ligação íntima, vital e espiritual entre Cristo e o Seu povo, em razão da qual
Ele é a fonte da sua vida e poder, da sua bem-aventurança e salvação (Ef.5:32;
Cl.1:27).
5. Regeneração:
É o ato de Deus pelo qual o princípio de uma nova vida é implantado no homem, e
a disposição dominante de sua alma é tornada santa. É a comunicação de vida
divina à alma, que implica numa completa mudança de coração (Ez.11;19; 18:31;
36:26; Jr.24:7; Rm.6:4; Ef.2:6; Cl.2:12; Jo.5:21; Jo.6:63; 10:10,28;
Rm.6:11,13; IJo.5:11,12; Ef.2:1,5; Cl.2:13; IIPe.1:4; Jo.1:12; 3:3,5;
IJo.3:1).
6. Conversão: É
o ato exterior, visível e prático da salvação operada na vida do pecador
regenerado (Lc.22:32).
Os dois aspectos
da conversão são:
(a)
arrependimento: é o aspecto negativo da conversão, porque implica no abandono
do pecado e em dizer não para as coisas pecaminosas.
(b) fé: é o
aspecto positivo da conversão, porque implica em voltar em direção a Deus e em
dizer sim para a sua palavra.
7.
Arrependimento: É a mudança voluntária e consciente, produzida na vida do
pecador, efetuada pelo Espírito Santo, a qual atinge sua mente, seus
sentimentos e conduz o pecador ao abandono voluntário do pecado (Mt.21:28-30;
IICo.7:9,10).
8. Fé: É um
firme e seguro conhecimento do favor de Deus, para conosco, fundado na verdade
de uma promessa gratuita em Cristo, e revelada às nossas mentes e seladas em
nossos corações pelo Espirito Santo (As Institutas, III, 2,7, Calvino).
9. Justificação:
É um ato judicial de Deus, no qual Ele declara, com base na justiça de Jesus
Cristo, que todas as reivindicações da lei estão satisfeitas a favor do pecador
(At.13:39; Rm.5:1,9; 8:30-33; Ico.6:11; Gl.2:16; Gl.3:11). Na justificação
estão incluídos o perdão, a adoção, a substituição vicária e a imputação.
Os dois aspectos
da justificação são:
(a) Remissão ou
Perdão (aspecto negativo/a dívida é anulada): É o resultado da morte de Cristo
e se dá por meio da substituição, na qual, Cristo nosso Cordeiro Pascal se
oferece para morrer em nosso lugar.
(b) Adoção
(aspecto positivo/o crédito é imputado): É o resultado da ressurreição de
Cristo e se dá por meio da imputação, na qual a justiça de Cristo, que dá o
direito legal à adoção, é imputada ao crente. A regeneração opera uma filiação
moral enquanto que a adoção opera uma filiação legal.
10. Remissão ou
Perdão: É o aspecto negativo da justificação, pois quando Adão pecou, ele foi
condenado pelo que fez de errado (iniqüidade), como também pelo que deixou de
fazer de certo, errando o alvo (pecado). Adão, então pecou por ação (iniqüidade
= pecado consciente, voluntário, transgressão) e omissão (pecado, leia
IJo.3:4). Cristo em sua obra vicária corrigiu os erros de Adão, obedecendo
passiva e ativamente, negativa e positivamente os mandamentos de Deus, pois a
lei inclui mandamentos negativos (não adulterarás, etc) e mandamentos positivos
(amarás a Deus, etc). O perdão é, portanto o ato judicial de Deus pelo qual ele
concede ao pecador, na cruz, os benefícios resultantes da obediência passiva de
Cristo. O perdão é resultado da morte de Cristo enquanto que a adoção (o
aspecto positivo da justificação) é resultado da ressurreição de Cristo
(Rm.4:25). Na morte Cristo aniquilou o pecado, na ressurreição trouxe justiça.
O perdão é operado mediante a substituição, a justiça é concedida por meio da
imputação. O perdão é concedido na cruz. A justiça é imputada no tribunal de
Deus (IPe.3:18).
NOTA: Remissão
não é o mesmo que redenção. Veja redenção no item 17.
11. Adoção: É o
ato judicial de Deus, resultado prático da regeneração, pelo qual Ele declara seus
filhos emancipados e herdeiros da vida eterna (Tt.3:7). Adoção não deve ser
confundida com regeneração, pois na adoção Deus coloca o pecador que já é seu
filho regenerado na posição de filho adulto. Na adoção não há transformação
interior (moral). A adoção não muda o interior do pecador, muda a sua posição
perante Deus. Deus não adota pecadores não regenerados, Deus só adota aqueles
que já são seus filhos.
12. Imputação: É
o ato de Deus pelo qual Ele debita meritoriamente na conta da humanidade o pecado
de Adão, e judicialmente na conta de Cristo o pecado da humanidade, e
gratuitamente na conta da humanidade a justiça de Cristo. Imputação significa
"debitar", "atribuir responsabilidade" ou "lançar na
conta de alguém". Paulo ensina esta doutrina quando assume a dívida de
Onésimo. Do mesmo modo Jesus Cristo tomou a nossa dívida (Fm.18,19).
13.
Substituição: É o ato judicial de Deus pelo qual Ele pune os pecadores pelos
seus pecados, provendo um substituto qualificado, sobre o qual recaiu todo o
pecado e a culpa imputados à humanidade por causa do pecado de Adão (Is.53:4-7;
Ico.5:7).
Um substituto
qualificado deveria possuir:
(a) Perfeita
Encarnação: deveria ter natureza humana completa para poder representar
adequadamente a humanidade (Hb.2:14-17; 5:1; Jo.1:14).
(b) Perfeita
Identificação: deveria ter uma profunda identificação com o sofrimento humano
(Hb.4:15; Hb.2:18; Hb.5:2,3). A nossa identificação com Cristo é tão perfeita
que somos identificados com Ele na sua morte (Rm.6:3; Cl.2:12).
(c) Perfeita Santidade:
Um homem comum não seria um bom representante da raça humana. O substituto
deveria ser santo, inocente, sem mácula, separado dos pecadores (Hb.7:23-27).
Um mortal comum não poderia salvar ninguém, pois sendo mortal, não se salvaria
nem a si mesmo.
14.
Santificação: É a graciosa e contínua operação do Espirito Santo pela qual Ele
liberta o pecador justificado da corrupção do pecado, renova toda a sua
natureza à imagem de Deus, e o capacita a praticar boas obras.
ESQUEMA DA
SALVAÇÃO
Espírito Alma Corpo
Tempo Passado Presente Futuro
Em relação ao pecado
Penalidade
(Jo.5:24)
Poder (Rm.6:14)
Presença (ICo.15:54,57)
Em relação ao pecador
Justificação
Regeneração (Rm.1:4; Ipe.1:2; Rm.5:16;IITs.2:13)
Santificação
(Tg.1:21,22; IITm.3:15)
Redenção
(Fp.3:21)
Ocasião
Morte e
ressurreição de Cristo
Do novo
nascimento até o encontro com Cristo (Fp.1:6)
Arrebatamento ou
2ª Vinda de Cristo (ICo.15:52,53)
15.
Perseverança: É a contínua operação do Espirito Santo no crente, pela qual a
obra da graça divina, inciada no coração, tem prosseguimento e se completa,
levando os salvos à permanecerem em Cristo e perseverarem firmes na fé.
A perseverança
representa o lado humano (Jr.32:40; Sl.86:11; 37:28-31).
16. Segurança: É
a garantia eterna e imutável da salvação, iniciada e completada por Deus, no
coração dos regenerados. A segurança representa o lado divino
(Sl.89:28-37).
17. Redenção: É
o ato gracioso de Deus pelo qual Ele liberta o pecador da escravidão da lei do
pecado e da morte (Rm.8:1,2), mediante o pagamento de um resgate (Rm.6:20-22;
Ico.6:19,20; IPe.1:18,19; Ap.1:5; 5:9; Gl.4:1-7).
(a) A
Necessidade da Redenção: Todas as criaturas humanas da terra pertencem a Deus
(ICo.10:26; Sl.50:12) mas não são todas de Cristo (Rm.8:9). O homem só se torna
propriedade exclusiva de Cristo mediante a obra da redenção (ICo.6:19,20;
Hb.2:13-15). O mundo (sistema) é de Satanás (Lc.4:6; Ijo.5:19) e as criaturas
humanas que estão no mundo pertencem à ele (At.26:18; Mt.12:30; Mc.9:40;
Lc.11:23), por isso era necessária a redenção, para que através de Cristo Deus
resgatasse (comprasse) do mundo os que viriam a crer nele, para que através da
redenção passassem a pertencer a Cristo (Jo.15:19; 17:14; 18:36; Cl.1:13). Se
um homem ainda não foi redimido, embora sendo criatura de Deus, continua sendo
filho do Diabo, do qual é ele escravo (Jo.8:44). Somente os filhos de Deus são
verdadeiramente livres (Gl.2:4; 5:1; Rm.8:21; IICo.3:17).
(b) A Natureza
do Redentor:
Deveria ser parente
próximo da vítima: Era ele, o redentor (goel no hebraico) quem deveria resgatar
o sangue da vítima assassinada (Nm.35:19-34; Js.20:3-5); era ele quem deveria
resgatar a possessão da família que fora vendida (Lv.25:24,26,51,52;
Lv.27:13,15,19,20,31; Jr.32:7); era ele quem deveria resgatar a pessoa cujo
empobrecimento forçou-a a se vender a um não judeu (Lv.25:47-49). Em Ezequiel
11:15 a expressão "os homens do teu parentesco" significa "os
homens da tua redenção".
O Redentor
deveria preencher certos requisitos: (1) deveria ter parentesco do escravo a
ser resgatado (Rt.2:20; 3:9,12; 4:1,3,6,14); (2) deveria ter meios com que
pagar o resgate (Rt.4:6; Sl.49:7-9); (3) deveria querer efetuar o resgate
(Rt.4:4; Rt.3:13; Rm.5:7); (4) deveria ser livre e não podia ser um escravo, um
escravo não
podia resgatar outro escravo.
(c) Cristo é o
Nosso Redentor:
(1) Ele se fez nosso parente próximo
(Hb.2:14,15; Fp.2:7);
(2) Ele pagou com seu sangue (At.20:28;
IPe.1:18; ICo.6:20);
(3) Ele nos resgatou voluntariamente
(Jo.10:17,18);
(4) Ele não tinha pecado (Hb.5:15; IICo.5:21).
18.
Reconciliação: É a operação graciosa de Deus pela qual Ele reconcilia os
pecadores consigo mesmo, por meio da morte de Jesus Cristo, removendo a
inimizade (IICo.5:18-21; Cl.1:20-22). O termo usado no antigo Testamento para
reconciliação é expiação.
Os dois aspectos
da reconciliação são:
(a) Expiação: A reconciliação (no grego =
katallagê) tem seu aspecto negativo na expiação, que enfatiza a morte de Cristo
para o perdão dos pecados em relação ao homem. (A justificação possui aspectos
semelhantes a reconciliação:
É negativa e
positivamente considerada: (a) Perdão e (b) Adoção). A expiação é a remoção da
causa da inimizade do homem (Rm.5:10). Na expiação a fraqueza, a impiedade e o
pecado (mencionados em Rm.5:6-8), fatores causadores da inimizade são
removidos. Portanto expiação é o cancelamento da fraqueza (Rm.5:6), da
impiedade (Rm.5:6) e especialmente do pecado (Rm.5:8; Ijo.1:29; At.3:19). Na
expiação a ação se dirige para aquilo que provocou o rompimento no
relacionamento, e se ocupa com a anulação do ato ofensivo.
(b) Propiciação: É a reconciliação em seu
aspecto positivo, e por isso vai além da expiação, pois enfatiza a morte de
Cristo em relação a Deus. Na propiciação a ação se dirige para Deus, a pessoa
ofendida. O propósito da propiciação é alterar a atitude de Deus, da ira para a
boa vontade e favor. Na propiciação é a ira que é removida (Rm.5:9,10) e a
amizade de Deus é restaurada. Não é o caso de Deus mudar, mas sim de que sua
ira é desviada (Sl.78:38; 79:8; Em Ex.32:14 o termo arrepender é wayyinnahem,
no hebraico, e hilaskomai, no grego, que significa "ser propício". É
também usado em Lm.3:42; Dn.9:19;
IIRs.24:4. É
claro que se trata de linguagem poética, pois há passagens em que se diz que
Deus se arrependeu de fazer o bem, como em Jr.18:10, como se o bem fosse causa
para arrependimento).
Na expiação
Cristo ofereceu-se pelos os homens, na propiciação Ele ofereceu-se à Deus
(Hb.9:13,14; IPe.3:18). A expiação extingue o pecado (a inimizade contra Deus),
a propiciação extingue a penalidade do pecado (a ira de Deus) que é desviado
para a cruz de Cristo (Rm.3;25; Rm.1:18,24,26).
19.Renovação: É
a operação graciosa de Deus que inclui todos aqueles processos de forças
espirituais subseqüentes ao novo nascimento e decorrentes dele (Sl.51:10;103:5;
Is.40:31;41:1; Cl.3:10).
20. Glorificação
ou Ressurreição: É a operação divina pela qual o crente regenerado há de
ressuscitar corporalmente, tendo seu corpo abatido, transformado à semelhança
do corpo glorioso do Senhor Jesus (Fp.3:21; ITs.4:13-17; IJo.3:2).
Conclusão: não
foram apresentados todos os aspectos envolvidos em cada um dos 20 itens aqui
descritos. O assunto é vasto e interminável, na teologia sistemática,
principalmente na soteriologia, por isso apresentei um resumo do que considerei
mais importante sobre o assunto. Outros aspectos poderão ser encontrados por
um.
MATÉRIA 06 - A
TRINDADE
Marcos 1.11
"E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: TU ÉS O MEU FILHO AMADO, em quem
me comprazo".
As três divinas
pessoas da Trindade estão presentes no batismo de Jesus. Deus é revelado nas
Escrituras como um só Deus, existente como Pai, Filho e Espírito Santo (cf. Mt
3.16,17; 28.19; Mc 1.9-11; 2 Co 13.14; Ef 4.4-6; 1 Pe 1.2; Jd 20,21). Esta é a
doutrina da Trindade,expressando a verdade de que dentro da essência una de
Deus, subsistem três Pessoas distintas, compartilhando uma só natureza divina
comum. Assim, segundo as Escrituras, Deus é singular (uma unidade) num sentido,
e plural (trina), noutro.
(1) As
Escrituras declaram que Deus é um só uma união perfeita de uma só natureza,
substância e essência (Dt 6.4; Mc 12.29; Gl 3.20). Das pessoas da deidade,
nenhuma é Deus sem as outras, e cada uma, juntamente com as outras, é Deus. (2)
O Deus único existe numa pluralidade de três pessoas identificáveis, distintas;
mas não separadas. As três não são três deuses, nem três partes ou expressões
de Deus, mas são três pessoas tão perfeitamente unidas que constituem o único
Deus verdadeiro e eterno. O Filho e também o Espírito Santo possuem atributos
que somente Deus possui (ver Jo 20.28; 1.1,14; 5.18; 14.16; 16.8,13; Gn 1.2; Is
61.1; At 5.3,4; 1 Co 2.10,11; Rm 8.2,26,27; 2 Ts 2.13; Hb 9.14). Nem o Pai, nem
o Filho, nem o Espírito Santo, foram feitos ou criados em tempo algum, mas cada
um é igual ao outro em essência, atributos, poder e glória. (3) O Deus único,
existente em três pessoas, torna possível desde toda a eternidade o amor
recíproco, a comunhão, o exercício dos atributos divinos, a mútua comunhão no
conhecimento e o inter-relacionamento dentro da deidade (cf. Jo 10.15; 11.27;
17.24; 1 Co 2.10)
1.13 TENTADO POR
SATANÁS. Ver Mt 4.1.
1.14 O
EVANGELHO. Ver Mc 14.9 .
1.15 O REINO DE
DEUS. A proclamação e a concretização do reino de Deus foi o propósito da obra
de Cristo. Foi o tema de sua mensagem na terra (Mt 4.17). Quanto à forma de
manifestação do reino, existem: (1) O reino de Deus em Israel. No AT, o reino
visava preparar o caminho da salvação da humanidade. Devido à rejeição de
Jesus, o Messias de Israel, o reino foi tirado desta nação (ver Mt 21.43 nota);
(2) O reino de Deus em Cristo. O reino esteve presente na pessoa e na obra de
Jesus, o Rei (Lc 11.20); (3) O reino de Deus na igreja. Trata-se da
manifestação atual do reino de Deus nos corações e nas vidas de todos aqueles
que se arrependem e crêem no evangelho (Jo 3.3,5; Rm 14.17; Cl 1.13). Sua
presença manifesta-se com grande poder contra o império de Satanás. Não se
trata de um reino político, material, mas de uma poderosa e eficaz presença e
operação de Deus entre o seu povo (ver 1.27, 9.1); (4) O reino de Deus na
consumação da História. Trata-se do Reino Messiânico, predito pelos profetas
(Sl 89.36,37; Is 11.1-9; Dn 7.13,14). Cristo reinará na terra durante mil anos
(Ap 20.4-6). A igreja reinará juntamente com Ele, sobre as nações (2 Tm 2.12; 1
Co 6.2,3; Ap 2.26,27; ver Ap 20.4 nota); (5) O reino de Deus na eternidade. O
reino messiânico durará mil anos, dando lugar ao reino eterno de Deus, que será
estabelecido na nova terra (Ap 21.1-4). O centro da nova terra é a Cidade
Santa, a Nova Jerusalém (Ap 21.9-11). Os habitantes são os redimidos do AT (Ap
21.12) e do NT (Ap 21.14). Sua maior bênção é "verão o seu rosto" (Ap
22.4; ver Ap 21.1)
Quem é Deus?
OS ATRIBUTOS DE
DEUS
Sl 139.7,8 “Para
onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face”? Se subir ao
céu, tu aí
estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também”.
A Bíblia não
procura comprovar que Deus existe. Em vez disso, ela declara a sua existência e
apresenta numerosos atributos seus. Muitos desses atributos são exclusivos
dEle, como Deus; outros existem em parte no ser humano, pelo fato de ter sido
criado à imagem de Deus.
ATRIBUTOS
EXCLUSIVOS DE DEUS.
(1) Deus é
onipresente — Ele está presente em todos os lugares a um só tempo. O salmista
afirma que, não importa para onde formos, Deus está ali (Sl 139.7-12; cf. Jr
23.23,24; At 17.27,28); Deus observa tudo quanto fazemos.
(2) Deus é
onisciente — Ele sabe todas as coisas (Sl 139.1-6; 147.5). Ele conhece, não
somente nosso procedimento, mas também nossos próprios pensamentos (1Sm 16.7; 1
Rs 8.39; Sl 44.21; Jr 17.9,10). Quando a Bíblia fala da presciência de Deus (Is
42.9; At 2.23; 1Pe 1.2), significa que Ele conhece com precisão a condição de
todas as coisas e de todos os acontecimentos exeqüíveis, reais, possíveis,
futuros, passados ou predestinados (1Sm 23.10-13; Jr 38.17-20). A presciência
de Deus não subentende determinismo filosófico. Deus é plenamente soberano para
tomar decisões e alterar seus propósitos no tempo e na história, segundo sua
própria vontade e sabedoria. Noutras palavras, Deus não é limitado à sua
própria presciência (ver Nm 14.11-20; 2Rs 20.1-7).
(3) Deus é
onipotente — Ele é o Todo-poderoso e detém a autoridade total sobre todas as
coisas e sobre todas as criaturas (Sl 147.13-18; Jr 32.17; Mt 19.26; Lc 1.37).
Isso não quer dizer, jamais, que Deus empregue todo o seu poder e autoridade em
todos os momentos. Por exemplo, Deus tem poder para exterminar totalmente o
pecado, mas optou por não fazer assim até o final da história humana (ver 1Jo
5.19 nota). Em muitos casos, Deus limita o seu poder, quando o emprega através
do seu povo (2Co 12.7-10); em casos assim, o seu poder depende do nosso grau de
entrega e de submissão a Ele (ver Ef 3.20).
(4) Deus é
transcendente — Ele é diferente e independente da sua criação (ver Êx 24.9-18;
Is 6.1-3; 40.12-26; 55.8,9). Seu ser e sua existência são infinitamente maiores
e mais elevados do que a ordem por Ele criada (1Rs 8.27; Is 66.1,2; At
17.24,25). Ele subsiste de modo absolutamente perfeito e puro, muito além
daquilo que Ele criou. Ele mesmo é incriado e existe à parte da criação (ver
1Tm 6.16 nota).
A transcendência
de Deus não significa, porém, que Ele não possa estar entre o seu povo como seu
Deus (Lv 26.11,12; Ez 37.27; 43.7; 2Co 6.16).
(5) Deus é
eterno — Ele é de eternidade à eternidade (Sl 90.1,2; 102.12; Is 57.12). Nunca
houve nem haverá um tempo, nem no passado nem no futuro, em que Deus não
existisse ou que não existirá; Ele não está limitado pelo tempo humano (cf. Sl
90.4; 2Pe 3.8), e é, portanto, melhor descrito como “EU SOU” (cf. Êx 3.14; Jo
8.58).
(6) Deus é
imutável — Ele é inalterável nos seus atributos, nas suas perfeições e nos seus
propósitos para a raça humana (Nm 23.19; Sl 102.26-28; Is 41.4; Ml 3.6; Hb
1.11,12; Tg 1.17). Isso não significa, porém, que Deus nunca altere seus
propósitos temporários ante o proceder humano. Ele pode, por exemplo, alterar
suas decisões de castigo por causa do arrependimento sincero dos pecadores (cf.
Jn 3.6-10). Além disso, Ele é livre para atender as necessidades do ser humano
e às orações do seu povo. Em vários casos a Bíblia fala de Deus mudando uma
decisão como resultado das orações perseverantes dos justos (e.g., Nm 14.1-20;
2Rs 20.2-6; Is 38.2-6; Lc 18.1-8).
(7) Deus é
perfeito e santo — Ele é absolutamente isento de pecado e perfeitamente justo
(Lv 11.44,45; Sl 85.13; 145.17; Mt 5.48). Adão e Eva foram criados sem pecado
(cf. Gn 1.31), mas com a possibilidade de pecarem. Deus, no entanto, não pode
pecar (Nm 23.19; 2Tm 2.13; Tt 1.2; Hb 6.18). Sua santidade inclui, também, sua
dedicação à realização dos seus propósitos e planos.
(8) Deus é trino
e uno — Ele é um só Deus (Dt 6.4; Is 45.21; 1Co 8.5,6; Ef 4.6; 1Tm 2.5),
manifesto em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo (e.g., Mt 28.19; 2Co
13.14; 1Pe 1.2). Cada pessoa é plenamente divina, igual às duas outras; mas não
são três deuses, e sim um só Deus (ver Mt 3.17 nota; Mc 1.11 nota).
ATRIBUTOS MORAIS
DE DEUS. Muitas características do Deus único e verdadeiro, especialmente seus
atributos morais, têm certa similitude com as qualidades humanas; sendo, porém,
evidente que todos os seus atributos existem em grau infinitamente superior aos
humanos. Por exemplo, embora Deus e o ser humano possuam a capacidade de amar,
nenhum ser humano é capaz de amar com o mesmo grau de intensidade como Deus
ama. Além disso, devemos ressaltar que a capacidade humana de ter essas
características vem do fato de sermos criados à imagem de Deus (Gn 1.26,27);
noutras palavras, temos a sua semelhança, mas Ele não tem a nossa; Ele não é
como nós.
(1) Deus é bom
(Sl 25.8; 106.1; Mc 10.18). Tudo quanto Deus criou originalmente era bom, era
uma extensão da sua própria natureza (Gn 1.4,10,12,18,21,25,31). Ele continua
sendo bom para sua criação, ao sustentá-la, para o bem de todas as suas
criaturas (Sl 104.10-28; 145.9); Ele cuida até dos ímpios (Mt 5.45; At 14.17).
Deus é bom, principalmente para os seus, que o invocam em verdade (Sl
145.18-20).
(2) Deus é amor
(1Jo 4.8). Seu amor é altruísta, pois abraça o mundo inteiro, composto de
humanidade pecadora (Jo 3.16; Rm 5.8). A manifestação principal desse seu amor
foi a de enviar seu único Filho, Jesus, para morrer em lugar dos pecadores (1Jo
4.9,10). Além disso, Deus tem amor paternal especial àqueles que estão
reconciliados com Ele por meio de Jesus (ver Jo 16.27 ).
(3) Deus é
misericordioso e clemente (Êx 34.6; Dt 4.31; 2Cr 30.9; 'Sl 103.8; 145.8; Jl
2.13); Ele não extermina o ser humano conforme merecemos devido aos nossos
pecados (Sl 103.10), mas nos outorga o seu perdão como dom gratuito a ser recebido
pela fé em Jesus Cristo.
(4) Deus é
compassivo (2Rs 13.23; Sl 86.15; 111.4). Ser compassivo significa sentir
tristeza pelo sofrimento doutra pessoa, com desejo de ajudar. Deus, por sua
compaixão pela humanidade, proveu-lhe perdão e salvação (cf. Sl 78.38).
Semelhantemente, Jesus, o Filho de Deus, demonstrou compaixão pelas multidões
ao pregar o evangelho aos pobres, proclamar libertação aos cativos, dar vista
aos cegos e pôr em liberdade os oprimidos (Lc 4.18; cf. Mt 9.36; 14.14; 15.32;
20.34; Mc 1.41; ver Mc 6.34).
(5) Deus é
paciente e lento em irar-se (Êx 34.6; Nm 14.18; Rm 2.4; 1Tm 1.16). Deus
expressou esta característica pela primeira vez no jardim do Éden após o pecado
de Adão e Eva, quando deixou de destruir a raça humana conforme era seu direito
(cf. Gn 2.16,17). Deus também foi paciente nos dias de Noé, enquanto a arca
estava sendo construída (1Pe 3.20). E Deus continua demonstrando paciência com
a raça humana pecadora; Ele não julga na devida ocasião, pois destruiria os
pecadores, mas na sua paciência concede a todos a oportunidade de se
arrependerem e serem salvos (2Pe 3.9).
(6) Deus é a
verdade (Dt 32.4; Sl 31.5; Is 65.16; Jo 3.33). Jesus chamou-se a si mesmo “a
verdade” (Jo 14.6), e o Espírito é chamado o “Espírito da verdade” (Jo 14.17; cf.
1Jo 5.6). Porque Deus é absolutamente fidedigno e verdadeiro em tudo quanto diz
e faz, a sua Palavra também é chamada a verdade (2Sm 7.28; Sl 119.43; Is 45.19;
Jo 17.17). Em harmonia com este fato, a Bíblia deixa claro que Deus não tolera
a mentira nem falsidade alguma (Nm 23.19; Tt 1.2; Hb 6.18).
(7) Deus é fiel
(Êx 34.6; Dt 7.9; Is 49.7; Lm 3.23; Hb 10.23). Deus fará aquilo que Ele tem
revelado na sua Palavra; Ele cumprirá tanto as suas promessas, quanto as suas
advertências (Nm 14.32-35; 2 Sm 7.28; Jó 34.12; At 13.23,32,33; ver 2Tm 2.13
nota). A fidelidade de Deus é de consolo inexprimível para o crente, e grande
medo de condenação para todos aqueles que não se arrependerem nem crerem no
Senhor Jesus (Hb 6.4-8; 10.26-31).
(8) Finalmente,
Deus é justo (Dt 32.4; 1Jo 1.9). Ser justo significa que Deus mantém a ordem
moral do universo, é reto e sem pecado na sua maneira de tratar a humanidade
(Ne 9.33; Dn 9.14). A decisão de Deus de castigar com a morte os pecadores (Rm
5.12), procede da sua justiça (Rm 6.23; cf. Gn 2.16,17); sua ira contra o
pecado decorre do seu amor à justiça (Rm 3.5,6; ver Jz 10.7). Ele revela a sua
ira contra todas as formas da iniqüidade (Rm 1.18), principalmente a idolatria
(1Rs 14.9,15,22), a incredulidade (Sl 78.21,22; Jn 3.36) e o tratamento injusto
com o próximo (Is 10.1-4;Am 2.6,7). Jesus Cristo, que é chamado o “Justo” (At
7.52; 22.14; cf. At 3.14), também ama a justiça e abomina o mal (ver Mc 3.5; Rm
1.18 nota; Hb 1.9 ). Note que a justiça de Deus não se opõe ao seu amor. Pelo
contrário, foi para satisfazer a sua justiça que Ele enviou Jesus a este mundo,
como sua dádiva de amor (Jo 3.16; 1Jo 4.9,10) e como seu sacrifício pelo pecado
em lugar do ser humano (Is 53.5,6; Rm 4.25; 1Pe 3.18), a fim de nos reconciliar
consigo mesmo (ver 2Co 5.18-21, notas). A revelação final que Deus fez de si
mesmo está em Jesus Cristo (cf. Jo 1.18; Hb 1.1-4); noutras palavras, se
quisermos entender completamente a pessoa de Deus, devemos olhar para Cristo,
porque nEle habita toda a plenitude da divindade (Cl 2.9).
Jesus Cristo
Quem é Jesus
Cristo?
I. A
PRÉ-EXISTÊNCIA DE JESUS
A. Assim como
Deus é eterno, Jesus também o é:
Jo 1.1; Cl 1.17;
Mq 5.2; Jo 17.3; Jo 8.58.
B. Antes da
fundação do mundo, Jesus planejou junto com o seu Pai, a salvação da humanidade.
Deus na sua
onisciência viu, desde a eternidade, que o homem a ser criado, cairia em
pecado, sujeito à perdição eterna. Ele então preparou um caminho de salvação,
por meio do sacrifício de seu próprio Filho. Jesus participou e concordou e
desde então já estava disposto a dar a sua vida por nós. Por isto a Bíblia se
expressa: "O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo", Ap
13.8. A vida eterna é assim prometida "antes dos tempos dos séculos",
Tt 1.2, quando Deus nos elegeu para em Jesus sermos santos e irrepreensíveis,
Ef 1.4.
C. Jesus
participou da criação do mundo.
" Todas as
coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez",
Jo1.3. "Todas as coisas subsistem por ele", Cl 1.17.
II. A ENCARNAÇÃO
DE JESUS
"Jesus,
Deus bendito eternamente", Rm 9.5, fez-se homem. Esse mistério chama-se
"encarnação". A Bíblia diz: "Grande é o mistério da piedade:
Aquele que se manifestou em carne", 1 Tm 3.16. A doutrina da encarnação de
Jesus excede tudo que o entendimento humano possa compreender, porém deste
milagre depende a substância do evangelho da salvação e a doutrina da redenção.
A. Jesus se
encarnou por meio duma virgem, através de concepção sobrenatural.
Quando Deus, no
dia da queda, prometeu um Redentor, revelou também de que maneira ele viria ao
mundo. Ele disse à serpente: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a
tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe
ferireis o calcanhar", Gn 3.15. O profeta Isaías profetizou: "Uma
virgem conceberá e dará à luz um filho e será o seu nome Emanuel", Is
7.14. Quando, na plenitude dos tempos, Gl 4.4, o arcanjo Gabriel comunicou a
Maria que ela seria o instrumento da encarnação de Jesus, disse-lhe: "em
teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de
Jesus", Lc 1.31. Maria respondeu: "Como se fará isto, visto que não
conheço varão?", Lc 1.34. E Gabriel lhe revelou como este milagre
aconteceria. Ele disse: "Descerá sobre ti o Espírito Santo e a virtude do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra, pelo que também o Santo que de ti há de
nascer será chamado Filho de Deus", Lc 1.35. Com a palavra: "Eis aqui
a serva do Senhor, cumpra-se em mim segundo a sua palavra", Lc 1.38, Maria
aceitou, e o milagre aconteceu! Ela estava grávida!
É impossível
explicar este milagre em termos biológicos. O médico Lucas registrou este
milagre no seu evangelho com fé e convicção, sem deixar uma sombra de dúvida.
"Pela fé entendemos" Hb 11.13.
B. Jesus veio a
este mundo por meio dum nascimento natural.
Ele nasceu
exatamente 9 meses após Maria haver concebido de modo sobrenatural,
"quando se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz", Lc 2.6.
Jesus nasceu, conforme a profecia, em Belém, Mq 5.2, e para isto Deus
providenciou que o alistamento decretado pelo imperador Augusto obrigasse José
e Maria a locomoverem-se de Nazaré na Galiléia até Belém, exatamente na época
de Maria dar à luz. Jesus nasceu como os demais homens nasceram. Houve, porém,
uma manifestação sobrenatural: Uma multidão de anjos cantaram, diante de um
grupo de pastores de ovelhas, louvores ao Messias que havia nascido, Lc 2.8-14.
C. O verdadeiro
Deus havia vindo ao mundo como um verdadeiro homem.
Foi por meio
deste milagre que "verbo se fez carne", Jo 1.14, e "Deus
introduziu no mundo o primogênito", Hb 1.6, e Jesus veio em semelhança de
carne, Rm 8.3, e "participou da carne e do sangue", Hb 2.14, "em
tudo semelhante aos irmãos", Hb 2.17. Foi assim que ele desceu do céu, Jo
6.33, 38, 38, 41, 42, 51, 58, e Deus lhe preparou um corpo, Hb 10.5. A
encarnação deu a Jesus condições de ser o Mediador entre Deus e homens, 1 Tm
2.5, e ser misericordioso e fiel sumo sacerdote, para expiar o pecado do povo,
Hb 2.17. Sendo homem, podia fazer reconciliação pelos homens. Sendo Deus a sua
reconciliação fica com um inédito valor.
III. JESUS - O
VERDADEIRO DEUS
Não é somente
desde a eternidade, que Jesus é Deus, Jo1.1-3. Ainda depois que ele
"aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo", Fp 2.7, ele
continua sendo Deus verdadeiro, revelando "a glória do Unigênito do Pai,
cheio de graça e de verdade", Jo 1.14. As sagradas escrituras, que
incontestavelmente provam a sua deidade, foram escritas para que todos creiam
que "Jesus é o Cristo, e o Filho de Deus", Jo 20.36; 1 Jo 5.10. Vamos
mencionar algumas evidências que provam que Jesus é Deus verdadeiro.
A. Jesus é
chamado "Deus"
Deus, Pai, o
chamou "Deus"! "Do Filho diz: Ó Deus, o teu trono
subsiste", Hb 1.8. Duas vezes ele o chamou: "Meu Filho amado" Mt
3.17; Mc 9.7. Todo aquele, pois que nega que Jesus é o Filho de Deus, faz o
próprio Deus mentiroso, "porquanto não creu no testemunho que Deus de seu
Filho deu", 1 Jo 5.10.
O anjo, enviado
por Deus, chamou a Jesus "Filho de Deus", Lc 1.35. "Chamá-lo-ão
pelo nome Emanuel, que traduzido é Deus conosco", Mt 1.23. Quando Jesus
havia nascido, os anjos cantaram louvores a "Cristo-Senhor", Lc 2.11.
O próprio Jesus
se chamou "Deus". Quando os seus inimigos lhe perguntaram: "És
tu o Cristo, Filho de Deus bendito?", ele respondeu: Eu o sou. Mc 14.61,
62. Ele chamou Deus de meu Pai, Mt 10.32; Jo 2.16; 10.37; 15.24 etc. Ele se
chamou também "o Filho unigênito que está no seio do Pai", Jo 1.18 e
disse; "Quem me vê, vê o Pai", Jo 14.9; 12.45. Para a mulher
samaritana ele disse que era Messias, Jo 4.25, 26, notícia que se espalhou em
toda a cidade, Jo 4.29. Ele se chamou: Alfa e Ômega, o Princípio e o Fim, o
primeiro e o derradeiro, Ap 22.13, e "Eu sou", Jo 8.24, 28, 58; 13.59
(Comp. Êx 3.14).
Aquele que nega
a deidade de Jesus rejeita o próprio testemunho de Jesus e mostra assim que é
inspirado pelo espírito de Anticristo, 1 Jo 2.22, 23. Se Jesus fosse, como os
teólogos modernistas afirmam um produto da união entre Maria e José ou com
qualquer outro homem, o mundo não teria nenhum Salvador, e Jesus seria um homem
desacreditável, porque ele afirmou ser o Filho de Deus. Mas glória a Jesus! Ele
é Deus bendito eternamente, Rm 9.5.
O ESPÍRITO SANTO
Quem é o
Espírito Santo?
A DOUTRINA DO
ESPÍRITO SANTO
At 5.3,4 “Disse,
então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses
ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não
ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este
desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.”
É essencial que
as pessoas reconheçam a importância do Espírito Santo no plano divino da
redenção. Sem a presença do Espírito Santo neste mundo, não haveria a criação,
o universo, nem a raça humana (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30). Sem o
Espírito Santo, não teríamos a Bíblia (2Pe 1.21), nem o NT (Jo 14.26, 1Co 2.10)
e nenhum poder para proclamar o evangelho (1.8). Sem o Espírito Santo, não
haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e nenhum cristão neste mundo.
Este estudo examina alguns dos ensinamentos básicos a respeito do Espírito
Santo.
A PESSOA DO
ESPÍRITO SANTO. Através da Bíblia, o Espírito Santo é revelado como Pessoa, com
sua própria individualidade (2Co 3.17,18; Hb 9.14; 1Pe 1.2). Ele é uma Pessoa
divina como o Pai e o Filho (5.3,4). O Espírito Santo não é mera influência ou
poder. Ele tem atributos pessoais, a saber: Ele pensa (Rm 8.27), sente (Rm
15.30), determina (1Co 12.11) e tem a faculdade de amar e de deleitar-se na
comunhão. Foi enviado pelo Pai para levar os crentes à íntima presença e
comunhão com Jesus (Jo 14.16-18,26; ). À luz destas verdades, devemos tratá-lo
como pessoa, que é, e considerá-lo Deus vivo e infinito em nosso coração, digno
da nossa adoração, amor e dedicação (ver Mc 1.11,).
A OBRA DO
ESPÍRITO SANTO. (1) A revelação do Espírito Santo no AT. Para uma exposição da
operação do Espírito Santo no AT. (2) A revelação do Espírito Santo no NT. (a)
O Espírito Santo é o agente da salvação. Nisto Ele convence-nos do pecado (Jo
16.7,8), revela-nos a verdade a respeito de Jesus (Jo 14.16,26), realiza o novo
nascimento (Jo 3.3-6), e faz-nos membros do corpo de Cristo (1Co 12.13). Na
conversão, nós, crendo em Cristo, recebemos o Espírito Santo (Jo 3.3-6; 20.22)
e nos tornamos co-participantes da natureza divina (2Pe 1.4). (b) O Espírito
Santo é o agente da nossa santificação. Na conversão, o Espírito passa a
habitar no crente, que começa a viver sob sua influência santificadora (Rm 8.9;
1Co 6.19). Note algumas das coisas que o Espírito Santo faz, ao habitar em nós.
Ele nos santifica i.e., purifica, dirige e leva-nos a uma vida santa,
libertando-nos da escravidão ao pecado (Rm 8.2-4; Gl 5.16,17; 2Ts 2.13). Ele
testifica que somos filhos de Deus (Rm 8.16), ajuda-nos na adoração a Deus (At
10.45,46; Rm 8.26,27) e na nossa vida de oração, e intercede por nós quando
clamamos a Deus (Rm 8.26,27). Ele produz em nós as qualidades do caráter de
Cristo, que O glorificam (Gl 5.22,23; 1Pe 1.2). Ele é o nosso mestre divino,
que nos guia em toda a verdade (Jo 16.13; 14.26; 1Co 2.10-16) e também nos
revela Jesus e nos guia em estreita comunhão e união com Ele (Jo 14.16-18;
16.14). Continuamente,
Ele nos comunica
o amor de Deus (Rm 5.5) e nos alegra, consola e ajuda (Jo 14.16; 1Ts 1.6). (c)
O Espírito Santo é o agente divino para o serviço do Senhor, revestindo os
crentes de poder para realizar a obra do Senhor e dar testemunho dEle. Esta
obra do Espírito Santo relaciona-se com o batismo ou com a plenitude do
Espírito. Quando somos batizados no Espírito, recebemos poder para testemunhar
de Cristo e trabalhar de modo eficaz na igreja e diante do mundo (1.8).
Recebemos a mesma unção divina que desceu sobre Cristo (Jo 1.32,33) e sobre os
discípulos (2.4; ver 1.5), e que nos capacita a proclamar a Palavra de Deus
(1.8; 4.31) e a operar milagres (2.43; 3.2-8; 5.15; 6.8; 10.38). O plano de
Deus é que todos os cristãos atuais recebam o batismo no Espírito Santo (At
2.39). Para realizar o trabalho do Senhor, o Espírito Santo outorga dons
espirituais aos fiéis da igreja para edificação e fortalecimento do corpo de
Cristo (1Co 12—14). Estes dons são uma manifestação do Espírito através dos
santos, visando ao bem de todos (1Co 12.7-11).
(d) O Espírito
Santo é o agente divino que batiza ou implanta os crentes no corpo único de
Cristo, que é sua igreja (1Co 12.13) e que permanece nela (1Co 3.16),
edificando-a (Ef 2.22), e nela inspirando a adoração a Deus (Fp 3.3), dirigindo
a sua missão (13.2,4), escolhendo seus obreiros (20.28) e concedendo-lhe dons
(1Co 12.4-11), escolhendo seus pregadores (2.4; 1Co 2.4), resguardando o
evangelho contra os erros (2Tm 1.14) e efetuando a sua retidão (Jo 16.8; 1Co
3.16; 1Pe 1.2).
(3) As diversas
operações do Espírito são complementares entre si, e não contraditórias. Ao
mesmo tempo, essas atividades do Espírito Santo formam um todo, não havendo
plena separação entre elas. Alguém não pode ter (a) a nova vida total em
Cristo, (b) um santo viver, (c) o poder para testemunhar do Senhor ou (d) a
comunhão no seu corpo, sem exercitar estas quatro coisas. Por exemplo: uma
pessoa não pode conservar o batismo no Espírito Santo se não vive uma vida de
retidão, produzida pelo mesmo Espírito, que também quer conduzir esta mesma
pessoa no conhecimento das verdades bíblicas e sua obediência às mesmas.
MATÉRIA 07 -
ANGELOLOGIA: A DOUTRINA DOS ANJOS
1. Introdução -
Ao nosso redor há um mundo espiritual poderoso, populoso e de recursos
superiores ao nosso mundo visível. Bons e Maus espíritos passam em nosso meio,
de um lugar para o outro, com grande rapidez e movimentos imperceptíveis.
Alguns desses espíritos se interessam pelo nosso bem estar, outros, porém,
estão empenhados em fazer-nos o mal. Muitas pessoas questionam se existem
realmente tais espíritos ou seres, quem são, onde se encontram e o que fazem.
A palavra de
Deus é a única fonte de informação que merece confiança, e que possui respostas
para estas perguntas. Ela deixa claro que há outra classe de seres superiores
ao homem. Esses seres habitam nos céus e formam os exércitos celestiais, a
inumerável companhia dos servos invisíveis de Deus. Esses são os anjos de Deus,
os quais estão sujeitos ao governo divino, e o importante papel que têm
desempenhado na história da humanidade torna-os merecedores de referência
especial. Existem também aqueles, pertencentes a mesma classe de seres, que
anteriormente foram servos de Deus mas que agora se encontram em atitude de
rebelião contra seu governo.
A doutrina dos
anjos segue logicamente a doutrina de Deus, pois os anjos são fundamentalmente
os ministros da providência de Deus. Essa doutrina permite-nos conhecer a
origem, existência, natureza, queda, classificação, obra e destino dos anjos.
2. A origem dos
anjos - A época de sua criação não é indicada com precisão em parte alguma, mas
é provável que tenha se dado juntamente com a criação dos céus (Gn 1:1 ). Pode
ser que tenham sido criados por Deus imediatamente após a criação dos céus e
antes da criação da terra, pois de acordo com Jó 38:4-7, rejubilavam todos os
filhos de Deus quando Ele lançava os fundamentos da terra. Que os anjos não
existem desde a eternidade é mostrado pelos versículos que falam de sua criação
( Ne 9:6 , Sl 148:2,5; Cl 1:16 ). Embora não seja citado número definido na
Bíblia, acredita-se que a quantidade de anjos é muito grande ( Dn 7:10; Mt
26:53; Hb 12:22 ).
3. A natureza
dos anjos
3.1- São seres
espirituais e incorpóreos. - Os anjos são descritos espíritos, porque
diferentes dos homens, eles não estão limitados às condições naturais e
físicas. Aparecem e desaparecem, e movimenta-se com uma rapidez imperceptível
sem usar meios naturais. Apesar de serem espíritos, têm o poder de assumir a
forma de corpos humanos a fim de tornar visível sua presença aos sentidos do
homem (Gn 19:1-3).
Que os anjos são
incorpóreos está claro em Ef 6.12, onde Paulo diz que "a nossa luta não é
contra a carne nem sangue, e sim contra os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas
regiões celestes". Outras referências: Sl 104:4; Hb 1:7,14; At 19:12; Lc
7:21; 8:2; 11:26; Mt 8:16; 12.45. Não têm carne nem ossos e são invisíveis ( Cl
1:16).
3.2- São um
exército e não uma raça. As Escrituras ensinam que o casamento não é da ordem
ou do plano de Deus para os anjos (Mt 22:30; Lc 20:34 -36 ), portanto não se
caracteriza uma raça. No Velho Testamento por cinco vezes os anjos são chamados
de "filhos de Deus" ( Gn 6:2,4; Jó 1:6; 2:1; 38:7 ) mas nunca lemos a
respeito dos "filhos dos anjos". Os anjos sempre são descritos como
varões, porém na realidade não tem sexo, não propagam sua espécie ( Lc 20:34-35
).
Várias passagens
das Escrituras indicam que há um número muito grande de anjos (Dn 7:10; Mt
26:53; Sl 68:17; Lc 2:13; Hb 12:22 ), e são repetidamente mencionados como
exércitos do céus ou de Deus. No Getsêmani, Jesus disse a um discípulo que
queria defendê-los dos que vieram prendê-lo: "Acaso pensas que não posso
rogar ao meu pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de
anjos"? ( Mt 26:53 ). Portanto, seu criador e mestre é descrito como
"Senhor dos Exércitos".
É evidente que
eles são criaturas e portanto limitados e finitos. Apesar de terem mais livre
relação com o espaço e o tempo do que os homens, não podem estar em dois ou
mais lugares simultaneamente.
3.3- São seres
racionais morais e imortais. Aos anjos são atribuídas características pessoais;
são inteligentes dotados de vontade e atividade. O fato de que são seres
inteligentes parece inferir-se imediatamente do fato de que são espíritos (2 Sm
14:20; Mt 24:36 , Ef 3:10; 1 Pe 1:12; 2 Pe 2:11). Embora não sejam oniscientes,
são superiores aos homens em conhecimento (Mt 24:36) e por ter natureza moral
estão sob obrigação moral; são recompensados pela obediência e punidos pela
desobediência.
Bíblia fala dos anjos que permanecerem leais
como "santos anjos" ( Mt 25:31; Mc 8:38; Lc 9:26; At 10:22; Ap 14:10)
e retrata os que caíram como mentirosos e pecadores (Jo 8:44; 1 Jo 3:8-10).
A imortalidade
dos anjos está ligada ao sentido de que os anjos bons não estão sujeitos a
morte (Lc 20:35-36), além de serem dotados de poder formando o exército de
Deus, uma hoste de heróis poderosos, sempre prontos para fazer o que o Senhor
mandar ( Sl 103:20; Cl 1:16; Ef. 1:21; 3:10; Hb 1:14) enquanto que os anjos
maus formam o exército de Satanás empenhados em destruir a obra do Senhor (Lc
11:21; 2 Ts 2:9; 1 Pe 5:8 ).
Ilustrações do
poder de um anjo são encontradas na libertação dos apóstolos da prisão ( At
5:19; 12:7) e no rolar da pedra de mais de 4 toneladas que fechou o túmulo de
Cristo (Mt 28:2 )
4. A
classificação dos anjos
4.1- Anjos bons
e anjos maus - Há pouca informação sobre o estado original dos anjos. Porém no
dia de sua obra criadora Deus viu tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.
Pressupõe-se que todos os anjos tiveram um boa condição original (Jo 8:44; 2 Pe
2:4; Jd 6). Os anjos bons são chamados "anjos eleitos" (1 Tm 5:21) e
evidentemente receberam graça suficiente para habilitá-los a manter sua posição
de perseverança, pela qual foram confirmados em sua condição e agora são
incapazes de pecar . São chamados também de "santos anjos ou anjos de
luz" (2Co 11:14). Sempre contemplam a face Deus (Lc 9:26), e tem vida
imortal ( Lc 20:36 ). Sua atividade mais elevada é a adoração a Deus ( Ne 9:6;
Fp 2:9-11; Hb 1:6; Jó 38:7; Is 6:3; Sl 103:20; 148:2 Ap 5:11).
4.2- Quatro
tipos de anjos bons:
1. Anjos: Tanto
no grego quanto no hebraico a palavra "anjo" significa
"mensageiro". São exércitos como seres alados (Dn 9:21; Ap 14:6) para
nos favorecer. Desde a entrada do pecado no mundo, eles são enviados para dar
assistência aos herdeiros da salvação (Hb 1:14). Eles se regozijam com a
conversão de um pecador (Lc 15:10), exercem vigilância protetora sobre os
crentes (Sl 34:7; 91:11), protegem os pequeninos (Mt 18:10), estão presentes na
igreja (1 Tm 5:21) recebem aprendizagem das multiformes riquezas da graça de
Deus (Ef 3:10; 1 Pe 1:12) e encaminham os crentes ao seio de Abraão (Lc
16:22,23). A idéia de que alguns deles servem de anjos da guarda de crentes
individuais não tem apoio nas Escrituras. A declaração de Mt 18:10 é geral
demais, embora pareça indicar que há um grupo de anjos particularmente
encarregado de cuidar das criancinhas. At 12:15 tampouco o prova, pois esta
passagem mostra apenas que, naquele período primitivo havia alguns, mesmo entre
discípulos, que acreditavam em anjos guardiões.
Embora os anjos
não constituam um organismo, evidentemente são organizados de algum modo. Isto
ocorre do fato de que ao lado do nome geral "anjo", a Bíblia emprega
certos nomes específicos para indicar classe de anjos. O termo grego
"angelos" (anjos = mensageiros ) também e freqüentemente aplicado a
homens (Mt 11:10; Mc 1:2; Lc 7:24; 9:52; Gl 4:14). Não há nas Escrituras um
nome geral, especificamente distintivo, para todos os seres espirituais. Eles
são chamados filhos de Deus, (Jó 1:6; 2:1) espíritos (Hb 1:14), santos (Sl
89:5,7; Zc 14:5; Dn 8:13 ), vigilantes (Dn 4:13,17). Contudo, há nomes
específicos que indicam diferentes classes de anjos.
2. Querubins:
São responsáveis pela guarda da entrada do paraíso (Gn 3:24), observam o propiciatório
(Ex 25:18,20; Sl 80:1; 99:1; Is 37:16; Hb 9:5) e constituem a carruagem de que
Deus se serve para descer à terra (2 Sm 22:11; Sl 18:10). Como demonstração do
seu poder de majestade, em Ez 1º e Ap 4º são representados simbolicamente como
seres vivos em várias formas. Mais do que outras criaturas, eles foram
destinados a revelar o poder, a majestade e a glória de Deus, e a defender a
santidade de Deus no jardim do Éden, no tabernáculo, no templo e na descida de
Deus à terra.
3. Serafins:
Mencionados somente em Is 6:2,6, constituem uma classe de anjos muito próxima
dos querubins. São representados simbolicamente em forma humana com seis asas
cobrindo o rosto, os pés e duas prontas para execução das ordens do Senhor.
Permanecem servidores em torno do trono do Deus poderoso, cantam louvores a Ele
e são considerados os nobres entre os anjos.
4. Arcanjos: O
termo arcanjo só ocorre duas vezes nas escrituras (1 Ts 4:16; Jd 9), mas há
outras referências para ao menos um arcanjo, Miguel. Ele é o único a ser
chamado de arcanjo e aparece comandando seus próprios anjos (Ap 12.7) e como
príncipe do povo de Israel (Dn 10:13,21; 12.1).
A maneira pela
qual Gabriel é mencionado também indica que ele é de uma classe muito elevada.
Ele está diante da presença de Deus (Lc 1:19) e a ele são confiadas as
mensagens de mais elevada importância com relações ao reino de Deus (Dn 8:16;
9:21).
Principados,
potestades, tronos e domínios: A Bíblia menciona certas classes de anjos que
ocupam lugares de autoridades no mundo angélico, como principados e potestades
(Ef 3:10; Cl 2:10), tronos (Cl 1:16), domínios (Ef 1:21; Cl 1:16 ) e poderes
(Ef 1:21 , 1 Pe 3:22). Estes nomes não indicam espécies de anjos, mas
diferenças de classe ou de dignidade entre eles. Embora em Ef 1:21 a referência
parece incluir tanto anjos bons quanto os maus, nas outras passagens essa
terminologia se refere definitivamente apenas aos anjos maus (Rm 8:38; Ef 6:12;
Cl 2:15).
Anjos Maus
Os anjos foram
criados perfeitos e sem pecado, e como o homem dotado de livre escolha. Sob a
direção de Satanás, muitos pecaram e foram lançados fora do céu (2 Pe 2:4; Jd
6). O pecado, no qual eles e seu chefe caíram foi o orgulho. Alguns tem pensado
que a ocasião de rebelião dos anjos foi a revelação da futura encarnação do
Filho de Deus e a obrigação deles o adorarem.
Segundo as
Escrituras, os anjos maus passam o tempo no inferno (2 Pe 2:4) e no mundo,
especialmente nos ares que nos rodeiam. (Jo 12:31; 14:30; 2 Co 4:4; Ap
12:4,7-9). Enganando os homens por meio do pecado, exercem grande poder sobre
eles (2 Co 4:3,4; Ef 2:2; 6:11,12); este poder está aniquilado para aqueles que
são fieis a Cristo, pela redenção que ele consumou (Ap 5:9; 7:13,14).
Os anjos não são
contemplados no plano da redenção (1 Pe 1:12), mas no inferno foi preparado o
eterno castigo dos anjos maus (Mt 25:41).
Os anjos maus
são empregados na execução dos propósitos de Satanás, que são opostos aos
propósitos de Deus, e estão envolvidos nos obstáculos e danos contra a vida
espiritual e o bem estar do povo de Deus.
5. A queda dos
anjos
5.1- O fato da
sua queda - Tudo nos leva a crer que os anjos foram criados em estado de
perfeição. No capitulo 1º de Gênesis, lemos sete vezes que o que Deus havia
feito era bom. No ultimo versículo deste capitulo lemos "Viu Deus tudo o
quanto fizera, e eis que era muito bom". Isso certamente inclui a
perfeição dos anjos em santidade quando originalmente criados. Algumas pessoas
acham que Ez 28:15 se refere a Satanás. Se for assim, ele é definitivamente
mostrado como tendo sido criado perfeito. Mas diversas passagens mostram alguns
dos anjos como maus (Sl 78:49; Mt 25:41; Ap 9:11; Ap 12:7-9). Isto se deve ao
fato de terem deixado seu próprio principado e habitação apropriada (Jd 6) e
pecado (2 Pe 2:4). Não há duvida que Satanás tenha sido o chefe da apostasia.
Is 14:12 e Ez 28:15-17 parece lamentar a sua queda.
5.2- A época de
sua queda - Nas Escrituras não há referência de quando ocorreu a queda dos
anjos, mas deixa claro que se deu antes da queda do homem, já que Satanás
entrou no jardim na forma de serpente e induziu Eva a pecar (Gn 3).
5.3- A causa de
sua queda. - De acordo com as Escrituras o universo e a criatura eram
originalmente perfeitos. A criatura tinha originalmente a capacidade de pecar
ou não. Ela foi colocada na posição de poder fazer qualquer uma das duas coisas
sem ser obrigada a optar por uma delas. Em outras palavras, sua vontade era
autônoma.
Portanto,
conclui-se que a queda dos anjos se deu devido a sua revolta deliberada e auto
determinada contra Deus. Grande prosperidade e beleza parecem ser apontadas
como possíveis causas. Em Ez 28:11-19, o rei de Tiro parece simbolizar Satanás
e diz-se que ele caiu devido a essas coisas.
Ambição
desmedida e o desejo de ser mais que Deus parecem ser outra causa. O rei da
Babilônia é acusado de ter essa ambição, ele também parece simbolizar Satanás
(Is 14.13-14).
Em qualquer um
dos casos o egoísmo, descontentamento com aquilo que tinha e o desejo de ter
tudo o que os outros tinham, foi a causa da queda de Satanás e de outros anjos
que o seguiram.
5.4- O resultado
de sua queda - Todos eles perderam a sua santidade original e se tornaram
corruptos em natureza e conduta (Mt 10:1; Ef 6:11-12; Ap 12:9);
Alguns deles
foram lançados no inferno e estão acorrentados até o dia do julgamento (2 Pe
2:4);
Alguns deles
permanecem em liberdade e trabalham em definida oposição à obra dos anjos bons
(Ap 12:7-9; Dn 10:12,13,20,21; Jd 9);
Pode também ter
havido um efeito sobre a criação original. A terra foi amaldiçoada ao pecado de
Adão (Gn 3:17-19) e a criação está gemendo por causa da queda (Rm 8:19-22). Não
é improvável, portanto, que o pecado dos anjos tenha tido algo a ver com a
ruína da criação original no capítulo 1º de Gênesis;
Eles serão, no
futuro, atirados para a terra (Ap 12:8-9), e após seu julgamento (1 Co 6:3), no
lago de fogo e enxofre (Mt 25:41; 2 Pe 2:4; Jd 6).
6. Os demônios -
As Escrituras não descrevem a origem dos demônios. Essa questão parece ser
parte do mistério que rodeia a origem do mal. Porém, as Escrituras dão claro
testemunho da sua existência real e de sua posição (Mt 12:26-28). Nos
Evangelhos aparecem os espíritos maus desprovidos de corpos, que entram nas
pessoas, das quais se diz que têm demônios. Os efeitos desta possessão se
evidenciam por loucura, epilepsia e outras enfermidades, associadas
principalmente com o sistema mental e nervoso (Mt 9:33; 12:22; Mc 5:4,5). O
indivíduo sob a influência de um demônio não é senhor de si mesmo; o espírito
fala através de seus lábios ou emudece à sua vontade; leva-o aonde quer e
geralmente o usa como instrumento, revestindo-o às vezes de uma força
sobrenatural.
Quando examinam
as Escrituras, algumas pessoas ficam em dúvida se os demônios devem ser
classificados juntamente com os anjos ou não; mas não há dúvida de que na
Bíblia, há ensino positivo concernente a cada um dos dois grupos.
Ainda que alguns
falem em "diabos", como se houvesse muitos de sua espécie, tal
expressão é incorreta. Há muitos "demônios", mas existe um único
"diabo". Diabo é a transliteração do vocábulo grego
"diabolos", nome que significa "acusador" e é aplicado nas
Escrituras exclusivamente a Satanás. "Demônio" é a transliteração de
"daimon" ou "daimonion".
6.1- A natureza
dos demônios - São seres inteligentes (Mt 8:29,31; 1 Tm 4:1-3; 1 Jo 4:1 e Tg
2:19), possuem características de ações pessoais o que demonstra que possuem
personalidade (Mc 1:24; Mc 5:6,7; Mc 8:16; Lc 8:18-31);
São seres
espirituais (Lc 9:38,39,42; Hb 1:13,14; Hb 2:16; Mt 8:16; Lc 10:17,20);
São reputados
idênticos aos espíritos imundos, no Novo Testamento;
São seres
numerosos (Mc 5:9) de tal modo que tornam Satanás praticamente ubíquo por meio
desses seus representantes;
São seres vis e
perversos - baixos em conduta (Lc 9:39; Mc 1:27; 1 Tm 4:1; Mt 4:3);
São servis e
obsequiosos (Mt 12:24-27). São seres de baixa ordem moral, degenerados em sua
condição, ignóbeis em suas ações, e sujeitos a Satanás.
6.2- As
atividades dos demônios - Apossam-se dos corpos dos seres humanos e dos
irracionais (Mc 5:8, 11-13);
Afligem aos
homens mental e fisicamente (Mt 12:22; Mc 5:4,5);
Produzem
impureza moral (Mc 5:2; Ef 2:2);
7. Satanás
7.1- Sua origem
- Alguns afirmam que Satanás não existe, mas observando-se o mal que existe no
mundo, é lógico que se pergunte: "Quem continua a fazer a obra de Satanás
durante a sua ausência, se é que ele não existe?"
Satanás aparece
nas Escrituras como reconhecido chefe dos anjos decaídos. Ele era originalmente
um dos poderosos príncipes do mundo angélico, e veio a ser o líder dos que se
revoltaram contra Deus e caíram. De acordo com as Escrituras, Satanás era
originalmente Lúcifer ("o que leva a luz"), o mais glorioso dos
anjos. Mas ele orgulhosamente aspirou a ser "como o Altíssimo" e caiu
"na condenação (Ez 28:12,19; Is 14:12-15). O nome "Satanás"
revela-o como "o adversário", não do homem em primeiro lugar, mas de
Deus. Ele investe contra Adão como a coroa da produção de Deus, forja a
destruição, razão pela qual é chamado Apolion (destruidor), Ap 9:11, e ataca
Jesus, quando Este empreende a obra de restauração. Depois da entrada do pecado
no mundo ele se tornou "diabolos" (acusador), acusando continuamente
o povo de Deus, Ap 12:10. Ele é apresentado nas Escrituras como o originador do
pecado (Gn 3:1,4; Jo 8:44; 2 Co 11:3; 1 Jo 3:8; Ap 12:9; 20:2,10) e aparece
como reconhecido chefe dos que caíram (Mt 25:41; 9:34; Ef 2:2). Ele continua
sendo o líder das hostes angélicas que arrastou consigo em sua queda, e as
emprega numa desesperada resistência a Cristo ao seu reino. É também chamado
"príncipe deste mundo" (Jo 12:31; 14:30; 16:11) e até mesmo "deus
deste século" (2 Co 4:4). Não significa que ele detém o controle do mundo,
pois Deus é quem o detém, e Ele deu toda autoridade a Cristo, mas o sentido é
que Satanás tem sob controle este mundo mau, o mundo naquilo em que está
separado de Deus (Ef 2:2).
Ele é mais que
humano, mas não é divino; tem poder, mas não é onipotente; exerce influência em
grande escala, mas restrita (Mt 12:29; Ap 20:2), e está destinado a ser lançado
no abismo (Ap 20:10).
7.2- Seu
caráter:
Presunçoso (Mt
4:4,5);
Orgulhoso (1 Tm
3:6; Ez 28:17);
Poderoso (Ef
2:2);
Maligno (Jó
2:4);
Astuto (Gn 3:1;
2 Co 11:3);
Enganador (Ef
6:11);
Feroz e cruel (1
Pe 5:8).
7.3- Suas
atividades:
1. A natureza
das atividades:
Perturbar a obra
de Deus (1 Ts 2:18);
Opor-se ao
Evangelho (Mt 13:19; 2 Co 4:4);
Dominar, cegar,
enganar e laçar os ímpios (Lc 22:3; 2 Co 4:4; Ap 20:7,8; 1 Tm 3:7);
Afligir e tentar
os santos de Deus (1 Ts 3:5).
2. O motivo de
suas atividades: Ele odeia até a natureza humana com a qual se revestiu o Filho
de Deus. Intenta destruir a igreja porque ele sabe que uma vez perdendo o sal
da terra o seu sabor, o homem torna-se vítima em suas mãos inescrupulosas.
3. Suas
atividades são restritas: Ao mesmo tempo em que reconhecemos que Satanás é
forte, devemos ter cuidado de não exagerar o seu poder. Para aqueles que crêem
em Cristo, ele já é um inimigo derrotado (Jo 12:31), e é forte somente para
aqueles que cedem à tentação. Apesar de rugir furiosamente ele é covarde (Tg
4:7). Não pode tentar (Mt 4:1), afligir (1 Ts 3:5), matar (Jó 2:6), nem tocar
no crente sem a permissão de Deus.
7.4- Sua atuação
- Não limita suas operações aos ímpios e depravados. Muitas vezes age nos
círculos mais elevados como "um anjo de luz" (2 Co 11:14). Deveras,
até assiste às reuniões religiosas, o que é indicado pela sua presença no
ajuntamento dos anjos (Jó 1:6), e pelo uso dos termos "doutrina de
demônios" (1 Tm 4:1) e "a sinagoga de Satanás" (Ap 2:9).
Freqüentemente seus agentes se fazem passar como "ministros de
justiça" (2 Co 11:15).
7.5- Sua
derrota: Deus decretou sua derrota (Gn 3:14,15). No princípio foi expulso do
céu; durante a grande tribulação será lançado da esfera celeste à terra (Ap
12:7-9); durante o milênio será aprisionado no abismo (Ap 20:1-3), e depois de
mil anos será lançado no lago de fogo (Ap 20:10). Dessa maneira a Palavra de
Deus nos assegura a derrota final do mal.
MATÉRIA 08 -
BATALHA ESPIRITUAL
Introdução:
"Há dois erros
iguais e contrários em que nossa raça pode cair com respeito aos diabos. Um é
não acreditar na sua existência. O outro é acreditar e sentir um interesse
excessivo e insalubre neles." (C.S. Lewis, Screwtape Letters, p.3)
Creio que hoje
mais do que nunca se cumprem estas palavras de C.S. Lewis, temos igrejas que
nem acreditam no diabo e por outro lado temos igrejas que acreditam demais no
diabo. Você está em guerra, não estamos vivendo uma vida de Disneylândia
espiritual, esta guerra acontece 24 horas por dia, Satanás não descansa, não
tira férias, não passa mais tarde.
Hoje a Igreja
vive uma diferente perseguição de Satanás, pois hoje ele está agindo dentro da
Igreja. Durante muitos anos ele agiu fora da Igreja, mandando matar os
cristãos, mas hoje ele está matando os cristãos com as mais variadas heresias.
Pastores estão exorcizando cidades, crentes estão sendo possuídos por demônios.
“Para que
Satanás não alcance vantagem sobre nós”,
pois não lhe
ignoramos os desígnios." (2 Co 2:11)
I - QUEM É O INIMIGO:
Satanás e seus anjos
A.) Terminologia
bíblica: Satanás é achado em 7 livros do A.T., e por cada autor do N.T.:
Satanás:
a.) A.T. hb.
satan, "adversário" do verbo "ficar em emboscada (como inimigo);
opor-se"; satã é usado 15 de 23 vezes para a pessoa de Satanás.
b.) N.T. gg.
satanás é quase sempre o grande adversário de Deus e do homem - o Diabo; das 36
vezes, só três não se referem absolutamente à pessoa de Satanás. (Mt 16:23; Mc
8:33: Jo 6:70).
Diabo: gg.
diábolos, 33 vezes, "caluniador, difamador".
Outros nomes de
Satanás: Nos nomes vemos o caráter de Satanás:
“O grande
dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás”,
"O sedutor
de todo mundo" Ap. 12:9;
"Acusador
dos nossos irmãos, Ap.12:10:
"Lúcifer"
ou "a estrela da manhã" Is.14:12 (cf. 2 Co 11:14: anjo de luz)
"Belzebu"
maioral dos demônios - Mt 12:24
"Maligno"
Mt 13:38
"Belial"
- "sem lei; anárquico; desordenado" 2 Co 6:15
"Tentador"
- Mt 4:3; 1 Ts 3:5
"Inimigo"
Mt 13:28,29
"Homicida"
Jo 8:44
"O Pai da
mentira" Jo 8:44
"O deus
deste século" - 2 Co 4:4
"O Príncipe
da potestade do ar" Ef. 2:2
"O Príncipe
deste mundo" Jo 14:30; 16:11
"O
Abadom" (Hb); "Apoliom" (gg) Ap. 9:11
destruidor;
exterminador" (Abadom = sheol ou hades 3 vezes; a morte 2 vezes;
provavelmente aqui "o anjo do abismo", o rei dos demônios.
Demônios, gg.
daímon 5 vezes: daimónion 60 vezes vb. daimonízomai 13 vezes: fora de 10 vezes,
todos os usos ficam nos Evangelhos. Geralmente = seres espirituais e maus (às
vezes, deuses dos pagãos); provavelmente os demônios sãos os anjos de Satanás
que caíram com ele.
Os demônios tem
personalidade; inteligência (2 Co 11:3); vontade (2 Tm 2:26); emoções (Ap
12:17)
Eles sabem da
sua condenação (Mt 8:29; Lc 8:28-31)
Alguns já estão
encarcerados no abismo e alguns destes serão libertados na grande tribulação (2
Pe 2:4; Jd 6; Ap 9:14; 16:14: Lc 8:31, etc.)
Eles conhecem a
Jesus (Mt 8:29: Mc 1:24)
Eles tem suas
doutrinas e promovem doutrinas falsas (1Tm 4:1-3)
Podem habitar em
homens e animais (Mc 4:24; 5:13)
Eles podem
causar doenças (Mt 9:33; cf. Jo 2:7)
Alguns poderosos
enganam as nações (Dn 10:13; Ap 16:13,14; Is 24:21)
B. Caráter e
Atividade de Satanás:
1.) A pessoa de
Satanás (Ez 28:12,17; Is 14:12-15)
No mundo antigo,
um rei freqüentemente foi deificado e visto como o mediador entre a sua
cidade-país (i.é., Tiro, Babilônia, Roma) e o deus nacional. Nestas passagens,
os profetas falam não somente ao rei, mas ao deus-espírito atrás do rei.
Satanás foi criado
“querubim da guarda ungido, o sinete da perfeição, formoso, poderoso, mas
finito”.
Ele caiu por
causa do orgulho (Is. 14:12-14; Ez 28:15-17 cf.. I Tm 3:6)
O que Satanás
tem, é dado, permitido e limitado pelo Deus soberano.
"O Diabo
acha que ele está livre; mas ele tem um freio na boca e Deus segura as
rédeas"(B.B. Warfield).
2.) Posição de
Satanás:
Ele ainda tem
acesso ao trono de Deus.
(Jo 1:6; 2:1; Zc
3:1-6; Lc 22:31; Ap 12:7-10)
Ele reina sobre
a hierarquia dos demônios.
(Mt 25:4; Ef
6:12: Ap 12:7)
Ele reina sobre
este mundo.
(Lc 4:5,6; 2 Co
4:3;4; Ef 2:1-3; I Jo 5:19-20)
3.) Atividade do
Diabo e seus anjos:
Tentar: (Gn 3:1;
Mt 4:11; 16:23; Lc 22:31; At 5:3; I Co 7:5; I Tm 3:6,7; I Jo 2:16)
Confundir,
enganar, contrafazer, imitar ( I Co 10:20; 2 Co 4:3,4; 11:13-15 (anjo de luz);
2 Ts 2:9; Ap 16:13s; 20:3)
Destruir - (Lc
8:12 (tirar a Palavra); I Pe 5:8; Ap 12:13-17)
Habitação:
"possessão demoníaca" não comunica bem o conceito do gg.
daimonizomenos (Mt 15:22) = "endemoninhado", que é um estado de passividade
humana causada pelos demônios; o controle de alguma forma dum demônio (cf. Mt
12:22-28, 43-45)
Especificamente
contra os cristãos: tenta-os a mentir (At 5:3); à imoralidade (1 Co 7:5);
semeia o joio para enganar e atrapalhar (Mt 13:38s; 1 Ts 2:18); perseguição (Ap
2:10); difamação e calúnia (Ap 12:10); cria problemas físicos (2 Co 12:7-10)
Qual a diferença
entre Opressão Satânica e Possessão Demoníaca?
Possessão é
Demoníaca e Opressão é Satânica:
Na Possessão a
vítima é dominada pelo demônio, corpo, alma e espírito.
O crente que
estiver andando com Deus em fé e obediência não pode ser possuído de um
espírito demoníaco, cf: (Ap 3:20; Rm 12:1;2; II Co 5:17; Jo 3:3-5; Ef 1:13-14;
Jo 14:23-30; Jo 14:16; II Co 2:16: 12-13; 1 Co 3:16-18; 1 Co 6:19-20; Rm 8:9-10;
1 Jo 5:19; Jo 14:30).
Opressão - todos
os cristãos são alvos de Satanás para cairmos numa vida de pecado, por isso
muitos cristãos podem sofrer, cf. (E 6:13; Tg 4:7)
Obsessão
demoníaca - é um ataque mais intenso de ataque demoníaco (II Co 12:7-10).
II - QUEM É O
VENCEDOR? O poder do Sangue de Cristo
A.) O que Cristo
fez na cruz: 17 cumprimentos
"Porque
Jesus Cristo é Deus e homem, a Sua morte na cruz tem valor infinito para todos
que crêem" (F.Schaeffer)
Substituição:
Ele morreu no nosso lugar (Lv 1:4; Mt 20:28; Tm 5:6-8; 2 Co 5:15-21; 1 Pe 3:18)
Redenção: pagou
o preço para libertar-nos (At 20:28; Rm 3:24; Ef 1:7; 1 Pe 1:18-19)
Propiciação:
satisfez a ira santa de Deus contra os pecados (Rm 3:25; Hb 2:17; 1 Jo 2:2)
Reconciliação: o
homem pode ser amigo de Deus (Rm 5:10,11; 2 Co 5:18-21; Ef 1:10; 2:16)
Justificação: a
justiça de Cristo é imputada a nós (At 13:39; Rm 3:19-26; 5:9; 8:30,31; 2 Co
5:21; Ef 1:4)
Base do perdão
dos pecados antes da cruz (Rm 3:25; Hb 9:15; 10:1-14)
O fim da lei
Mosaica; agora há "a lei de Cristo", a lei do Espírito. Rm 3:19-28;
6:14; 8:2-4; 10:4; 13:8s; 2 Co 3:6-17: Gl 3:19-25; Fp 3:3; Cl 2:14; I Jo 3:23)
Base da adoção
como filhos e herdeiros maduros - Rm 8:14-17; Gl 3:23-26; 4:1-7.
Base da obra do
Espírito Santo em nós - Jo 3:1-7; 16:8-11; I Co 12:13; Ef 1:13-14; 4:30; 5:18)
Base da
santificação - posicional e experimental - I Co 1:2; 6:11; Ef 5:26-27; I Ts
4:3; I Pe 1:15-16.
O juízo da natureza
pecaminosa: quebrou o poder controlador do pecado; podemos viver vidas que
agradam a Deus. Rm 6:1-14; Gl 5:13-25.
Base do perdão
dos pecados do crente: filhos que caem da comunhão com Deus devido ao pecado.
Rm 8:1s; I Jo 1:7; 2:2.
Jesus é o
primogênito do processo da morte, ressurreição, ascensão e glorificação que nós
seguiremos (I Co 15:12-23; Cl 1:18; I Ts 4:13-17: Hb 2:9-15; I Jo 3:1,2.)
Base da redenção
da natureza. Rm 8:18-22; Is 65:17-25; Ap 21:1s.
Base da
purificação das coisas no céu - Hb 9:22-24 (cf. 8:1-5; 9:11)
A cruz é a base
do juízo dos incrédulos - o dom da salvação rejeitado - Jo 16:8-11, cf. Jo
3:14-18,36; 2 Ts 1:6-11; Ap 20:11-15.
Na cruz, o
pecado, a morte e Satanás foram vencidos:
o pecado - I Jo
5:18-19; cf. n.11 acima
a morte - Jo 5:24-27;
I Co 15:55-57; Hb 2:14-15; Ap 20:14
Satanás e os
demônios - Jo 12:31-33; Hb 2:14,15; Ap 20:10
B. Os Juízos de
Satanás e seus anjos:
Satanás e os
anjos perderam sua posição no céu (Ez 28:16)
Ele foi julgado
profeticamente no jardim do Éden
(Gn 3:16)
Cristo veio a
primeira vez para destruir as obras do maligno. (I Jo 3:8; 5:18; Cl 2:14,15)
Quando Cristo
voltar, Satanás receberá um castigo temporário dum mil anos no abismo (Ap
20:1-3)
No fim do
milênio, no juízo final, Satanás e os seus anjos serão lançados no lago de fogo
e enxofre para eternidade. (Ap 20:10)
III - COMO
DEVEMOS LUTAR?
Três passos à
vitória
A. Observações
Iniciais:
1.. Satanás é
feroz: "A razão pela qual muitos cristãos falham por toda vida é esta:
eles sub-estimam o poder do inimigo. Temos um inimigo terrível com quem temos
que lutar. Não deixa Satanás nos enganar. Pois assim estaremos mortos! Isto é
guerra. Quase tudo que nos rodeia (neste mundo) nos desvia de Deus. Não
saltamos do Egito ao trono de Deus num pulo só. Há um deserto, uma viagem, e há
inimigos na terra." (D.L.Moody, cf. I Pe 5:8)
2.. Satanás é
finito: não é onipotente, onipresente ou onisciente. Geralmente, no sentido
direto, o diabo e os seus demônios não nos tentam diariamente. Claro, o mundo
está controlado espiritual e moralmente por satanás. Mas tentação vem
principalmente da nossa própria carne: cobiça, orgulho, concupiscência, falta
de autocontrole, etc. (Tg 1:13-16; 4:1-8)
3.. Satanás e os
demônios são limitados por Deus. O Senhor os permitem ser ativos, mas a graça
que restrita não deixa-os fazer tudo que quiserem (Jó 1:6 , 2:7; Lc 22:31; 2 Co
12:7-9). Em qualquer situação. “... Deus é fiel, e não permitirá que sejais
tentados além das vossas forças... (mas) com a tentação vos proverá
livramento..." (I Co 10:13). Cristo, nosso Sumo-Sacerdote, constantemente
intercede por nós - Jo 17:15; Hb 7:25: I Jo 2:1-2.
Passo Um: Pureza
1. Cristo
adquiriu nossa pureza na cruz. Apesar de falhas nas nossas vidas - das quais
satanás gosta de nos acusar (Zc 3:1-5; Ap 12:10) - somos posicionalmente puros,
vestidos na justiça de Jesus Cristo. Satanás não pode tocar nossa salvação, nem
nos separar do amor de Deus (Rm 8:38,39); temos uma posição de aceitação e
autoridade em Jesus Cristo. (Rm 8:1; Ef 1:6)
2.. Mas devemos
buscar a santidade, experimentalmente realizando Sua chamada alta. O pecado na
vida nos destrói, abrindo a porta para opressão.
Seja santificado
pela Palavra - Jo 17:17: 2 Tm 3:16
Confessar e
renunciar tudo na nossa vida contra Deus - Ef 4:27; I Ts 4:3 cf. Êx 20:4-6.
Nada disponhais
para a carne - Rm 13:12-14
Chegai-vos a
Deus - Tg 4:8
Passo dois: As
armas de Deus
1.. Revesti-vos
de toda a armadura de Deus, cada peça tem propósito para lutar, e sugere como
satanás ataca.
O largo cinto da
verdade
A couraça da justiça
Calçai os pés
com a preparação do evangelho
O escudo da fé
O capacete da
salvação
2. A espada do
Espírito = a Palavra de Deus (Mt 4:4)
3. O poder
conquistador da oração:
No nome de Jesus
- Jo 14:13,14'; 15:7;16; 16:23-27
Com consciência
pura - Tg 4:2,3; faça sua matricula, 5:16; I Jo 3:21s.
Poder do
Espírito Santo - Rm 8:26s; Ef 6:18; Jd 20s
Com fé - Hb
11:1-6; Mc 11:22-24; Tg 1:5-8; 5:14,15
Com perseverança
- Ef 6:18; Cl 4:2; Lc 11:5-10
Às vezes com
jejum - At 13:2-3; 14:23; Mc 9:29
Passo três: Como
Vencer Satanás e os demônios
1.. Seja sempre
sóbrio e vigilante - 1 Pe 5:8-9a
2.. Quando você
confrontar a presença satânica, não seja tolo. Tome cuidado - Jd 9; 2 Pe 2:10s;
At 19:12-17
3.. Reconheça a
sua autoridade em Jesus Cristo - Lc 9:1; 10:1-20; At 5:16; 8:7; 16:16-18; I Jo
4:4; Mc 16:17.
4.. Também; os
demônios crêem e tremem - Tg 2:19
5..
Imediatamente, no nome de Jesus, peça que o Senhor quebre os poderes de Satanás
e os demônios e limpe a situação. Lembre-se que o Sangue de Cristo é a prova
que Satanás foi conquistado na cruz, e que o seu juízo foi selado.
6. Em casos
graves, ache outros irmãos logo que possível. Junte-se com eles para orar e
resistir ao maligno. Não tente exorcizar ou confrontar sozinho um demônio,
exceto quando é difícil de achar ajuda. Nos casos de habitação demoníaca, seria
sábio em procurar líderes cristãos que tem experiência nisso. Entretanto, você,
bem preparado, pode exorcizar sozinho.
7.
"Sujeitai-vos pois à Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós"(Tg
4:7)
"Eles, pois
o (Acusador) venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do
testemunho que deram, e mesmo em face de morte, não amaram a própria
vida". (Ap 12:11)
MATÉRIA 09 -
ESCATOLOGIA: A DOUTRINA DA ULTIMAS COISAS
Escatologia
significa Doutrina das Últimas Coisas e, portanto, tem como escopo o estudo das
profecias concernentes ao fim desta era e a volta de Cristo.
I. A SEGUNDA
VINDA DE CRISTO
A) Sua
Realidade: Já no tempo dos apóstolos a segunda vinda de Cristo era negada
(IIPe.3:4), e ainda hoje encontramos pessoas que negam a realidade desta
doutrina. Por isso é necessário demonstrar, pelas Escrituras, a sua realidade.
Ela é estabelecida por vários testemunhos bíblicos:
1) Pelo Testemunho dos Profetas
(Zc.14:3-5; Ml.3:1; Ez.21:26,27).
2) Pelo Testemunho de João Batista
(Lc.3:3-6).
3) Pelo Testemunho de Cristo
(Jo.14:2,3).
4) Pelo Testemunho dos Anjos
(At.1:11).
5) Pelo
Testemunho dos Apóstolos (Mc.13:26; Lc.21:27; IJo.3:1-3; Tg.5:7; IPe.1:7,13;
ITs.4:13-18; Hb.9:27).
B) A Natureza da Segunda Vinda:
1) Não é Espiritual:
a) Como a vinda do
Espirito Santo no Pentecostes.
b) Como na conversão do
pecador.
c) Como na conversão do
mundo, pela expansão do cristianismo (Lc.18:8; IITs.2:13-12; ITm.4:1;
Lc.17:26-30).
2) É Literal:
a) Pessoal e
Corporal: A parousia indica presença pessoal (At.1:11; ITs.4:14-17). A palavra
parousia é usada nas seguintes passagens: (Mt.24:3,27,37,39; ICo.1:8;15:23;
ITs.2:19; ITs.3:13;4:15;5:23; IITs.2:1; Tg.5:7; IIPe.1:16;3:4,12; IJo.2:28; e
nas seguintes passagens referindo-se a homens: (ICo.16:17; Fp.2:12;
IICo.10:10).
b) Visível: A
apokalupsis indica a visibilidade da vinda do Senhor
(Ap.1:7,9-11; Mt.24:26,
27,30; Lc.21:27; Tt.2:13; IJo.3:2,3; Is.52:8; Os.5:15).
O termo apokalupsis é usado nas
seguintes passagens: (Rm.8:19; IITs.1:7; IPe.1:7,13;4:13).
Obs.: O termo
epiphaneia (aparição, manifestação) é usado tanto para o primeiro advento (IITm.1:10), como para o segundo (IITs.2:8;
ITm.6:14; IITm.4:1,8; Tt.2:13).
3) É Súbita (Ap.22:7,12,20;
Mt.24:27).
4) É Iminente, do ponto de vista
profético (Tt.2:13; Hb.9:28; ITs.1:9,10; Rm.13:11).
5) É Próxima, do ponto de vista
histórico (Lc.21:28; Mt.16:3;24:33;24:3).
6) Em duas Fases (Sf.2:3).
a) A primeira fase: O
arrebatamento da igreja, nos ares (ITs.4:16,17; Jo.14:3); a parousia..
b) A segunda fase: A
revelação ao mundo, na terra (IITs.1:7-9;2:7,8; Cl.3:4; Ap.1:7; Jl.3:11; ITs.3:11;
Zc.14:4,5; Jd.14).
7) Analogias: Há na Bíblia algumas
analogias interessantes a estes dois aspectos da segunda vinda.
a) Davi: A volta
de Davi da outra banda do Jordão depois de Abraão e seus seguidores terem sido
derrotados, a ida de Judá ao seu encontro, e a volta dos dois juntos para
Jesuralém (IISm.19:10-15,40; IISm.20:1-3).
b) Joiada: A
revelação particular de Joiada aos capitães e aos cários, e sua revelação
pública um pouco mais tarde (IIRs.11:4-12).
c) Pedro: O
encontro de Pedro com Jesus, andando sobre as águas. Pedro foi até Ele, e os
dois voltaram juntos para o barco (Mt.14:22-34).
d) Paulo: Quando
Paulo aproximou-se de Roma, os irmãos foram ao seu encontro e todos voltaram
juntos para a capital (At.18:15,16).
e) Isaque: O
encontro de Isaque com Rebeca (Gn.24). Neste trecho Abraão é um tipo de um Rei
que faria o casamento de seu Filho (Mt.22:2). O Servo anônimo um tipo do
Espirito Santo, que não fala de si mesmo, mas das coisas do Noivo para
conquistar a noiva (Jo.16:13,14), e que enriquece a noiva com presentes do
Noivo (ICo.12:7-11; Gl.5:22-23), e que traz a noiva ao encontro do Noivo
(At.13:4;16:6-7; Rm.8:11; ITs.4:14-17). Rebeca é um tipo da igreja, a virgem
noiva de Cristo (Gn.24:16; IICo.11:2; Ef.5:25-32). Isaque, um tipo do Noivo, a
quem não havendo
visto, a noiva
ama através do testemunho do Servo anônimo (IPe.1:8), e que sai ao encontro de
Sua noiva para recebê-la (Gn.24:63; ITs.4:14-17). Estes incidentes não provam a
teoria, mas ilustram a dupla natureza da volta de Cristo.
8)
Pré-Tribulacional: A primeira fase (Ap.3:10).
9)
Pré-Milenista: A primeira e segunda fase (IITm.2:12).
C) Os Sinais Precedentes
da Segunda Vinda:
1) Sinais nos
Céus (Lc.21:25a).
2) Sinais na
Terra (Lc.21:25b; Mt.19:28;24:6-8).
a) Terremotos
(Mt.24:7).
b) Pestes
(Mt.24:7).
c) Guerras e
fome (Mt.24:7).
d) Progresso
científico (Dn.12:4; Na.2:4).
e) Apostasia
(ITm.4:1; IITm.4:1-4; IIPe.2:1,2).
f) Tempos
difíceis (IITm.3:1-5; Tg.5:1-8).
II. A TRIBULAÇÃO - Imediatamente após o
arrebatamento da igreja inicia-se um período de tempo, na terra, que a Bíblia
chama de tribulação.
A) Tipos de
Tribulação: Os teólogos se dividem em três diferentes correntes
1)
Mid-Tribulacionistas: Os defensores desta opinião acreditam que a igreja vai
passar pela primeira metade da tribulação, e será arrebatada no meio (mid) dos
dois períodos de três anos e meio cada. Seus defensores citam At.14:22 para
fundamentar esta opinião.
2)
pós-tribulacionistas: Estes acreditam que a igreja passará por todo o período
da tribulação, e será arrebatada apenas após a tribulação, por ocasião da
segunda vinda de Cristo. Eles não distinguem a segunda vinda em duas
fases.
3)
Pré-Tribulacionistas: Os defensores desta doutrina acreditam que a igreja não
passará pela tribulação, pois será arrebatada antes que ela se inicie(Ap.3:10;
Rm.5:9; ITs.1:10;5:9)
B) O Período da
Tribulação: Segundo as Escrituras o período da tribulação é de sete anos, um
período que será abreviado por causa dos eleitos (Mt.24:22).
1) Identificado
com a 70 semana: A tribulação é também chamada de septuagésima semana de
Daniel. Deus revelou a Daniel que 70 semanas de anos (Ez.4:5,6; Gn.29:27;
Lv.25:8; Dn.9:2,24) estavam determinada sobre Israel. Estas 70 semanas
inciaram-se com a volta de Neemias e com a reconstrução dos muros e da cidade
de Jerusalém (Dn.9:25; Ne.2:1-8). O sacrifício de Cristo na cruz ocorreu depois
da 69 semanas (Dn.9:25), bem como a destruição de Jerusalém em 70 d.C. A última
semana, ou seja a septuagésima, mencionada em Dn.9:27, ainda não se cumpriu,
demonstrando que há uma quebra na sucessão das semanas, por um período de tempo
indeterminado, entre a 69 e a 70 semana, período este reservado para os gentios
(Lc.21:24).
2) Dividido em
dois Períodos: Esta última semana divide-se em dois períodos de três anos e
meio cada um.
a) Anos: A
expressão "um tempo, tempos e metade de um tempo" (Dn.7:25;12:7;
Ap.12:14) se refere a "um ano, dois anos e metade de um ano", o que
eqüivale a "três anos e meio".
b) Meses: Este período
de três anos e meio eqüivale ao período de "quarenta e dois meses"
mencionado na Bíblia (Ap.11:2;13:5).
c) Dias: O mesmo
período também identificado na Bíblia por dias: "1.260 dias"
(Ap.11:3;12:6; Dn.12:11,12).
3) A Primeira
Metade da Tribulação:
a) Aliança de
Israel com o Anticristo (Dn.9:27; Jo.5:43; Is.28:14-18).
b) As duas
testemunhas (Ap.11;3).
4) A Segunda
Metade da Tribulação: Chamada de grande tribulação ou angústia de Jacó
(Mt.24:21; Jr.30:7; Dn.12:1).
a) Perseguição
aos judeus (Ap.11:2;12:6,14).
b) Perseguição
aos convertidos (Ap.7:13,14).
c) A besta
política, o Anticristo (Ap.13:1-10).
d) A besta
religiosa, o Falso Profeta (Ap.13:11-18).
e) Os 144.000
judeus (Ap.7:4-8;14:1-5).
f) Abominação
desoladora (Dn.9:27;12:11; Mt.24:15; Ap.13:14,15; IITs.2:9).
III. O MILÊNIO - Depois da tribulação Cristo
voltará à terra com Seus santos e inaugurará o reino milenial (Ap.20:2-7). A
palavra millennium vem do latim mille e annus que significa mil anos. O termo
grego usado na Bíblia é chiliasm (quiliasmo).
A) Tipos de
Milênio:
1) Amilenistas:
Os que defendem esta posição não crêem na literalidade do reino milenial. Para
eles o milênio é uma realidade puramente espiritual, que se estende do primeiro
advento ao segundo advento de Cristo, período este que já se completou quase
2.000 anos, e que culminará na grande tribulação para restauração da igreja e o
progresso do testemunho do evangelho.
2)
Pós-Milenistas: Tal como os amilenistas, os pós-milenistas colocam a segunda
vinda e o arrebatamento da igreja depois do milênio e da tribulação. eles
identificam a tribulação com a revolta de Gogue e Magogue (Ap.20:8,9). Os
pós-milenistas
acreditam que a história avança em direção à cristianização do mundo pela
igreja, e que haverá um milênio futuro de duração indeterminada.
3)
Pré-Milenistas: Para estes o milênio é futuro e literal de mil anos na terra,
que vem precedido pela tribulação, e é posterior a segunda vinda. Há dois tipos
de pré-milenismo, a saber:
a) Pré-Milenismo
Histórico: Colocam o milênio depois da tribulação, mas crêem que a tribulação
será um período breve e indeterminado de aflição.
b) Pré-Milenismo
Dispensacionalista: Estes vinculam a tribulação à 70 semana de Daniel, e,
assim, baseado nela, consideram a sua duração por um período de sete anos.
B) A Natureza do
Milênio:
1) Cristo
Reinará (Zc.14:9).
2) Davi Reinará
(Ez.34:23,24;37:24; IICr.13:5; At.15:16).
3) Os Crentes
Reinarão (Dn.7:18; Ap.5:10).
4) Haverá
Justiça (Is.32:1; Sl.66:3;81:15; Zc.14:17-19).
5) Haverá
Conhecimento de Deus (Is.11:9; Jr.31:34).
6) Haverá Paz
(Is.2:4;9:6,7).
7) Haverá
Prosperidade (Is.35:1,2;51:3; Am.9:13).
8) Haverá
Longevidade de Vida (Is.65:20;33:24).
IV. AS
RESSUREIÇÕES
A) Ensinada pelo Antigo Testamento (Jó
19:25-27; Sl.16:9-11;17:15; Is.26:19; Os.13:14; IIRs.4:32-35;13:20,21
IRs.17:17-24; Dn.12:2).
B) Ensinada pelo Novo Testamento
(Jo.5:21,28,29; IPe.1:3 At.26:8,22,23;23:6-8; Jo.6:39,40,44,54;
Lc.14:13,14;20:35,36; ICo.15:22,23; ITs.4:14-16; Fp.3:11; Ap.20:4-6,13,14;
Jo.11:41-44; Lc.7:12-15;8:41,42,49-56; Mt.27:52,53; Mt.28; Jo.20).
C) A Natureza da Ressurreição:
1) Universal
(Jo.5:28,29).
2) Dupla
(Dn.12:2; Ap.20:4,5).
a) A primeira
ressurreição: Em cinco etapas:
- Cristo: as
primícias (ICo.15:23a; Mt.27:52,53).
- Igreja:
pré-tribulacionista (talvez representada por Enoque Hb.11:5;ICo.15:23b;
ITs.4:13-15).
- Duas
testemunhas: mid-tribulacionista (Ap.11:11).
- Mártires da
grande tribulação e santos do Antigo Testamento: pós-tribulacionista (Dn.12:1;
Is.26:19; Ez.37:12-14; Ap.20:4).
- Salvos do
milênio: pós-milenista.
b) A segunda
ressurreição (Jo.5:29b; Ap.20:5a,12-14).
D)
Características do Corpo Ressuscitado:
1) Do Crente:
a) Identificado
com o corpo sepultado (Jó 19:25-27; Lc.24:31; At.7:55,56).
b) Semelhante ao
de Cristo (IJo.3:2).
c) Real
(Lc.24:39).
d) Livre de
limitações terrenas (Jo.20:19).
2) Do Incrédulo:
Mortal e corrupto (Mt.5:29;10:28; Ap.20:12,13;21:8; Gl.6:7,8).
V. OS
JULGAMENTOS:
A) O Juiz:
1) Deus
(Rm.1:32;2:2,3,5,6;14:12; Sl.9:7,8;96:13).
2) Cristo
(Rm.2:16;14:10-12; At.17:31; Jo.5:22,23,27; IICo.5:10; At.10:42; IITm.4:1).
3) Os Santos
como Auxiliares (Sl.149:9; Ap.2:26;3:21; ICo.6:2,3).
B) Natureza do
Julgamento:
1) Bema =
Tribunal (ICo.4:5; Ap.22:12; ICo.3:13-15; Jo.5:24; IICo.5:10).
2) Israel
(Sl.50:1-7; Is.1:2,24,26; Ez.20:30-44; Jl.3:2; Ml.3:1,17; Mt.25:31,32;
Zc.14:1,2).
3) Gentios
(Sl.9:7,8;96:12,13; Zc.14:1,2; Mt.25:31,32).
4) Besta e Falso
Profeta (Ap.19:20).
5) Anjos
(Mt.25:41; ICo.6:3; Jd.6; IIPe.2:4).
6) Satanás
(Ap.20:10).
7) Juízo Final =
Trono branco (Ap.20:5a,11; At.24:14; Jo.5:29; Ap.20:12,13,15;21:8;
ICo.4:5;15:28; Hb.9:27; Rm.2:5,6; Mt.12:36; IICo.5:10).
MATÉRIA 10 -
BIBLIOLOGIA: A DOUTRINA DA BIBLIA
I. REVELAÇÃO: É
a operação divina que comunica ao homem fatos que a razão humana é insuficiente
para conhecer. É, portanto, a operação divina que comunica a verdade de Deus ao
homem (ICo.2:10).
A) Provas da
Revelação: O diabo foi o primeiro ser a pôr em dúvida a existência da
revelação: "É assim que Deus disse?" (Gn.3:1). Mas a Bíblia é a
Palavra de Deus. Vejamos alguns argumentos:
1) A
Indestrutibilidade da Bíblia: Uma porcentagem muito pequena de livros sobrevive
além de um quarto de século, e uma porcentagem ainda menor dura um século, e
uma porção quase insignificante dura mil anos. A Bíblia, porém, tem sobrevivido
em circunstâncias adversas. Em 303 a.D. o imperador Dioclécio decretou que
todos os exemplares da Bíblia fossem queimados. A Bíblia é hoje encontrada em
mais de mil línguas e ainda é o livro mais lido do mundo.
2) A Natureza da
Bíblia:
a) Ela é
superior: Ela é superior a qualquer outro livro do mundo. O mundo, com sua
sabedoria e vasto acúmulo de conhecimento nunca foi capaz de produzir um livro
que chegue perto de se comparar a Bíblia.
b) É um livro
honesto: Pois revela fatos sobre a corrupção humana, fatos que a natureza
humana teria interesse em acobertar.
c) É um livro
harmonioso: Pois embora tenha sido escrito por uns quarenta autores diferentes,
por um período de 1.600 anos, ela revela ser um livro único que expressa um só
sistema doutrinário e um só padrão moral, coerentes e sem contradições.
3) A Influência
da Bíblia: O Alcorão, o Livro dos Mórmons, o Zenda Avesta, os Clássicos de
Confúcio, todos tiveram influência no mundo. Estes, porém, conduziram a uma
idéia apagada de Deus e do pecado, ao ponto de ignorá-los. A Bíblia, porém, tem
produzido altos resultados em todas as esferas da vida: na arte, na
arquitetura, na literatura, na música, na política, na ciência etc.
4) Argumento da
Analogia: Os animais inferiores expressam com suas vozes seus diferentes
sentimentos. Entre os racionais existe uma presença correspondente, existe
comunicação direta de um para o outro, uma revelação de pensamentos e
sentimentos. Conseqüentemente é de se esperar que exista, por analogia da
natureza, uma revelação direta de Deus para com o homem. Sendo o homem criado à
Sua imagem, é natural supor que o Criador sustente relação pessoal com Suas
criaturas racionais.
5) Argumento da
Experiência: O homem é incapaz por sua própria força descobrir que:
a) Precisa ser
salvo.
b) Pode ser
salvo.
c) Como pode ser
salvo.
d) Se há
salvação.
Somente a
revelação pode desvendar estes mistérios eternos. A experiência do homem tem
demonstrado que a tendência da natureza humana é degenerar-se e seu caminho
ascendente se sustêm unicamente quando é voltado para cima em comunicação
direta com a revelação de Deus.
6) Argumento da
Profecia Cumprida: Muitas profecias a respeito de Cristo se cumpriram
integralmente, sendo que a mais próxima do primeiro advento foi pronunciada 165
anos antes de seu cumprimento. As profecias a respeito da dispersão de Israel
também, se cumpriram (Dt.28; Jr.15:4;l6:13; Os.3:4 etc); da conquista de
Samaria e preservação de Judá (Is.7:6-8; Os.1:6,7; IRs.14:15); do cativeiro
babilônico sobre Judá e Jerusalém (Is.39:6; Jr.25:9-12); sobre a destruição
final de Samaria (Mq.1:6-9); sobre a restauração de Jerusalém (Jr.29:10-14),
etc.
7)
Reivindicações da Própria Escritura: A própria Bíblia expressa sua
infalibilidade, reivindicando autoridade. Nenhum outro livro ousa fazê-lo.
Encontramos essa reivindicação nas seguintes expressões: "Disse o Senhor a
Moisés" (Ex.14:1,15,26;16:4;25:1; Lv.1:1;4:1;11:1; Nm.4:1;13:1; Dt.32:48)
"O Senhor é quem fala" (Is.1:2); "Disse o Senhor a Isaías"
(Is.7:3); "Assim diz o Senhor" (Is.43:1). Outras expressões
semelhantes são encontradas: "Palavra que veio a Jeremias da parte do
Senhor" (Jr.11:1); "Veio expressamente a Palavra do Senhor a
Ezequiel" (Ez.1:3); "Palavra do Senhor que
foi dirigida a
Oséias" (Os.1:1); "Palavra do Senhor que foi dirigida a Joel"
(Jl.1:1), etc. Expressões como estas são encontradas mais de 3.800 vezes no
Velho Testamento. Portanto o A.T. afirma ser a revelação de Deus, e essa mesma
reivindicação faz o Novo Testamento (ICo.14:37; ITs.2:13; IJo.5:10; IIPe.3:2).
B) Natureza da
Revelação: Deus se revelou de sete modos:
1) Através da
Natureza: (Sl.19:1-6; Rm.l:19-23).
2) Através da
Providência: A providência é a execução do programa de Deus das dispensações em
todos os seus detalhes (Gn.48:15;50:20; Rm.8:28; Sm.57:2; Jr.30:11; Is.54:17).
3) Através da
Preservação: (Cl.1:17; Hb.1:3; At.17:25,28).
4) Através de
Milagres: (Ex.4:1-9).
5) Através da
Comunicação Direta: (Nm.12:8; Dt.34:10).
6) Através da
Encarnação: (Hb.1:1; Jo.8:26;15:15).
7) Através das
Escrituras: A Bíblia é a revelação escrita de Deus e, como tal, abrange
importantes aspectos:
a) Ela é
variada: Variada em seus temas, pois abrange aquilo que é doutrinário,
devocional, histórico, profético e prático.
b) Ela é
parcial: (Dt.29:29).
c) Ela é
completa: Naquilo que já foi revelado (Cl.2:9,10);
d) Ela é
progressiva: (Mc.4:28).
e) Ela é
definitiva: (Jd.3).
II. INSPIRAÇÃO:
É a operação divina que influenciou os escritores bíblicos, capacitando-os a
receber a mensagem divina, e que os moveu a transcrevê-la com exatidão,
impedindo-os de cometerem erros e omissões, de modo que ela recebeu autoridade
divina e infalível, garantindo a exata transferência da verdade revelada de
Deus para a linguagem humana inteligível (ICo.10:13; IITm.3:16; IIPe.1:20,21).
A) Autoria Dual:
Com este termo indicamos dois fatos:
1) Autoria
Divina: Do lado divino as Escrituras são a Palavra de Deus no sentido de que se
originaram Nele e são a expressão de Sua mente. Em IITm.3:16 encontramos a
referência a Deus: "Toda Escritura é divinamente inspirada"
(theopneustos = soprada ou expirada por Deus) . A referência aqui é ao escrito.
2) Autoria
Humana: Do lado humano, certos homens foram escolhidos por Deus para a
responsabilidade de receber a Palavra e passá-la para a forma escrita. Em
IIPe.1:21 encontramos a referência aos homens: "Homens santos de Deus
falaram movidos pelo Espírito Santo" (pherô = movidos ou conduzidos). A
referência aqui é ao escritor.
B) Inspiração ou
Expiração? A palavra inspiração vem do latim, e significa respirar para dentro.
Ela é usada pela ARC. (Almeida Revista e Corrigida) somente duas vezes no N.T.
(IITm.3:16; IIPe.1:21). Este vocábulo, embora consagrado pelo uso, e, portanto,
pela teologia, não é um termo adequado, pois pode parecer que Deus tenha
soprado alguma espécie de vida divina em palavras humanas. Em IITm.3:16
encontramos o vocábulo grego theopneustos que significa soprado por Deus.
Portanto podemos afirmar que toda a Escritura é soprada ou expirada por Deus, e
não inspirada como expressa a ARC. As Escrituras são o próprio sopro de Deus, é
o próprio Deus falando (IISm.23:2). Em IIPe.1:21 este vocábulo se torna mais
inadequado ainda, pois a tradução da ARC. transmite a idéia de que os homens
santos foram inspirados pelo Espírito Santo. O fato é que o homem não é
inspirado, mas a Palavra de Deus é que é expirada (Compare Jó.32:8; 33:4; com
Ez.36:27; 37:9). A ARA. (Almeida Revista e Atualizada), porém, apesar de
utilizar o termo inspiração em IITm.3:16, usa, com acerto, o verbo mover em
IIPe.1:21, como tradução do vocábulo grego pherô, que significa exatamente
mover ou conduzir.
Considerada esta
ressalva, não devemos pender para o extremo, excluindo a autoria humana da
compilação das Escrituras. Ela própria reconhece a autoria dual no registro
bíblico. Em Mt.15:4 está escrito que Deus ordenou enquanto que em Mc.7:10 diz
que foi Moisés quem ordenou. E muitas outras passagens há semelhantes a esta
(Compare Sl.110:1 com Mc.12:36; Ex.3:6,15 com Mt.22:31; Lc.20:37 com Mc.12:26;
Is.6:9,10; At.28:25 com Jo.12:39-41; Mt.1:22;2:15; At.l:16;4:25; Hb.3:7-11;
Hb.9:8;10:15) Deus opera de modo misterioso usando e não anulando a vontade
humana, sem que o homem perceba que está sendo divinamente conduzido, sendo que
neste fenômeno, o homem faz pleno uso de sua liberdade (Pv.16:1;19:21;
Sl.33:15;105:25; Ap.17:17). Desse mesmo modo Deus também usa Satanás (Compare
ICr.21:1 com IISm.24:1; IRs.22:20-23), mas não retira a responsabilidade do
homem (At.5:3,4), como também o faz na obra da salvação (Dt.30:19; Sl.65:4;
Jo.6:44).
C) O Termo
Logos: Este termo grego foi utilizado no N.T. cerca de 200 vezes para indicar a
Palavra de Deus Escrita, e sete vezes para indicar o Filho de Deus (Jo.1:1,14;
IJo.1:1;5:7; Ap.19:13). Eles são para Deus o que a expressão é para o
pensamento e o que a fala é para a razão, portanto o Logos de Deus é a
expressão de
Deus, quer seja na forma escrita ou viva (Compare Jo.14:6 com Jo.17:17).
1) Cristo é a
Palavra Viva: Cristo é o Logos, isto é, a fala, a expressão de Deus.
2) A Bíblia é a
Palavra Escrita: A Bíblia também é o Logos de Deus, e assim como em Cristo há
dois elementos (duas naturezas), divino e humano, igualmente na Palavra de Deus
estes dois elementos aparecem unidos sobrenaturalmente.
D) Provas da
Inspiração: Somos acusados de provar a inspiração pela Bíblia e de provar a
verdade da Bíblia pela inspiração, e, assim, de argumentar num círculo vicioso.
Mas o processo parte de uma prova que todos aceitam: a evidência. Esta,
primeiro prova a veracidade ou credibilidade da testemunha, e então aceita o
seu testemunho. A veracidade das Escrituras é estabelecida de vários modos, e,
tendo constatado a sua veracidade, ou a validade do seu testemunho, bem podemos
aceitar o que elas dizem de si mesmas. As Escrituras afirmam que são
inspiradas, e elas ou devem ser cridas neste particular ou rejeitadas em tudo
mais.
1) O A.T. afirma
sua Inspiração: (Dt.4:2,5; IISm.23:2; Is.1:10; Jr.1:2,9; Ez.3:1,4; Os.1:1;
Jl.l:1; Am.1:3;3:1; Ob.1:1; Mq.1:1).
2) O N.T. afirma
sua Inspiração: (Mt.10:19; Jo.14:26;15:26,27; Jo.16:13; At.2:33;15:28; ITs.1:5;
ICo.2:13; IICo.13:3; IIPe.3:16; ITs.2:13; ICo.14:37).
3) O N.T. afirma
a Inspiração do A.T.: (Lc.1:70; At.4:25; Hb.1:1, IItm.3:16; IPe.1:11;
IIPe.1:21).
4) A Bíblia faz
declarações científicas descobertas posteriormente: (Jó.26:7; Sl.135:7; Ec.1:7;
Is.40:22).
E) Teorias da
Inspiração: Podemos ter revelação sem inspiração (Ap.10:3,4), e podemos ter
inspiração sem revelação, como quando os escritores registram o que viram com
seus próprios olhos e descobriram pela pesquisa (IJo.1:1-4; Lc.1:1-4). Aqui nós
temos a forma e o resultado da inspiração. A forma é o método que Deus empregou
na inspiração, enquanto que o resultado indica a conseqüência da inspiração.
Portanto, as chamadas teorias da intuição, da iluminação, a dinâmica e a do
ditado, todas descrevem a forma de inspiração, enquanto que a teoria verbal
plenária indica o resultado.
1) Teoria da
Inspiração Dinâmica: Afirma que Deus forneceu a capacidade necessária para a
confiável transmissão da verdade que os escritores das Escrituras receberam
ordem de comunicar. Isto os tornou infalíveis em questões de fé e prática, mas
não nas coisas que não são de natureza imediatamente religiosa, isto é, a
inspiração atinge apenas os ensinamentos e preceitos doutrinários, as verdades
desconhecidas dos autores humanos. Esta teoria tem muitas falhas: Ela não
explica como os escritores bíblicos poderiam mesclar seus conhecimentos
sobrenaturais ao registrarem uma sentença, e serem rebaixados a um nível
inferior ao relatarem um fato de modo natural. Ela não fornece a psicologia
daquele estado de espírito que deveria envolver os escritores bíblicos ao se
pronunciarem infalivelmente sobre matérias de doutrina, enquanto se desviam a
respeito dos fatos mais simples da história. Ela não analisa a relação
existente entre as mentes divina e humana, que produz tais resultados. Ela não
distingue entre coisas que são essenciais à fé e à pratica e àquelas que não
são. Erasmo, Grotius, Baxter, Paley, Doellinger e Strong compartilham desta
teoria.
2) Teoria do
Ditado ou Mecânica: Afirma que os escritores bíblicos foram meros instrumentos
(amanuenses), não seres cujas personalidades foram preservadas. Se Deus tivesse
ditado as Escrituras, o seu estilo seria uniforme. Teria a dicção e o
vocabulário do divino Autor, livre das idiossincrasias dos homens (Rm.9:1-3;
IIPe.3:15,16). Na verdade o autor humano recebeu plena liberdade de ação para a
sua autoria, escrevendo com seus próprios sentimentos, estilo e vocabulário,
mas garantiu a exatidão da mensagem suprema com tanta perfeição como se ela
tivesse sido ditada por Deus. Não há nenhuma insinuação de que Deus tenha
ditado qualquer mensagem a um homem além daquela que Moisés transcreveu no
monte santo, pois Deus usa e não anula as suas vontades. Esta teoria, portanto,
enfatiza sobremaneira a autoria divina ao ponto de excluir a autoria humana.
3) Teoria da
Inspiração Natural ou Intuição: Afirma que a inspiração é simplesmente um
discernimento superior das verdades moral e religiosa por parte do homem
natural. Assim como tem havido artistas, músicos e poetas excepcionais, que
produziram obras de arte que nunca foram superadas, também em relação às Escrituras
houve homens excepcionais com visão espiritual que, por causa de seus dons
naturais, foram capazes de escrever as Escrituras. Esta é a noção mais baixa de
inspiração, pois enfatiza a autoria humana a ponto de excluir a autoria divina.
Esta teoria foi defendida pelos pelagianos e unitarianos.
4) Teoria da
Inspiração Mística ou Iluminação: Afirma que inspiração é simplesmente uma
intensificação e elevação das percepções religiosas do crente. Cada crente tem
sua iluminação até certo ponto, mas alguns têm mais do que outros. Se esta
teoria fosse verdadeira, qualquer cristão em qualquer tempo, através da energia
divina especial, poderia escrever as Escrituras. Schleiermacher foi quem
disseminou esta teoria. Para ele inspiração é "um despertamento e excitamento
da consciência religiosa, diferente em grau e não em espécie da inspiração
piedosa ou sentimentos intuitivos dos homens santos". Lutero, Neander,
Tholuck, Cremer, F.W.Robertson, J.F.Clarke e G.T.Ladd defendiam esta teoria,
segundo Strong.
5) Inspiração
dos Conceitos e não das Palavras: Esta teoria pressupõe pensamentos à parte das
palavras, através da qual Deus teria transmitido idéias, mas deixou o autor
humano livre para expressá-las em sua própria linguagem. Mas idéias não são
transferíveis por nenhum outro modo além das palavras. Esta teoria ignora a
importância das palavras em qualquer mensagem. Muitas passagens bíblicas
dependem de uma das palavras usadas para a sua força e valor. O estudo
exegético das Escrituras nas línguas originais é um estudo de palavras, para
que o conceito possa ser alcançado através das palavras, e não para que
palavras sem importância representem um conceito. A Bíblia sempre enfatiza suas
palavras e não um simples conceito (ICo.2:13; Jo.6:63;17:8; Ex.20:1; Gl.3:16).
6) Graus de
Inspiração: Afirma que há inspiração em três graus. Sugestão, direção,
elevação, superintendência, orientação e revelação direta, são palavras usadas
para classificar estes graus. Esta teoria alega que algumas partes da Bíblia
são mais inspiradas do que outras. Embora ela reconheça as duas autorias, dá
margem a especulação fantasiosa.
7) Inspiração
Verbal Plenária: É o poder inexplicado do Espírito Santo agindo sobre os
escritores das Sagradas Escrituras, para orientá-los (conduzi-los) na
transcrição do registro bíblico, quer seja através de observações pessoais,
fontes orais ou verbais, ou através de revelação divina direta, preservando-os
de erros e omissões, abrangendo as palavras em gênero, número, tempo, modo e
voz, preservando, desse modo, a inerrância das Escrituras, e dando à ela
autoridade divina.
a) Observação
Pessoal: (IJo.1:1-4).
b) Fonte Oral:
(Lc.l:1-4).
c) Fonte Verbal:
(At.17:18; Tt.1:12; Hb.1:1).
d) Revelação
Divina Direta: ( Ap.1:1-ll; Gl.1:12).
e) Gênero:
(Gn.3:15).
f) Número:
(Gl.3:16).
g) Tempo:
(Ef.4:30; Cl.3:13).
h) Modo:
(Ef.4:30; Cl.3:13).
i) Voz:
(Ef.5:18)
j) Explicação
dos itens e, f, g, h, i: A inspiração verbal plenária fica assim estabelecida.
Em Gn.3:15 o pronome hebraico está no gênero masculino, pois se refere
exclusivamente a Cristo (Ele te ferirá a cabeça...). Em Gl. 3:16 Paulo faz
citação de um substantivo hebraico que está no singular, fazendo, também,
referência exclusiva a Cristo. Em Ef.4:30 e Cl.3:13 o verbo perdoar
encontra-se, no grego, no modo particípio e no tempo presente, o que significa
que o perdão judicial de Deus realizado no passado, quando aceitamos a Cristo,
estende-se por toda a nossa vida, abrangendo o perdão dos pecados do passado,
do presente, e do futuro (IJo.1:9 trata do perdão do pecado doméstico e não do
judicial). Jesus Cristo reconheceu a inspiração verbal plenária quando declarou
que nem um til (a menor letra do alfabeto hebraico) seria omitido da
lei(Mt.5:18 e Lc.16:l7).
C) O Termo
Logos - Este termo grego foi utilizado
no N.T. cerca de 200 vezes para indicar a Palavra de Deus Escrita, e 7 vezes
para indicar o Filho de Deus (Jo.1:1,14; IJo.1:1;5:7; Ap.19:13). Eles são para
Deus o que a expressão é para o pensamento e o que a fala é para a razão,
portanto o Logos de Deus é a expressão de Deus, quer seja na forma escrita ou
viva (Compare Jo.14:6 com Jo.17:17).
1) Cristo é a Palavra Viva: Cristo é o
Logos, isto é, a fala, a expressão de Deus.
2) A Bíblia é a Palavra Escrita: A Bíblia também é o
Logos de Deus, e assim como em Cristo há dois elementos (duas naturezas),
divino e humano, igualmente na Palavra de Deus estes dois elementos aparecem
unidos sobrenaturalmente.
III. ILUMINAÇÃO:
É a influência ou ministério do Espírito Santo que capacita todos os que estão
num relacionamento correto com Deus para entender as Escrituras (I Cor.2:12;
Lc.24:32,45; IJo.2:27).
A iluminação não
inclui a responsabilidade de acrescentar algo às Escrituras (revelação) e nem
inclui uma transmissão infalível na linguagem (inspiração) daquele que o
Espírito Santo ensina.
A iluminação é
diferenciada da revelação e da inspiração no fato de ser prometida a todos os
crentes, pois não depende de escolha soberana, mas de ajustamento pessoal ao
Espírito Santo. Além disso, a iluminação admite graus podendo aumentar ou
diminuir (Ef.1:16-18; 4:23; Cl.1:9).
A iluminação não
se limita a questões comuns, mas pode atingir as coisas profundas de Deus
(ICo.2:10) porque o Mestre Divino está no coração do crente e, portanto, ele
não houve uma voz falando de fora e em determinados momentos, mas a mente e o
coração são sobrenaturalmente despertados de dentro (ICo.2:16). Este
despertamento do Espírito pode ser prejudicado pelo pecado, pois é dito que o
cristão que é espiritual discerne todas as coisas (ICo.2:15), ao passo que
aquele que é carnal não pode receber as verdades mais profundas de Deus que são
comparadas ao alimento sólido (ICo.2:15;3:1-3; Hb.5:12-14).
A iluminação, a
inspiração e a revelação estão estritamente ligadas, porém podem ser
independentes, pois há inspiração sem revelação (Lc. 1:1-3; IJo.1:1-4);
inspiração com revelação (Ap.1:1-11); inspiração sem iluminação (IPe.1:10-12);
iluminação sem inspiração (Ef.1:18) e sem revelação (ICo.2:12; Jd.3); revelação
sem iluminação (IPe.1:10-12) e sem inspiração (Ap.10:3,4; Ex.20:1-22). E’ digno
de nota que encontramos estes três ministérios do Espírito Santo mencionados em
uma só passagem (ICo.2:9-13); a revelação no versículo 10; a iluminação no
versículo 12 e a inspiração no versículo 13.
IV. AUTORIDADE:
Dizemos que a bíblia é um livro que tem autoridade porque ela tem influência,
prestígio e credibilidade (quanto a pureza na transcrição ou tradução), por
isso deve ser obedecida porque procede de fonte infalível e autorizada.
A autoridade está
vinculada a inspiração, canonicidade e credibilidade, sem os quais a autoridade
da Bíblia não se estabeleceria. Assim, por ser inspirado, determinado trecho
bíblico possui autoridade; por ser canônico, determinado livro bíblico possui
autoridade, e por ter credibilidade, determinadas informações bíblicas possuem
autoridade, sejam históricas, geográficas ou científicas.
Entretanto, nem
tudo aquilo que é inspirado é autorizado, pois a autoridade de um livro trata
de sua procedência, de sua autoria, e, portanto, de sua veracidade. Deus é o
Autor da Bíblia, e como tal ela possui autoridade, mas nem tudo que está
registrado na Bíblia procedeu da boca de Deus. Por exemplo, o que Satanás disse
para Eva foi registrado por inspiração, mas não é a verdade (Gn.3:4,5); o
conselho que Pedro deu a Cristo (Mt.16:22); as acusações que Elifaz fez contra
Jó (Jó.22:5-11), etc. Nenhuma dessas declarações representam o pensamento de
Deus ou procedem dEle (procedem apenas por inspiração), e por isso não têm
autoridade. Um texto também perde sua autoridade quando é retirado de seu
contexto e lhe é atribuído um significado totalmente diferente daquele que tem
quando inserido no contexto. As palavras ainda são inspiradas, mas o novo
significado não tem autoridade.
VI. INERRÂNCIA
OU INFALIBILIDADE: Inerrância significa que a verdade é transmitida em palavras
que, entendidas no sentido em que foram empregadas, entendidas no sentido que
realmente se destinavam a ter, não expressam erro algum.
A inspiração
garante a inerrância da Bíblia. Inerrância não significa que os escritores não
tinham faltas na vida, mas que foram preservados de erros os seus ensinos. Eles
podem ter tido concepções errôneas acerca de muitas coisas, mas não as
ensinaram; por exemplo, quanto à terra, às estrelas, às leis naturais, à
geografia, à vida política e social etc.
Também não
significa que não se possa interpretar erroneamente o texto ou que ele não
possa ser mal compreendido.
A inerrância não
nega a flexibilidade da linguagem como veículo de comunicação. É muitas vezes
difícil transmitir com exatidão um pensamento por causa desta flexibilidade de
linguagem ou por causa de possível variação no sentido das palavras.
A Bíblia vem de
Deus. Será que Deus nos deu um livro de instrução religiosa repleto de erros?
Se ele possui erros sob a forma de uma pretensa revelação, perpetua os erros e
as trevas que professa remover. Pode-se admitir que um Deus Santo adicione a
sanção do seu nome a algo que não seja a expressão exata da verdade?
Diz-se que a
Bíblia é parcialmente verdadeira e parcialmente falsa. Se for parcialmente
falsa, como se explica que Deus tenha posto o seu selo sobre toda ela? Se ela é
parcialmente verdadeira
e parcialmente
falsa, então a vida e a morte estão a depender de um processo de separação entre
o certo e o errado, que o homem não pode realizar.
Cristo declara
que a incredulidade é ofensa digna de castigo. Isto implica na veracidade
daquilo que tem de ser crido, porque Deus não pode castigar o homem por descrer
no que não é verdadeiro (Sl. 119:140,142; Mt.5:18; Jo.10:35; Jo.17:17). Aqueles
que negam a infalibilidade da Bíblia, geralmente estão prontos a confiar na
falibilidade de suas próprias opiniões. Como exemplo de opinião falível
encontramos aqueles que atribuem erro à passagem de I Rs.7:23 onde lemos que o
mar de fundição tinha dez côvados de diâmetro de uma borda até a outra, ao
passo que um cordão de trinta côvados o cingia em redor. Sendo assim, tem-se
dito que a Bíblia faz o valor do Pi ser 3 em vez de 3,1416. Mas uma vez que não
sabemos se a linha em redor era na extremidade da borda ou debaixo da mesma,
como parece sugerir o versículo seguinte (v.24) não podemos chegar a uma
conclusão definitiva, e devemos ser cautelosos ao atribuir erro ao escritor.
Outro exemplo
utilizado para contrariar a inerrância da Bíblia, encontra-se em I Co. 10:8
onde lemos que 23.000 homens morreram no deserto, enquanto que Nm. 25:9 diz que
morreram 24.000. Acontece que em Números nós temos o número total dos mortos,
ao passo que em I aos Coríntios nós temos o número parcial que somado ao
restante dos homens relacionados nos versículos 9 e 10, deverá contabilizar o
total de 24.000.
A inerrância não
abrange as cópias dos manuscritos, mas atinge somente os autógrafos, isto é, os
originais. Desse modo encontramos os seguintes tipos de erros nos manuscritos:
A) Erros
Involuntários: Cometidos pelos escribas do N.T. devido a sua falta ou defeito
de visão, defeitos de audição ou falhas mentais.
1) Falhas de
Visão: Em Rm.6:5 muitos manuscritos (MSS) tem ama (juntos), mas há alguns que
trazem alla (porém). Os dois lambdas juntos deram ao copista a idéia de um mi.
Em At.15:40 onde há eplexamenoc (tendo escolhido) aparece no Códice Beza
epdexamenoc (tendo recebido) onde o lambda maiúsculo é confundido com um delta
maiúsculo.
Há também
confusão de sílabas, como é o caso de I Tm.3:16 onde o manuscrito D traz
homologoumen ôs (nós confessamos que) em vez de homologoumenôs (sem dúvida).
O erro visual
chamado parablopse (um olhar ao lado) é facilitado pelo homoioteleuton, que é o
final igual de duas linhas, levando o escriba a saltar uma delas, ou pelo
homoioarchon, que são duas linhas com o mesmo início.
O Códice
Vaticano, em Jo. 17:15, não contém as palavras entre parênteses: "Não rogo
que os tires do (mundo, mas que os guardes do) maligno". Consultando o
N.T. grego veremos que as duas linhas terminavam de maneira idêntica, em autos
ek tou, no manuscrito que o escriba de B copiava.
Lc. 18:39 não
aparece nos manuscritos 33, 57, 103 e b, devido a um final de frase igual na
sentença anterior no manuscrito do qual eles se derivam.
O Códice
Laudiano tem um exemplo no versículo 4 do Capítulo 2 do livro de Atos: "Et
repleti sunt et repleti sunt omnes spiritu sancto", sendo este em caso de
adição, chamado ditografia, que é a repetição de uma letra, sílaba ou palavras.
2) Falhas de
Audição: Era de costume muitos escribas se reunirem numa sala enquanto um
leitor lhes ditava o texto sagrado. Desse modo o ouvido traía o escriba até
mesmo quando o copista solitário ditava a si próprio. Em Rm. 5:1 encontramos um
destes casos, onde as variantes echômen e echomen foram confundidas. I Pe.2:3
também apresenta um caso semelhante com as variantes cristos (Cristo) e crestos
(gentil), esta última encontrada nos manuscritos K e L.
No grego coinê
as vogais e ditongos pronunciavam-se de modo igual dentro das respectivas
classes. É o caso de ICo.15:54 onde o termo nikos (vitória), foi confundido por
neikos (conflito), sendo que aparece em P46 e B como "tragada foi a morte
no conflito".
Em Ap.15:6 onde
se lê “vestido de linho puro” a palavra grega linon é substituída por lithon
nos manuscritos A e C "vestidos de pedra pura". Desse modo uma só
letra que o ouvido menos apurado não entendeu direito e que produziu completa
mudança de sentido, torna-se erro grosseiro e hilariante.
3) Falhas da
Mente: Quando a mente do escriba o traía, chegava a cometer erros que variavam
desde a substituição de sinônimos, como o caso da preposição ek por apo, até a
transposição de letras dentro de uma palavra, como o caso de Jo.5:39, onde
Jesus disse "porque elas dão testemunho de mim" (ai marturousai) e o
escriba do manuscrito D escreveu "porque elas pecam a respeito de
mim" (hamartanousai).
B) Erros
Intencionais: Erros que não se originaram de negligência ou distração dos
escribas, mas antes de suspeita de alteração, principalmente doutrinária.
1) Harmonização:
Ao copiar os sinópticos, o escriba era levado a harmonizar passagens paralelas.
E’ o caso de Mt.12:13 onde se lê "...estende a tua mão. E ele estendeu; e
ela foi restaurada como a outra". Em alguns manuscritos de Marcos o texto
pára em "restaurada", sendo que em outros o escriba acrescentou as
palavras "como a outra" para harmonizá-lo com Mateus. Outro tipo de
harmonização ocorre quando os escribas faziam o texto do N.T. conformar-se com
o A.T. Por exemplo, em Mc. 1:1 os escribas do W e Bizantinos mudaram "no
profeta Isaias" para "nos profetas" porque verificaram que a
citação não é só de Isaias.
2) Correções
Doutrinárias: Certo escriba, copiando Mt. 24:36 omitiu as palavras "nem o
Filho", pois o escriba sabia que Jesus era onisciente, e deduziu que
alguém havia cometido erro (Alefe, W, Bizantino).
Os manuscritos
da Velha Latina e da Versão Gótica apresentam como acréscimo, em Lc. 1:3, a
frase "e ao Espírito Santo" como "empréstimo" de At.15:28.
3) Correções
Exegéticas: Passagens de difícil interpretação eram alvos dos escribas que
tentavam completar o seu sentido através de interpolação e supressões.
Um caso de
interpolação encontra-se em Mt. 26:15 onde as palavras "trinta moedas de
prata" foram alteradas para "trinta estateres" nos MSS D, a e b,
afim de definir o tipo de moeda mencionada. Mais tarde outros escribas (dos
manuscritos 1, 209 e h) que conheciam os dois textos, juntaram-no produzindo a
frase "trinta estateres de prata".
4) Acréscimos
Naturais ou de Notas Marginais: Determinado leitor do Códice 1518 anotou nas
margens de Tg. 1:5 a expressão êgeumatikês kai ouk anthrôpines (espiritual e
não humana). Quando este Códice foi copiado, o escriba dos manuscritos 603
incluiu esta expressão no texto: "Se alguém de vós tem falta de sabedoria espiritual
e não humana, peça-a a Deus...".
XI.
INTERPRETAÇÃO: É a elucidação ou explicação do sentido das palavras ou frases
de um texto, para torná-los compreensivos.
A ciência da
interpretação é designada hermenêutica, e, em razão de sua abrangência, requer
um estudo especial separado da Bibliologia.
OBs: Por acaso
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pagina para estudar, volte e leia de novo até encontrar a frase (faça sua
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FIM
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